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2.2 Métodos de Custeio

2.2.4 Custeio Baseado em Atividades e Tempo – TDABC

2.2.4.1 Taxa do custo da capacidade

Segundo Horngren, Datar e Foster (2004), a capacidade produtiva geralmente significa uma restrição, um limite superior. Determinar um nível aceitável de capacidade pode ser uma decisão de difícil escolha.

Matz, Curry e Frank (1973, p. 687) elencam os seguintes níveis de capacidade:

Capacidade Teórica: A capacidade teórica de um departamento é sua capacidade

de produzir à plena velocidade, sem interrupções. Atinge-se esta capacidade teórica se a fábrica ou departamento produz 100% de sua capacidade taxada.

Capacidade Prática: Visto como é altamente improvável que qualquer empresa

possa operar à capacidade teórica, é preciso fazer reservas para as interrupções inevitáveis, tais como: perda de tempo para reparos, ineficiências, desarranjos, preparo de máquinas, falhas, materiais insatisfatório, demora na entrega de matérias- primas ou suprimentos, déficits de mão de obra e ausências, domingos, feriados, férias, levantamento de inventário e mudanças de padrão e modelo. Também se deve considerar o número dos turnos de trabalho. Essas concessões reduzem a capacidade teórica a um nível, muitas vezes chamado nível de capacidade prática. Influências internas causam esta redução e não se leva em conta a principal causa externa, a falta de pedidos dos clientes. A redução da capacidade teórica para a capacidade prática oscila tìpicamente de 15% a 25%, o que resulta em um nível de capacidade prática de 75% a 85% da capacidade teórica.

Capacidade Real Esperada: Repetidamente se defende o uso da capacidade real

esperada para cada período. Este conceito da capacidade favorece uma perspectiva de curto prazo. Talvez seja exequível com empresas cujos produtos sejam de natureza sazonal e as alterações de mercado e de estilo permitem ajustamentos de preço, segundo as condições de concorrência e procura por parte do cliente.

Capacidade Normal: A maioria das empresas modifica esses níveis de capacidade,

considerando a utilização da fábrica ou vários departamentos, à luz do atendimento médio das demandas ou vendas comerciais por um período suficientemente longo, para nivelar os altos e baixos que se originam das variações sazonais e cíclicas. Encontrar equilíbrio satisfatório e lógico entre capacidade da fábrica e volume de vendas constitui um dos importantes problemas da administração empresarial.

Conforme os autores, a capacidade teórica ou nominal representa o volume máximo de produção, ou seja, a eficiência total. A capacidade teórica, não leva em consideração qualquer interrupção no processo produtivo devido à manutenção, quebra de máquinas, funcionários, falta de energia ou outros fatores. Por outro lado, a capacidade prática é o resultado da diferença entre a capacidade teórica e as interrupções inevitáveis no processo produtivo. A capacidade prática representa uma meta perseguida pela empresa dentro de suas limitações operacionais, porém, não leva em conta uma retração do mercado.

De acordo com Matz, Curry e Frank (1973), Martins e Rocha (2010), e o Pronunciamento Técnico CPC 16(R1) – Estoques (2009), a alocação dos custos fixos às unidades produzidas deve ser realizada com base na capacidade normal de produção. O nível normal de produção considera a capacidade produtiva (descontando suas restrições) e a demanda do mercado (parcela do mercado que a empresa espera atender em determinado período).

Martins e Rocha (2010) recomendam que, para calcular a capacidade normal da empresa, inicialmente é necessário apurar o volume médio anual de produção e vendas dos últimos três anos; desconsiderando os meses em que o volume tenha sido anormal, ou seja, períodos de retração ou euforia do mercado e eventos que contribuíram para uma baixa produtividade (greves, sinistros, etc.). Posteriormente, é necessário projetar para os próximos 12 meses o volume de produção e vendas. O volume projetado, para os próximos meses deve estar fundamentado em estimativas sobre variáveis ambientais (condições econômicas) e fatores internos da empresa:

- Variáveis ambientais: questões ligadas à análise da economia; haverá redução ou aumento significativo da demanda? Qual o volume projetado de venda da empresa nesse cenário econômico? etc.

- Fatores internos: identificar o tempo não produtivo dos funcionários; o período destinado a manutenção dos equipamentos de produção; restrições e gargalos no processo produtivo, etc.

Conforme os autores, no período que o volume real da produção for inferior ao volume normal, a parcela não absorvida de custo fixo deve ser debitada diretamente no resultado do período, esse custo, denominado Custo da Capacidade Não Utilizada (CCNU), dependendo de sua natureza pode aparecer na Demonstração de Resultado de duas formas: se for um valor irrelevante, após a linha do Custo dos Produtos Vendidos (CPV); caso seja, um valor relevante deve ser reportado depois da linha do Resultado Operacional. Essa forma, de tratamento do CCNU, evita que os produtos sejam superavaliados. A informação do CCNU pode contribuir para a identificação de recursos ociosos, atraindo, desta forma, a atenção dos gestores para a sua redução, eliminação ou posterior utilização.

Para Matz, Curry e Frank (1973) existe uma nítida diferença entre a capacidade ociosa e a capacidade em excesso. A capacidade ociosa é consequência da não utilização (provisória)

dos recursos, tão logo, surja à necessidade, os mesmos entram em uso. Por outro lado, a capacidade em excesso está ligada a uma capacidade maior do que a empresa esperava utilizar.

O descompasso na aquisição de capacidade pode resultar da limitada flexibilidade de adequar a capacidade do ativo que será comprado à capacidade requerida pela empresa. Por exemplo, a empresa pode precisar de uma máquina que processe apenas 4.200 unidades por hora, porém, no mercado a máquina de menor capacidade é de 6.000 unidades por hora.

O custo da capacidade fornecida diz respeito ao custo do departamento, incluindo, a mão de obra direta, mão de obra indireta, equipamentos, custos do espaço utilizado pelos funcionários, etc. De acordo com Kaplan e Anderson (2007), no TDABC, a taxa do custo da capacidade utilizada é determinada conforme a fórmula a seguir:

Taxa do custo da capacidade = Custo da capacidade fornecida

Capacidade prática dos recursos fornecidos

Segundo os autores, a capacidade prática pode ser estudada segundo duas abordagens distintas, como segue:

Estimativa arbitrária: basta presumir que a capacidade prática equivale entre 80% a 85% da capacidade teórica. Portanto, se um funcionário está disponível durante 40 horas semanais, a capacidade prática equivale a 32 horas semanais. Ao considerar 80% de capacidade prática para o funcionário, os 20% restantes do seu tempo podem ser consumidos em intervalos, chegada e saída, comunicação e treinamento.

Analítica: analisa sistematicamente os níveis de atividades dos meses anteriores e identifica o mês de maior produtividade. Verifica se neste mês houve atrasos excessivos, horas extras, má qualidade, etc. Caso não haja eventos relevantes que modifiquem a

capacidade dos recursos consumidos para execução da atividade, esse número pode ser utilizado como ponto de partida.

Conforme os autores, a determinação da capacidade prática dos funcionários envolve parâmetros específicos, em relação a:

- Número médio de dias trabalhados por mês ou ano (iniciar com 365 dias e subtrair os finais de semana, feriados, férias e outros dias não trabalhados);

- Duração da jornada de trabalho;

- Tipo de trabalho dos diferentes funcionários; e

- Tempo médio que o funcionário não está efetivamente disponível para o trabalho.