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Tabela 17 Cobertura de esgotamento sanitário via rede geral, total de domicílios brasileiros

Tipo de município Com rede geral Sem rede geral

Municípios que já possuem cobertura via rede geral 19.779.397 14.387.649 Municípios que não possuem cobertura via rede geral 0 10.627.704

Total 19.779.397 25.015.353

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Conclusões

Anos atrás empreendemos no CPS o primeiro estudo sobre acesso a computador doméstico a partir dos microdados das pesquisas domiciliares ibgeanas. O resultado empírico da pesquisa foi monótono: onde a renda é baixa, o acesso a computador também é. Desconfio que com a expansão do crédito popular este mapa pode ter mudado. Propusemos no âmbito das políticas públicas o paradigma do computador coletivo, em contraposição ao computador pessoal como forma de socializar a depreciação decorrente da obsolescência tecnológica.

Estive há duas semanas na Índia com objetivo final de ajudar ao governo de lá traçar agenda de crescimento inclusivo. O meu trabalho foi expor as possibilidades oferecidas pelo Bolsa-Família. Um autentico produto de exportação tupiniquim. Ouvi lá relatos de experiências interessantes indo desde redes de celular em Gana para identificar remédios falsificados, iniciativas para inclusão escolar de meninas no Paquistão pós-Talibã, entre outras ações de ONGs. Lá na Índia conheci uma experiência particularmente interessante: “Hole in the Wall” onde crianças muito pobres tem acesso a computador blindado a céu aberto, acessado por um literal buraco na parede, daí o nome do programa. Fiquei fascinado com as possibilidades oferecidas pela iniciativa, pela sua capacidade de levar a inclusão digital ao mais pobre dos pobres que Mahatma Gandhi se referia. Entretanto, ao lado da parede de computadores havia um tão óbvio quanto desapercebido buraco no chão onde jorrava esgoto a céu aberto. Ficou evidente quanto olhamos para o alto em direção aos computadores do século 21 e quão pouco olhamos para coisas mais básicas como saneamento básico.

Neste ínterim enquanto se cogita no Brasil programas como o "um computador por criança", inspirado na iniciativa americana OLPC "One Laptop Per Child", propomos a iniciativa PDF que não tem nada que ver com software, mas de algo mais básico na vida humana "uma Privada Decente por Família". Talvez pela invisibilidade das externalidades emanadas, do fato das principais vítimas serem crianças sem voz ou voto, a causa do saneamento básico para todos precisa de impulso para vencer os obstáculos da indiferença. Não vale inverter a questão (e a sigla), atribuindo os problemas (e as soluções) do saneamento aos outros. A falta de esgoto de uns, é a falta de esgoto de todos nós. As grandes cidades brasileiras precisam ainda entrar no século XX.

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Pesquisa lançada pela FGV e a ONG Trata Brasil há um ano demosntrou que a taxa de redução anual do nosso déficit de rede geral de esgoto no período de 1992 a 2006 foi de 1,22% por ano, ritmo 1/4 daquele observada ao da pobreza, de 4,2% por ano. Neste passo a meia vida o déficit de saneamento seria aproximadamente 56 anos. Este é o período para a falta de saneamento básico cair a metade. A PNAD 2007, a primeira após o lançamento do PAC, reservou uma forte aceleração da queda do déficit para 5,02% neste ano, o que corresponde a maior redução isolada de todo período da nova PNAD desde 1992. Neste ritmo de 2007 o déficit de saneamento cairia em 25 anos a 27,6% do seu valor inicial, ao passo que ao ritmo assumido entre 1992 a 2006 o valor seria 73,6% dos níveis iniciais. Mas ainda hoje pouco mais da metade da população brasileira, mais precisamente 50,56%, ainda não dispõe de acesso a rede geral de esgoto. Nas grandes cidades est número chega a pouco menos de um terço apesar das fortes economias de escala presentes.

Rio, Baia e Esgoto Enganado

Os portugueses ao aportarem no Rio em janeiro de 1503, acharam que a Baia de Guanabara era um rio, dando o nome a cidade maravilhosa. Mesmo depois da Eco– 92 sediada na cidade do Rio e do Projeto de Despoluição da Baia de Guanabara (PDBG), o acesso a saneamento básico, se arrastava na cidade de 1992 a 2006 (o saneamento subiu de 52,7% para 62,3%). Já Salvador aplicou programa semelhante, o Baia Azul mais do que dobrando o saneamento neste período (de 33,7% para 78,4%). Pois a partir de 2006 o Grande Rio começa a desfazer o engano, e recuperar o atraso do saneamento dando o maior de todas as regiões metropolitanas brasileiras (superando os 70,4% de acesso). Como conseqüência as doença parasitárias caem no último ano, depois de anos de piora.

Ano do Saneamento

No Brasil a falta de saneamento que vinha caindo num ritmo 4 vezes mais lento que o do déficit de renda, leia-se pobreza. Se acelera a partir de 2007 com taxas equiparáveis a da redução de pobreza. A doenças parasitárias cnos bêbês caem no ano de 2007 tanto quanto caíram nos 8 anos anteriores.

Quão intenso foi e deverá ser o crescimento da cobertura de saneamento básico? Quais serão os impactos de uma aceleração do crescimento do saneamento sobre a vida das pessoas, em particular sobre morbidade e mortalidade na infância?

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Que lugares e grupos da sociedade podem ganhar mais com a expansão das redes de coleta e tratamento de esgoto? Afinal de contas qual é o ritmo de oferta de saneamento a luz de diferentes fontes de dados? Como monitorar a cobertura, a qualidade e o custo da oferta do saneamento básico vis a vis a de outros serviços públicos? Como se comporta a inadimplencia e o valor de contas de agua e esgoto nos orçamentos familiares. Como desenhar mecanismos que tornem o ritmo de expansão do saneamento sustentável, em particular na população de renda mais baixa? Como explorar ligações do saneamento com programas sociais como o Bolsa-Família? Estas são algumas perguntas endereçadas pela presente pesquisa.

De maneira geral, os benefícios de qualquer decisão de política devem exceder os seus respectivos custos. Na verdade, o sonho de qualquer gestor de política pública é ter na sua frente um painel de controle, uma espécie de "cockpit" onde todos os custos e benefícios relevantes de suas decisões são avaliados por antecipação. As decisões na prática são tomadas sem bola de cristal, além disso há uma multiplicidade de fontes de informação acerca da cobertura, custos e benefícios do saneamento, daremos destaque a possíveis percalços incorridos no processo de monitoramento comparando prós e contras de diferentes instrumentos de medição. Procuramos suprir parte desta lacuna sistematizando, analizando e difundindo um vasto acervo de informações sobre cobertura, causas e consequencias do saneamento básico.

2008 foi decretado pela ONU como ano internacional do saneamento básico A FGV e a ONG Trata Brasil lançam esta pesquisa sobre saneamento básico como forma de contribuir para a iniciativa global. O sítio da pesquisa www.fgv.br/tratabrasil3, oferece um amplo banco de dados com dispositivos interativos e amigáveis de consulta de dados para cada região.

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ANEXOS:

Indice

I – Análise Empírica

II – Panoramas e Análise Bivariada III – Simuladores e Análise Multivariada

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