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TABELA 19 CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS DE NÍVEL 2 E O ESTADO DE SAÚDE INDIVIDUAL

Saúde Individual Coeficiente de Gini Renda média da unidade Proporção de idosos Coeficiente de Gini -0.01* 1

Renda média da unidade 0.04* 0.21* 1

Proporção de idosos 0.01* -0.23* -0.26* 1

Unidades de menor porte -0.02* -0.13* -0.16* -0.26*

Unidades de porte médio -0.04* 0.28* -0.20* -0.16*

Unidades de maior porte 0.05* -0.19* 0.30* 0.31*

Médicos por mil habitantes 0.04* 0.47* 0.83* -0.12*

*** Significativo a 1%, + não significativo. Fonte: PNAD 93 e PNAD 98.

TABELA 19. CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS DE NÍVEL 2 E O ESTADO DE SAÚDE INDIVIDUAL - 2003

VARIÁVEIS NÍVEL 2 Estado de Saúde Individual Coeficiente de Gini Renda média da unidade Proporção de idosos Coeficiente de Gini 0.01* 1

Renda média da unidade 0.06* 0.31* 1

Proporção de idosos 0.01* -0.32* -0.04* 1

Unidades de menor porte -0.02* -0.19* -0.22* -0.27*

Unidades de porte médio -0.02* 0.03* -0.21* -0.16*

Unidades de maior porte 0.04* 0.07* 0.33* 0.30*

Médicos por mil habitantes 0.06* 0.41* 0.82* 0.11*

*** Significativo a 1%, + não significativo. Fonte: PNAD 98 e PNAD 2003.

A análise apresentada neste capítulo refere-se à correlação simples entre a medida de saúde e as características individuais e de contexto. No próximo capítulo apresentaremos os resultados estimados pelo modelo logit multinível, que, além de ser uma análise controlada, considera também a característica hierárquica das informações. Ressalta-se que na estimação deste modelo, estamos supondo que a relação entre a renda familiar per capita (nível 1) e o estado de saúde é exógena, ou seja, estamos supondo que o estado de saúde é pré-determinado. No entanto, essa hipótese não prejudica nossa análise à medida que não estamos preocupados em avaliar o efeito da renda sobre o estado de saúde, mas apenas controlá-lo na análise para testar se a desigualdade de renda afeta o estado de saúde individual. No caso da distribuição de renda (nível 2), como consideramos uma defasagem de cinco anos desses indicadores em relação ao estado de saúde auto avaliado, se existe alguma endogeneidade entre essas variáveis supõe-se que esse efeito estaria sendo controlado.

4. RESULTADOS

Neste capítulo apresentamos os resultados dos dois modelos estimados. A primeira seção analisa o impacto do estado de saúde sobre a distribuição de rendimentos individuais e sobre o percentual da população com rendimentos abaixo da linha de pobreza para o ano de 2003. A comparação entre os anos de 1998 e 2003, realizada na subseção 4.1.3, evidencia que os resultados são bastante similares. A análise é realizada para o total da amostra e por grupos de idade e sexo, desagregando para cada um dos efeitos descritos anteriormente: efeito participação, efeito do número de horas

ofertadas de trabalho e efeito produtividade. Estimamos também os três efeitos

conjuntamente, obtendo-se assim o efeito total da saúde sobre a distribuição de rendimentos.

Na segunda seção, discutimos os resultados estimados pelo modelo multinível, que procura mensurar o impacto da desigualdade de renda sobre o estado de saúde.

4.1. RESULTADOS DO MODELO 1: COMO A SAÚDE AFETA A DISTRIBUIÇÃO DE RENDIMENTOS INDIVIDUAIS

4.1.1 O IMPACTO DO ESTADO DE SAÚDE SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE RENDIMENTOS INDIVIDUAIS

Nessa subseção discutimos os resultados referentes ao impacto do estado de saúde sobre a distribuição de rendimentos individuais. Este impacto é obtido a partir da comparação entre o índice de desigualdade de rendimentos simulados com o índice de desigualdade de rendimentos observados. Para a realização desta análise, construímos dois indicadores: Coeficiente de Gini e o Índice de T-Theil. Neste capítulo enfatizamos os resultados obtidos através do coeficiente de Gini, por este ser um indicador comumente utilizado na literatura e de fácil interpretação. Os resultados, em termos qualitativos, são bastante robustos aos indicadores de distribuição de renda utilizados, ou seja, para a maioria dos subgrupos analisados, o sinal de causalidade da relação entre desigualdade de renda e saúde independe da medida de distribuição de renda utilizada. A principal diferença refere-se à magnitude deste efeito, sendo mais acentuada quando a desigualdade de rendimentos é mensurada pelo índice de T-Theil.

A análise é realizada primeiramente para os indivíduos com 10 anos ou mais de idade. Posteriormente, os resultados são também estratificados por sexo e pelos seguintes grupos etários: 10 a 17, 18 a 24, 25 a 59 e 60 anos e mais. A distinção

segundo esses subgrupos populacionais é importante para considerar as diferentes escolhas que cada grupo de idade e sexo se depara ao decidir participar da força de trabalho. Para os indivíduos com 10 a 24 anos, como ainda não completaram seu ciclo de estudos, o conjunto de escolhas inclui também a decisão de estudar. Para o grupo etário entre 25 e 59 anos, a decisão freqüentemente restringe-se entre participar ou não da força de trabalho, enquanto que para os idosos, a decisão em geral, também envolve a escolha entre se aposentar e permanecer no mercado de trabalho ou se aposentar e sair do mercado de trabalho.

Além disso, o impacto da saúde é diferenciado entre esses subgrupos por estar muito associado ao ciclo de vida e por afetar homens e mulheres de forma diferente. As mulheres, em todos os grupos de idade, apresentam menor probabilidade de morrer,

embora reportem mais morbidades, especialmente nas idades reprodutivas77.

Os resultados encontrados neste trabalho revelam a presença do efeito da saúde sobre a distribuição de rendimentos. Analisando os indivíduos acima de 10 anos de idade, observamos um efeito total da saúde igual a 2,08% (tabela 20). Se eliminássemos as diferenças entre saudáveis e doentes na probabilidade de participar da força de trabalho, na quantidade ofertada de trabalho e na produtividade, observaríamos uma redução de 2,08% na desigualdade de rendimentos. A magnitude desse valor é significativa, e equivale a 69.33% da variação observada no coeficiente de Gini na

década de 90.78 Esses resultados sugerem que a perda de rendimentos salariais devido

ao efeito da saúde precária sobre os rendimentos individuais contribui para aumentar a

desigualdade de renda79. Comparando a média de rendimentos salariais simulados com

a média dos rendimentos observados, verificamos uma perda média igual a 30,6%

devido ao efeito total da saúde80.

Dos três efeitos analisados, o que apresenta a maior magnitude é o efeito participação, tendo em vista a exclusão dos indivíduos da força de trabalho determinada

77

Aquino, Menezes e Amoedo, 1992.

78

Entre 1990 e 1999 o coeficente de Gini e o índice de Theil se reduziram 3 e 8% respectivamente.

79

Para calcular o efeito total e o efeito participação, os índices de desigualdade de rendimentos observados e hipotéticos são mensurados considerando os rendimentos iguais a zero apenas dos indivíduos que hipoteticamente participam da força de trabalho. Se considerássemos na análise todos os indivíduos cujo rendimento é igual a zero, o efeito total da saúde sobre a distribuição de rendimentos seria igual a -0,81%, ou seja, se eliminássemos as diferenças entre saudáveis e doentes na probabilidade de participar da força de trabalho, na quantidade ofertada de trabalho e na produtividade, observaríamos uma redução no coeficiente de gini igual a 0,81%. Entrentanto, quando incluímos todos os indivíduos na análise, o efeito da saúde pode estar subestimado uma vez que nem todos os indivíduos doentes desocupados estariam trabalhando ainda que a probabilidade de trabalhar fosse a mesma entre doentes e saudáveis. Esses resultados encontram-se no anexo 8.

80

por um estado de saúde precário. Considerando os indivíduos acima de 10 anos de idade, observamos que o impacto do estado de saúde sobre a distribuição de rendimentos, devido o seu efeito sobre a participação no mercado de trabalho, é igual a 1,68% (Tabela 20).

Analisando o efeito produtividade e do número de horas ofertadas de trabalho, o impacto da saúde sobre a distribuição de rendimentos é bem menor. Neste caso, se eliminássemos as diferenças entre doentes e saudáveis na produtividade e na quantidade ofertada de trabalho, observaríamos uma redução de apenas 0,02% e 0,35% no coeficiente de Gini, respectivamente. (Tabela 20).

TABELA 20. IMPACTO DA SAÚDE SOBRE A DESIGUALDADE DE