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É também uma questão antiga, desde a década de setenta, oitenta que se fala sobre isso, especialmente por que mudou-se a

abordagem para o comunicativo, daí começa aquela discussão, as discussões mais profundas do ser humano e tudo o mais. De qualquer forma, a comunicação, ela implica necessariamente conhecimento compartilhado. Assim, eu consigo me comunicar com você, porque nós temos conhecimento compartilhado, conhecimento de mundo, conhecimentos de mundo, que é o conhecimento mais geral, tipo, as plantas crescem, o ser humano nasce, morre, aquelas coisas, conhecimentos gerais e conhecimentos mais específicos, nós temos o conhecimento específico na nossa área, que é estudos da linguagem, linguística aplicada e tal. Então, obviamente o conhecimento compartilhado é necessário para uma boa comunicação. Quanto mais conhecimento compartilhado melhor é a comunicação. Quanto menos conhecimento compartilhado, mais difícil é a comunicação, mais espaço você tem para miscommunication, para equívocos de compreensão, não gosto muito disso mas tudo bem. O que eu estou querendo dizer é que, conhecimento compartilhado é cultura, exatamente o que a gente entende como cultura, cultura de um povo é o conhecimento acumulado desse povo, e os membros desse povo, eles têm o que é chamado de cultura, ou seja, cultura é o conhecimento compartilhado dessas pessoas. Agora, como eu disse, conhecimento compartilhado é necessário para a comunicação, portanto, eu preciso entender quem é meu interlocutor, quem é minha audiência, quem é meu leitor, quem é meu ouvinte, para conseguir me entender com ele através do meio que é a língua. Cultura é necessário? Cultura é necessário, todo mundo tem alguma cultura. A cultura do povo falante, que tem o inglês como língua nativa, é necessária? Depende. Se você vem para os Estados Unidos por exemplo, e vai se comunicar com um norte-americano, obviamente é importante você ter o conhecimento compartilhado que eles têm aqui. Todo mundo

sabe que o ser humano nasce, morre, eles também sabem, então a gente já tem muito conhecimento compartilhando, e eventualmente algum conhecimento compartilhado específico que eu precise ter para conseguir me comunicar e ser claro no que eu estou me comunicando. Nesse caso, obviamente eu preciso conhecer um pouco mais da cultura para ter certeza e obviamente há “n” exemplos, que a gente poderia conversar tal, que podem ilustrar que é necessário eu conhecer um pouco da cultura deles. Agora, isso é necessário para o Brasil? Depende do objetivo do curso, depende do objetivo da aprendizagem. Para nossa escola pública, conhecer a cultura norte-americana, bom primeiro a gente teria que discutir: seria a cultura norte-americana, a cultura britânica, a cultura australiana, a cultura canadense, da África do Sul, não é? Qual cultura seria, digamos, focada? Então, essa seria a primeira pergunta se a gente entendesse que a cultura deveria ser ensinada. Cultura de qual povo falante do inglês como língua nativa. Não tenho resposta para isso, teria que, ou ensinar todas as culturas, ou nenhuma. Por que se você escolher uma delas você tem que ter um critério bem defendido para escolher uma delas. Você vai escolher a cultura norte- americana? Por quê? Bom, porque os meus alunos vão viajar para os Estados Unidos. É garantia? Então existe aí uma justificativa. Se isso não acontecer, eu não vejo por que a gente teria que privilegiar uma cultura, em detrimento das outras. Ou se ensina todas ou não se ensina nenhuma. Agora o nosso aluno vai interagir com esses povos? A gente não sabe. Assim, se a gente for olhar a nossa realidade, a maioria não vai ter essa oportunidade. Agora, a maioria não vai ter essa oportunidade, mas se eu não ensino, e um aluno tiver a oportunidade, eu estou negando a ele a oportunidade? Bom, se um aluno dentre duzentos vai ter essa oportunidade, ele senta na casa dele e faz uma pesquisa na internet. E aprende sobre a cultura dos Estados Unidos. Ele consegue ser muito mais específico em relação as necessidades dele. Então assim, tentando wrapup, se eu acredito que é necessário conhecer a cultura, eu acredito que é necessário conhecer cultura, e todos nós já conhecemos cultura, e esse conhecimento compartilhado que nós temos atualmente, ele é, digamos, noventa e tantos por cento compartilhado entre todos os povos atualmente representados no mundo. Senão pela própria migração cultural que teve, o Brasil tem várias etnias, então a gente já conhece um pouco do italiano, judeu, enfim já conhece um pouco dessas culturas e tudo o mais, se não por essas migrações, mas pela televisão, que já, de uma certa forma, globaliza a cultura, que faz essa cultura mundial ser uma cultura semelhante. Todo mundo acorda de manhã, todo mundo toma café da manhã, todo mundo almoça, todo mundo janta, todo

mundo dorme, todo mundo faz quase tudo igual. Então essa cultura já é compartilhada em grande parte. Há diferenças? Há diferenças. Isso é expresso na língua? É expresso na língua. Quando necessário, então o aluno deve aprender. O professor deve ensinar? Não sei. O aluno quando necessário, vai aprender. É diferente você falar I‟mgonnacutmyhair, de I‟mgonnaget a haircut, que acho que isso expressa uma diferença cultural bem grande. Por causa do do it yourself, que faz parte da cultura norte-americana. Eles fazem muitas coisas, I‟mgonnagetthecarfixed.I‟mgonnafixthe car. I‟mgonnafixthecarem português significa, alguém vai consertar o carro por mim. Nos Estados Unidos significa “eu vou consertar o carro”. Agora isso também está mudando no Brasil porque antigamente era assim, atualmente não mais. Também está mudando no Brasil. Vou limpar a casa, antigamente tinha “bom, minha casa está limpa”, implica o quê? Que a faxineira limpou? Que a empregada limpou? Há bem pouco tempo atrás no Brasil, implicava isso. Atualmente, já não implicava mais, implica que a gente próprio limpa a casa. Então, são coisas que obviamente interferem na comunicação e que devem ser conhecidos para uma boa comunicação. E devem ser ensinados em sala de aula, devem fazer parte do currículo? Eu, se tivesse o poder de escolher o currículo, não colocaria a cultura nele. Mesmo por que, qual cultura? Sempre trabalharia com o inglês mais geral, e que é necessário deixar para que o aluno pesquise no momento que isso passe a ser necessário para ele.

Gustavo: Que aspectos culturais você acredita que devem ser construídos nas aulas de inglês?

Participant 4: Que aspectos culturais? É difícil dizer, não é? Quais

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