• Nenhum resultado encontrado

Embora para muitos os tablets não passem de uma moda passageira, o seu atual sucesso é inegável. O iPad, em apenas 11 meses vendeu cerca de 15 milhões de unidades, tornando-se assim no gadget mais comprado de sempre num período de tempo similar (Bullas, 2011). Muitas vezes, novidades tecnológicas têm maior aceitação entre jovens. No entanto, este não é o caso dos tablets e, segundo um estudo levado a cabo pelo Pew Research Center's Project for Excellence in Journalism em colaboração com o The

Economist Group nos Estados Unidos (Mitchell, Chirstian, & Rosentiel, 2011), o seu maior público

encontra-se entre os 30 e os 40 anos de idade. Geralmente, são pessoas com graus de educação elevados,

Figura 9 – À esquerda, o Samsun Galaxy Note 10.1 (Samsung, 2012)com o Android; à Direita, o Microsoft Surface, com o Windows 8 (Microsoft, 2012b)

com empregos estáveis e bom rendimento financeiro. São pessoas mais atentas às notícias, tendo a maioria preferência por as ler no jornal ou ouvir na rádio do que as ver na televisão. Cerca de 30% dos inquiridos do estudo diz passar mais tempo a ler notícias após ter adquirido um tablet e dizem que a razão para tal é o facto de terem encontrado novas fontes de informação (embora algumas delas até sejam de entidades bastante conhecidas como a CNN ou o USAToday).

Para além do mercado dos jornais, as revistas também estão a ser afetadas pelos tablets, havendo estudos que indicam já um grande fluxo de negócio neste setor. Em 2011, a revista New Yorker Magazine teve cerca de 20.000 pessoas a comprar a assinaturas anuais e vários milhares a adquirirem números individuais. Esta revista tem já cerca de 100.000 leitores no iPad. Talvez estes números se expliquem pela experiência que o dispositivo possibilita, sendo que 42% dos inquiridos por um estudo da Gartner4 nesse

mesmo ano foram da opinião que a leitura neste formato é tão simples como na versão impressa e 52% consideram-na até melhor (Yudu, 2011).

A leitura de notícias é das atividades mais frequentes com o iPad. No entanto, num estudo pelo

Nielsen Norman Group sobre a usabilidade do tablet da Apple (Budiu & Nielsen, 2011), verificamos que

ainda mais popular é o seu uso para jogar, consultar emails, aceder a redes sociais e ver vídeos. Relativamente aos jogos, um facto curioso é que, em 2010, das aplicações exclusivas para iPad da AppStore, esta categoria vem em primeiro lugar com 833 itens disponíveis, em comparação com “entretenimento” no segundo posto, só com 260 (Yudu, 2010).

Neste estudo temos também conhecimento de que os tablets são dispositivos partilhados. Os inquiridos que não viviam sozinhos disseram partilhar o tablet com a restante família, nomeadamente com as crianças da casa, que o usavam para jogar e ver vídeos. Alguns referiram até ter aplicações instaladas que nem conheciam, por não terem serem suas. Embora pensado como um dispositivo portátil concebido para acompanhar o utilizador no seu dia-a-dia, verificamos também no estudo do NNGroup (Budiu & Nielsen, 2011) que só metade leva o seu tablet sempre consigo. Os restantes usam-no em casa ou levam-no para uma viagem longa ou se vão para algum sítio onde preveem ter períodos de espera demorados. Em casa, são muito usados durante outras atividades como ver televisão ou já na cama, antes de dormir (The Nielsen Company, 2011).

Segundo um estudo da The Nielsen Company (2010), o iPad era o gadget que as crianças americanas entre os 6 e os 12 anos mais queriam receber na Black Friday de 2010. Mas porque gostarão tanto as crianças de tablets? Tim Fidgeon (2011), refletindo sobre algumas das características psicológicas gerais das crianças, apresenta possíveis razões que podem estar por trás desta atração. As crianças gostam de se sentir em controlo do ambiente e a fácil interação do tablet dá-lhes essa sensação, principalmente pela facilidade com que aprendem a usá-lo. A possibilidade de interagirem com a informação que estão a consumir é também uma mais-valia, visto que preferem tarefas em que possam participar ativamente. Os tablets oferecem também uma grande variedade de atividades, entre as quais se pode mudar rapidamente, conseguindo assim atrair as crianças durante mais tempo, contrariando os seus típicos curtos períodos de concentração. Por outro lado, as crianças também gostam de repetição (cantam a mesma canção ou querem assistir ao mesmo filme várias vezes) e dada a facilidade com que interagem e escolhem o que fazer com o

tablet, têm maior facilidade em repetir atividades. Outro ponto que pode provocar o interesse é o facto de

estarem a tentar copiar os pais, dada a sua tendência em imitar os adultos. Durante testes de usabilidade reparou-se que muitos dos inquiridos tocavam no ecrã, mesmo não esperando qualquer resposta. Isto justifica-se porque os humanos têm prazer em tocar e isso está bastante patente no comportamento das crianças, que adoram tocar, agarrar ou puxar e brincam com todos os objetos que encontram.

Os estudantes do secundário e universitários também estão a aderir bastante aos tablets, tendo o seu uso triplicado entre estes jovens em 2011 nos Estados Unidos. Explicam a sua preferência com a mais-valia de poderem transportar ali todos os seus livros, permitindo poupar dinheiro, tempo e até o ambiente. Para além disso, usam-no para tirar notas, estudar e pesquisar na net, sendo muito rápido alternar entre essas atividades (Quinn, 2012).

No estudo referido anteriormente sobre o impacto dos tablets no consumo de notícias, quando questionados sobre a sua opinião sobre o dispositivo (Mitchell, Chirstian, & Rosentiel, 2011), cerca de 82% dos participantes tinha pelo menos um ponto positivo a indicar, ao passo que apenas 42% tinha um negativo. Gostavam do tablet acima de tudo porque lhes permitia ter uma série de fontes num mesmo local, a rapidez com que conseguem aceder a um site e a sua portabilidade, possibilitando usá-lo em locais onde não usariam um laptop.

Documentos relacionados