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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.4 Tarifa de Energia Elétrica

De acordo com MME (2018), a tarifa de energia elétrica é a composição de valores que representam cada parcela dos investimentos e operações técnicas realizadas pelos agentes da cadeia de produção e da estrutura necessária para que a energia possa ser utilizada pelo consumidor. Ou seja, a tarifa representa, portanto, a soma de todos os componentes do processo industrial de geração, transporte (transmissão e distribuição) e comercialização de energia elétrica, acrescidos ainda pelos encargos direcionados ao custeio da aplicação de políticas públicas.

Fonte: ANEEL (2018)

O processo de transporte da energia elétrica é realizado em duas etapas: transmissão e distribuição.

Na transmissão, a energia é transportada no trajeto que compreende a usina geradora até a concessionária distribuidora de energia.

O pagamento do uso do sistema de transmissão é feito por meio da aplicação das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão – TUST, reajustadas anualmente.

A distribuição, por sua vez, permite que a energia seja entregue ao consumidor final, tendo seu custo representado por meio da Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição – TUSD.

Conforme determina o inciso XVIII do art. 3º da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, compete à Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL definir as tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição.

Quanto aos encargos setoriais, estes são instituídos por leis e repassados aos consumidores como forma de garantir o equilíbrio econômico financeiro contratual, em decorrência dos custos não gerenciáveis suportados pelas concessionárias distribuidoras. Os encargos setoriais que compõem a tarifa são:

• Conta de Desenvolvimento Energético – CDE;

• Programa de Incentivo à Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA;

• Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos – CFURH;

• Encargos de Serviços do Sistema – ESS e de Energia de Reserva – EER;

• Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica – TFSEE;

• Pesquisa e Desenvolvimento – P&D e Programa de Eficiência Energética – PEE; e

• Contribuição ao Operador Nacional do Sistema – NOS. Figura 11 - Composição da tarifa de energia elétrica

Para fins de cálculo tarifário, os custos da distribuidora são classificados em dois tipos:

• Parcela A: Compra de Energia, transmissão e Encargos Setoriais; e • Parcela B: Distribuição de Energia.

A contribuição de cada uma destas parcelas no custo final da energia elétrica é apresentada na Figura a seguir:

Figura 12 – Valor final da energia elétrica

Fonte: ANEEL (2018)

4.4.1 ICMS sobre a tarifa de energia elétrica

O ICMS é regulamentado pelo código tributário de cada estado, ou seja, o legislativo estadual, dentre outras coisas, as alíquotas que incidirão sobre as tarifas de energia elétrica. A distribuidora, por sua vez, tem a tarefa de realizar a cobrança do ICMS direto na fatura e repassá-lo ao governo estadual.

Alguns estados adotam alíquotas distintas, as quais levam em consideração a classificação do consumidor (residencial ou comercial) e, até mesmo, a quantidade de energia consumida.

A fim de facilitar a análise para todos os estados, serão consideradas as alíquotas de ICMS para as tarifas de consumidores residenciais que possuam um consumo médio mensal superior à 500 KWh.

A Figura a seguir apresenta as alíquotas de ICMS praticadas por cada estado sobre as tarifas de energia elétrica:

4.4.2 PIS COFINS sobre a tarifa de energia elétrica

De acordo com MME (2018), a aplicação dos tributos federais PIS (Programas de Integração Social) e COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) foi alterada, com elevação no valor da conta de energia. Com a edição das leis nº 10.637/2002, 10.833/2003 e 10.865/2004, o PIS e a COFINS tiveram suas alíquotas alteradas para 1,65% e 7,6%, respectivamente, passando a serem apurados de forma não cumulativa. Dessa forma, a alíquota média desses tributos passou a variar com o volume de créditos apurados mensalmente pelas concessionárias e com o PIS e a COFINS pagos sobre custos e despesas no mesmo período, tais como a energia adquirida para a revenda ao consumidor.

Com a instituição da cobrança não cumulativa do PIS através da lei nº 10.637/2002(MP nº 66/2002), a alíquota passou de 0,65% para 1,65%.

Com a edição da MP 135/2003, e sua conversão na Lei 10.833/2003, foi também instituída a cobrança não cumulativa para a COFINS, alterando para 7,6% o percentual da alíquota.

Esta forma de tributar o PIS e a COFINS torna difícil a tarefa de prever as alíquotas destes tributos, pois, para cada mês, estas devem ser calculadas com base no volume de créditos apurados pelas concessionárias, bem como pelas despesas e custos ao longo dos respectivos meses. Portanto, diante da dificuldade de se obter os dados referentes às alíquotas do PIS e da COFINS praticadas mensalmente por cada uma das 27 concessionárias de energia elétrica que possuem concessão para operar nas capitais brasileiras, este trabalho desconsiderará a contribuição destes tributos sobre as tarifas de energia elétrica, praticadas pelas concessionárias.

Com relação ao tributo ICMS, foram consideradas as alíquotas praticadas sobre o serviço de distribuição de energia elétrica, conforme disposto nos códigos tributários de cada um dos estados da federação.

De acordo com Rennyo Nakabayashi (2014), no período de 1995 a 2013, a tarifa de energia elétrica com impostos, referentes à classe residencial, evoluíram

sempre acima da inflação, medida pelo IPCA, conforme apresenta o gráfico que segue:

Fonte: Rennyo (2014)

Ao longo deste período, a evolução da tarifa média com impostos foi de 9,9% ao ano, frente a uma evolução de 6,4% ao ano do IPCA, considerando-se a média geométrica deste indicador ao longo deste período. A Tabela que segue apresenta os referidos dados:

1995 - 2004 2005 - 2012 2012 - 2013 1995 - 2013

Residencial (com impostos) 19,94% 2,50% -15,30% 9,90% Comercial (com impostos) 15,40% 2,30% -13,10% 8,20% Industrial (com impostos) 13,50% 4,80% -13,30% 9,00% Tarifa média (sem impostos) 12,90% 2,70% -13,20% 7,30%

Tarifa média (com impostos) 16,00% 3,30% -13,20% 9,10%

IPCA 7,60% 5,10% 5,90% 6,40%

Rennyo (2014)9

Após este período, entre os anos de 2014 e 2018, acordo com o Relatório de Consumo e Receita da ANEEL10 e CAMERGE (2018), estas tarifas acumularam

10ANEEL. Relatório de Consumo e Receita.2018. Disponível em:

http://relatorios.aneel.gov.br/_layouts/xlviewer.aspx?id=/RelatoriosSAS/RelSampClasseCons.xlsx&So

Figura 13 - Evolução das tarifas de energia elétrica e IPCA de 1995 a 2013

uma variação da ordem de 81,28%, o que corresponde a um reajuste anual médio de 16,03%, enquanto que o IPCA acumulou neste período uma variação de 29,80% ao ano, evoluindo à uma taxa média de 5,35% ao ano, conforme apresenta o estudo da empresa CAMERGE74 .

Tabela 11 - Tarifas residenciais com impostos de 2014 a 2018 (em R$/MWh)

Fonte: Elaborado pelo autor baseado em dados da ANEEL

Com base nos dados apresentados, pode-se afirmar que entre os anos de 1995 e 2018 a tarifa residencial média evoluiu a uma média anual de 9,98%, De acordo com projeções do BANCO CENTRAL DO BRASIL (2018a), a projeção da média geométrica do IPCA para o período de 2018 a 2022 é de 4,07% ao ano.

Tabela 12 - Projeção do IPCA para o período de 2018 a 2022

Ano Projeção (%) 2018 4,43 2019 4,22 2020 4,00 2021 3,95 2022 3,75 Média Geométrica 4,07

Fonte: Banco Central do Brasil (2018)

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