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Tabulação e análise dos dados

Com a altura e o peso pré-gravídico, foi realizada uma avaliação nutricional anterior à gestação, através do Índice Massa Corporal (IMC) (Kg/m2), utilizando-se os critérios de classificação da WHO (1997):

 Baixo peso IMC < 18,50

 Normal (Eutrofia) IMC 18,5 - 24,99

 Pré-obesidade (Sobrepeso) IMC ≥ 25-29,99  Obeso classe I IMC 30 - 34,99

 Obeso classe II IMC 35 - 39,99  Obeso classe III IMC ≥ 40,00

O ganho de peso durante a gestação foi avaliado através da curva de ganho de peso para a idade gestacional recomendada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2000). Nesta curva as mulheres são classificadas dentro de um intervalo

de percentis (p). O ganho de peso é considerado insuficiente quando localizado abaixo de p10 e excessivo quando acima de p90.

O estado nutricional pós-parto foi avaliado com base no Índice de Massa Corporal, de acordo com os mesmos critérios da WHO (1997), já citados.

Para as medidas da cintura e da relação cintura/quadril foram utilizados os parâmetros da WHO (1998), que estabelece para diagnóstico de normalidade em mulheres uma circunferência de cintura < 88cm e uma relação cintura/quadril < 0,85. Quanto ao percentual de gordura corporal, considerou-se normal < 30%. Esse ponto de corte tem sido sistematicamente usado na definição de obesidade em mulheres (BRAY, 1989), considerando a ausência de definição de obesidade em mulheres no pós-parto.

A retenção de peso pós-parto foi calculada pela diferença entre o peso com seis semanas e seis meses pós-parto e o peso pré-gestacional. O possível ganho ou perda de peso no pós-parto foi calculado pela diferença entre o peso com seis semanas e seis meses pós-parto e o peso no pós-parto imediato.

Os dados referentes ao consumo alimentar foram transformados em gramas, mediante padronização constante em Pinheiro et al. (2000). Utilizou-se o Programa DietWin Profissional 2.0, para a análise dos nutrientes. Os alimentos foram analisados quanto à quantidade total de calorias, proteínas, carboidratos e lipídios. Optou-se por analisar somente calorias e macronutrientes devido à possível influência dos mesmos sobre a retenção de peso no pós-parto, referida por diferentes autores, como citado na Introdução do presente estudo.

Para dividir o consumo calórico em categorias, utilizou-se a recomendação do Institute of Medicine (IOM, 2005), que é de 1800 a 2803 Kcal para lactantes. As mulheres foram categorizadas de acordo com esse consumo em < 1800Kcal, 1800 – 2803 e > 2803Kcal.

Para avaliar a influência dos macronutrientes, estes foram dicotomizados em intervalos utilizando-se os critérios estabelecidos pelo JOINT WHO/FAO (2003), descritos a seguir:

1. Hidratos de carbono (em relação ao total calórico) • < 55% - insuficiente

• 55 – 75% - adequada • >75% - excessiva

2. Proteínas (em relação ao total calórico) • < 10% - insuficiente

• 10 – 15% - adequada • > 15% - excessiva

3. Lipídios (em relação ao total calórico) • < 15% - insuficiente

• 15 – 30% - adequada • > 30% - excessiva

A lactação foi definida de acordo com a Organização Mundial de Saúde (WHO/UNICEF, 1992): aleitamento materno exclusivo (sem água, chá ou suco), aleitamento predominante (a criança recebe água, chá ou suco, mas não alimentos/comida), aleitamento parcial (a criança recebe leite artificial e alimentos/comida, água, chás e suco) e aleitamento artificial (não recebe leite materno).

A prática de atividade física foi avaliada com a versão curta do

International Physical Activity Questionnaire - IPAQ, um questionário criado por um

grupo internacional, incluindo o Brasil, visando padronizar um questionário a ser utilizado mundialmente. Este questionário já foi validado por estudos brasileiros (CRAIG et al., 2003). O processamento e análise dos dados foram feitos com base em diretriz específica. As mulheres foram categorizadas em 4 grupos de acordo com o escore de atividade física: (a) sedentária (escore zero minutos/semana); (b) atividade irregular (escore entre 1-149 minutos/semana); (c) atividade regular (escore entre 150-999 minutos/semana); e (d) muita atividade (escore > 1000 minutos/semana).

Os dados gerais, descritivos, foram tabulados para apresentação em freqüências simples e percentual, médias e variações.

Os fatores determinantes para retenção de peso no pós-parto foram discutidos tendo por base a literatura internacional e nacional desenvolvida sobre o assunto nos últimos 30 anos. Foram consultados os bancos de dados do MEDLINE e LILACS e utilizou-se o termo “postpartum weight retention” para a busca dos artigos. O período de 30 anos foi estabelecido considerando o número limitado de

estudos mais recentes e a relevância dos primeiros artigos publicados sobre o assunto. Para avaliar a influência dessas covariáveis, encontradas na literatura, sobre a retenção de peso pós-parto foram feitas as seguintes categorizações: faixa etária (20-29, ≥ 30), raça (negra, outras), trabalho na gestação e no pós-parto (não, sim), renda em reais (≤ 1000, 1001 - 4900), escolaridade (≤ fundamental, > fundamental), estado civil (casada+união, solteira), idade da menarca (< 12, ≥ 12 anos), idade da mãe no primeiro parto (< 23, ≥ 23anos), paridade (até 3, ≥ 4 filhos), tipo de parto (cesário, normal), intervalo interpartal em meses (< 21, ≥ 21), consultas pré-natal (< 6, ≥ 6), idade gestacional no início do pré-natal em semanas (≥ 14, 1 – 13), hábito de fumar na gestação e no pós-parto (sim, não), hábito de consumir bebida alcoólica na gestação e no pós-parto (sim, não), atividade física [ativo insuficiente (sedentário ou ativo irregularmente), ativo suficiente (ativo regular ou muito ativo)], peso pré-gravídico (≥ 56Kg, < 56Kg), estatura (≥ 159, < 159cm), gordura corporal no pós-parto (≥ 30%, < 30%), Índice de Massa Corporal (IMC) pré- gravídico e no pós-parto (≥ 25, < 25Kg/m2), número de refeições (< 3, ≥ 3), apetite (aumentou, normal e/ou diminuiu), dieta para perda de peso (não, sim), calorias (≥ 2803, < 2803), proteína (≥15%, <15%), carboidrato (> 75%, ≤ 75%), lipídio (> 30%, ≤ 30%), problema de saúde na gestação e no pós-parto (não, sim), internação da mulher no pós-parto (não, sim), hipertensão gestacional (sim, não), diabetes gestacional (sim, não), peso ao nascer do bebê (≥ 3500, < 3500g), manifestação de sintomas depressivos (não, sim), criança doente (não, sim), criança internada (não, sim), aleitamento materno (parcial + artificial, exclusivo + predominante) e dias em aleitamento exclusivo (<120, ≥120).

Nas análises da presente pesquisa foi tomada como variável dependente a retenção de peso seis semanas e seis meses pós-parto, cujo valor foi dicotomizado em ≤ 7,5Kg e > 7,5Kg, nível este de retenção considerado elevado, sendo, portanto, prejudicial à saúde (KAC, 2002). Não foi preciso avaliar a existência de diferenças entre a coorte e as perdas de seguimento, já que a perda foi considerada muito pequena – 9,1% (10 mulheres). Calculou-se o Odds Ratio (OR) e intervalo de confiança (IC) de 95% para avaliar a influência das covariáveis sobre a variável dependente. Não foi realizada a análise de regressão logística multivariada já que o número de variáveis com significância estatística (p < 0,20) foi pequeno. Para algumas variáveis (Índice de Massa Corporal, percentual de gordura corporal,

circunferência da cintura, calorias e macronutrientes) aplicou-se o teste do Qui- quadrado (χ2) para avaliar sua associação com o tempo pós-parto. Para todas as análises foi fixado um nível de significância de 5%. No processamento dos dados gerais foi utilizado o programa SPSS (Statistical Program of Social Science), versão 11.0.

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