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Como partimos do estudo das taxas de juro sem risco, para analisar quais os determinantes utilizados pelas agências de notação de risco na atribuição dos níveis de rating aos vários Estados-Membros da Zona Euro, é importante completar a nossa revisão da literatura com um tema muito controverso, mas de especial interesse para a compreensão do que hoje se fala nos media – as euro-bonds.

Alguns autores, tem vindo a estudar a possibilidade de existir uma taxa de juro sem risco comum para a Zona Euro. Desta forma, eliminar-se-iam as diferenças entre os Estados- Membros, visto que, poderia utilizar-se, à semelhança do que é feito para os vários países soberanos, a taxa de juro dos instrumentos de dívida pública, as euro-bonds de que tanto se fala na comunicação social e entre os especialistas.

Para Mayordomo et al. (2011), a possibilidade de uma taxa de juro sem risco comum para os países da Zona Euro tem vindo a atrair o interesse da imprensa financeira e está a receber uma grande atenção por aqueles que são responsáveis pela política europeia. A taxa de juro sem risco comum levaria a potenciais benefícios para a Zona Euro, bem como, a benefícios específicos para os agentes do mercado, tais como emissores e investidores.

Segundo os autores, a emissão de obrigações comuns poderia ter grandes benefícios mesmo para os países com baixo risco de incumprimento, como por exemplo, a Alemanha. Além disso, uma única entidade emitente faria com que os títulos da UEM fossem mais

atraentes para os grandes investidores cambiais, como por exemplo, os Chineses e os Japoneses. Assim, melhoraria a posição do euro, bem como, reduziria os custos dos empréstimos para todos os países que pertencem à UEM.

Mayordomo et al. (2011) afirmaram também que uma taxa de juro sem risco comum não devia implicar o desaparecimento dos títulos individuais soberanos. Muito pelo contrário, deveriam de continuar ambos os tipos de títulos (europeus e dos países que fazem parte da UEM) de forma a andarem de mãos dadas, uma vez que, eles desempenham papéis complementares. Por outro lado, os autores defendem que poderiam existir algumas dificuldades técnicas e institucionais para gerir a emissão dos títulos comuns. Outra desvantagem, é que sempre que a taxa de juros paga no mercado interno é maior do que a taxa de juro sem risco comum, não haveria um incentivo por parte dos governos para reduzirem a sua dívida pública, bem como os seus níveis de défice. Desta forma, iriam contra os limites estabelecidos no Pacto de Estabilidade e Crescimento, uma vez que todos os Estados-Membros têm um limite para os seus défices e para a sua divida pública.

As duas grandes vantagens de uma taxa de juro sem risco comum são, segundo os autores, o facto de poder ser utilizada como referência para medir os benefícios da integração dos mercados financeiros na UEM. Para além desta, e como já foi referido neste trabalho, uma taxa de juro sem risco comum para os países que pertencem à UEM, levaria a uma poupança nos empréstimos obtidos para todos os Estados-Membros, uma vez que, a taxa de juro sem risco produziria uma melhor classificação de liquidez. Para ser autorizado a lucrar com a redução nos custos dos empréstimos obtidos pelos países da Zona Euro, esta taxa comum daria, para cada país da UEM a oportunidade de participar numa emissão de obrigações comuns, por forma a compensar o emissor do título, através da redução do seu risco-país, e consequentemente, apresentar níveis de rating mais elevados. Assim, segundo os mesmos autores, a melhor proxy disponível para medir o risco-país seria o rendimento recebido pela emissão das obrigações comuns. Desta forma, os países que beneficiariam mais com a redução dos custos de financiamento seriam a Grécia, a Irlanda e Portugal. Sendo estes os três países que já foram resgatados financeiramente durante a crise da dívida soberana europeia, e que foram alvo de grandes reduções nos níveis de rating. Por outro lado, a Áustria, a Bélgica, a Alemanha e a França são exemplos de países que iriam

Segundo as estimativas de Adjaouté e Danthine (2003) a redução nos custos de financiamento através de uma taxa de juro sem risco comum para a Zona Euro seriam na ordem dos 5 000 000 000 €. Por sua vez, as estimativas de Mayordomo et al. (2011) evidenciaram que a redução dos custos seria maior que as de Adjaouté e Danthine (2003), ou seja, cerca de 9 020 000 000 €.

Enquanto, para Favero e Von Thadden (2004), a possibilidade da emissão de obrigações conjuntas por países da Zona Euro tem sido repetidamente considerada devido à possibilidade de gerar, sobretudo benefícios de liquidez.

Em suma, os benefícios que um determinado país tem em usar uma taxa de juro sem risco comum é sobretudo uma melhoria na sua classificação de rating (caso apresente um baixo nível de rating) pois o nível de risco estaria diluído por um conjunto de países soberanos. Por outro lado, a taxa de juro sem risco comum não está completamente livre de risco, pois o fator crise influencia o risco global. Desta forma, o risco global pode afetar a política monetária europeia, que ao mesmo tempo, vai afetar o nível da taxa de juro sem risco. Por outro lado, os países em pior situação financeira (países com baixos níveis de rating), afetariam os países que se encontrariam em melhores condições financeiras (países com elevados níveis de rating).

Metodologia

A presente investigação tem como objetivo evidenciar quais os determinantes utilizados pelas agências de notação de risco na atribuição das classificações de rating, bem como analisar se as alterações ocorridas nas classificações de rating são justificadas pelas oscilações das variáveis explicativas. Por outro lado, também pretendemos analisar quais os determinantes que justificam os baixos níveis de rating observados nos países com elevados problemas financeiros, nomeadamente, após o ano 2007. As constantes mudanças nas políticas monetárias executadas pelo BCE e, nas políticas orçamentais praticadas pelos diferentes Estados-Membros contribuem diretamente para que haja diferenças entre eles. Consequentemente, essas diferenças acarretam riscos para os vários Estados-Membros, pois quando as taxas de juro dos títulos emitidos pelos Estados-Membros são muito elevadas, rapidamente despertam o interesse por parte das agências de notação de risco. Portanto, pretendemos com a presente investigação, fornecer indícios explicativos das oscilações nas classificações de rating para cada país da Zona Euro.

Neste capítulo será apresentada a questão de investigação, as variáveis utilizadas no modelo e o procedimento da investigação, bem como a amostra selecionada e, por último, o procedimento da recolha e tratamento dos dados.

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