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TABELA D PEDIDOS DOS MANDADOS DE SEGURANÇA

3 O MANDADO DE SEGURANÇA: UM ESTUDO DE CASO

TABELA D PEDIDOS DOS MANDADOS DE SEGURANÇA

PEDIDOS QUANTIDADE

Centros Supletivos 67,1% processos

Detran-ES 12,7% processos

CBMES 4,6% processos

Faculdades 3,4% processos

Outros 12,2% processos

Obs: Esses dados foram extraídos da Central de Processamento de Dados do Fórum Muniz Freire

Os mandados de segurança impetrados em face dos Centros Supletivos foram propostos por menores assistidos por seus pais, com idade média entre 16 e 18 anos incompletos, na ânsia de conseguirem lutar mais cedo por uma vaga no mercado de trabalho, partindo-se do pressuposto que obteriam o grau de graduação anteriormente àqueles que ainda não haviam conseguido aprovação no ensino superior.

No entanto, para ingressarem na faculdade, era necessário que apresentassem o certificado de conclusão do ensino, o que só seria possível se fossem aprovados nos exames aplicados pelos Centros Supletivos. Estes, por sua vez, não aplicavam os exames para os candidatos que contassem com menos de 18 anos, por expressa determinação legal.

Por essa razão, os impetrantes pleiteavam o direito de se inscrever nos Centros

BUENO, Cassio Scarpinella. Aspectos polêmicos e atuais do mandado de segurança. São Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 55).

Supletivos para a realização dos exames e para a aquisição do certificado de conclusão do ensino fundamental, para então apresentar esse documento de conclusão às instituições de ensino superior para o qual tinham sido aprovados e efetuar a matrícula.

Dos processos examinados, 34,1% receberam sentença favorável, 27,1% foram julgados improcedentes e 38,8% foram extintos, sem julgamento de mérito, verificando-se o maior índice de ajuizamento de ação no ano de 2002.

Com relação à extinção do processo sem julgamento de mérito, deve-se destacar que o Código de Processo Civil, em seu artigo 267, enumera as diversas hipóteses em que o Juiz pode encerrar o processo sem se pronunciar sobre a matéria objeto do pedido.

No caso dos mandados de segurança analisados, verificou-se que os processos tiveram como principais causas de extinção a desistência da ação82 por parte do impetrante; a

inércia da parte em promover o andamento do processo83, o não pagamento das custas

processuais e o erro na formulação das iniciais ou na indicação da autoridade coatora 84

.

As decisões que julgaram favorável o pedido dos impetrantes entenderam ser dever do Estado a educação, de acordo com o artigo 208, inciso V da Constituição Federal, já que é garantia do cidadão o acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa, da criação artística, segundo a capacidade de cada um, sendo inadmissível impor qual- quer limitação, principalmente pela faixa etária.

82

Quando o autor desistir da ação, o mérito não pode ser apreciado, devendo o Magistrado proceder à extinção do processo, sem ingressar no exame do mérito. A desistência da ação nada tem a ver com o direito material discutido, razão pela qual esta pode ser reproposta em processo futuro (NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado e legislação processual civil extravagante em vigor. 6. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 595).

83

Depois de um ano paralisado, a contar do último ato processual, o Juiz pode extinguir o processo sem julgamento de mérito, independente de alegação da parte, de que não houve negligência de sua parte (NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado e legislação processual civil extrava-

gante em vigor. 6. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 592). 84

Para que o Juiz possa aferir a quem cabe a razão do processo, deve examinar questões preliminares, que dizem respeito ao próprio exercício do direito de ação (condições da ação) e à existência de regulari- dade da relação jurídica processual (pressupostos processuais). As condições da ação, legitimidade das partes, interesse processual e possibilidade jurídica do pedido, possibilitam ou impedem o exame do mé- rito (NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado e legislação processual civil ex-

Embora haja previsão legal de limitação da idade para conclusão do ensino fundamen- tal, deve-se tomar o cuidado de evitar ficar restrito ao sentido literal e abstrato do co- mando legal. É preciso trazê-lo à realidade por meio da interpretação, e atento ao prin- cípio da razoabilidade, até mesmo porque a Lei 5.692/71, em seu artigo 14, §4º, estatui que os sistemas de ensino poderão admitir a adoção de critérios que permitam avanços progressivos dos alunos pela conjugação dos elementos de idade e aproveitamento.

Dessa forma, com base na fundamentação exposta, determinava-se a inscrição do impetrante no Centro de Estudos Supletivos, determinando que lhe fosse aplicado o exame supletivo especial para que, obtendo o certificado de conclusão daquele curso, pudesse proceder à matrícula para o curso em que tinha sido aprovado.

Concedida a segurança, o ato administrativo já começava a produzir seus regulares e jurídicos efeitos, assegurando o ingresso do impetrante na universidade. Afastá-lo do ensino superior é violar o direito subjetivo consubstanciado no exame vestibular seletivo já de alguns anos realizado, onde foi aprovado. Essa é a tese do fato consumado para situações já consolidadas e estabilizadas no tempo, que foi adotada por um longo período nos tribunais brasileiros.

Em contrapartida, as decisões denegatórias da segurança fundamentam que o impetrante que ainda não completou 18 anos não tem direito à matrícula em curso supletivo, haja vista que não houve a implementação do requisito relacionado à idade mínima, não podendo realizar os exames respectivos sem o atendimento dessa exigência.

No intuito de comparar as ações mandamentais relativas aos Centros de Estudos Supletivos impetradas em Vara da Fazenda Pública Estadual, utilizaram-se também os mandados de segurança da Vara da Fazenda Pública Estadual de Cachoeiro do Itapemirim.

A escolha do Município de Cachoeiro de Itapemirim também obedece ao critério subje- tivo da facilidade de acesso aos registros dos processos, já que autora dessa disserta- ção atua na referida Vara como Magistrada. Sabe-se que o Código de Organização Ju-

diciária prevê a existência de 2 Varas da Fazenda Pública Estadual, que foram utiliza- das na análise do caso concreto, e 1 Vara da Fazenda Pública Municipal e de Registro Público, e com competência em matéria de Meio Ambiente.

O Município de Cachoeiro de Itapemirim faz parte da Justiça de primeira instância, sen- do considerado de terceira entrância da carreira da magistratura estadual, juntamente com seus cartórios e serventias oficializados ou não.

TABELA E - MANDADOS DE SEGURANÇA IMPETRADOS CONTRA O CENTRO DE