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meses De 16 a 30 meses De 31 a 45 meses De 46 a 60 meses De 61 a 72 meses

Banco do Brasil S.A. 1,10 a 1,95 1,96 a 2,02 2,02 a 2,05 2,05 2,05

Banco do Nordeste do Brasil S.A. 1,06 a 1,98 1,98 a 2,11 2,11 a 2,14 2,14 2,14

BANESTES S.A. - Banco do Estado do Espírito

Santo 1,50 a 1,75 1,75 a 1,98 1,95 1,95 1,95

Banco Santander (BRASIL) S.A. 1,29 a 2,05 2,05 a 2,08 2,08 a 2,10 2,10 a 2,14 2,14

Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. –

BANRISUL 1,40 a 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco do Estado do Sergipe S.A. – (BANESE) 0,80 a 1,45 1,45 a 1,60 1,60 1,60 a 1,78 1,78

BRB – Banco de Brasília S.A. 1,30 a 1,69 1,30 a 1,69 1,69 a 1,99 1,99 2,19

Caixa Econômica Federal 0,94 a 1,79 0,94 a 1,79 1,79 1,79 1,79

Banco Gerador S.A. 0,88 a 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Arbi S.A. 1,99 1,99 1,99 1,99 1,99

Banco Cifra S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Bradesco S.A. 0,99 a 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

BCV - Banco de Crédito e Varejo S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Paraná Banco S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Cacique S.A. 0,84 a 2,07 2,07 a 2,14 2,07 a 2,14 2,07 a 2,14 2,07 a

2,14

Banco BMG S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Itaú Unibanco S.A. 0,89 a 2,10 2,10 2,10 2,10 2,10

Banco Mercantil do Brasil S.A. 1,69 a 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Safra S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Industrial do Brasil S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Pan S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Ficsa S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Daycoval S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco BGN S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Cooperativo Sicredi S.A 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Cooperativo do Brasil S.A. 1,60 a 1,80 1,80 a 2,12 2,12 2,12 2,14

Sul Financeira S.A. - Crédito, Financiamentos e

Investimentos 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Banco Intermedium S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Parati Credito Finaciamento e Investsimento S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Santinvest S.A. - C.F.I. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Barigui S.A. - Crédito, Financiamento e

Investimentos 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

SOCICRED - Sociedade de Crédito ao

Microempreendedor LTDA 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Cetelem Brasil S.A. - Credito Financiamento e

Investimento 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Crediare S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

LECCA - Crédito, Financiamento e Investimento

S.A. 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Mercantil do Brasil Financeira S.A. - Crédito,

Financiamentos e Investimentos 1,69 a 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Gazincred S.A. Sociedade de Credito,

Financiamento e Investimento 0,99 a 1,99 1,99 1,99 1,99 1,99

Agiplan Financeira S/A - CFI 2,10 2,10 2,10 2,10 2,10

Facta Financeira S.A Credito, Financiamento e

Investimento 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14

Fonte: Ministério da Previdência Social, 2015. Organização: SANTANA, Gleise Campos Pinto, 2016.

Destes, além do Banco do Estado de Sergipe (BANESE), os bancos nacionais como o Banco do Brasil, Banco Itaú, Banco Bradesco, entre outros disponibilizam ofertas de crédito consignado e de crédito rural aos aposentados rurais do campo sergipano.

Conforme o quadro 1, as taxas de juros variam entre 0,80 (Banco do Estado de Sergipe - BANESE) e 2,19 (Banco de Brasília S.A. – BRB), onde cujos empréstimos podem ser divididos entre 1 e 72 meses.

Além dos idosos que se tornam (e se sentem) reféns do capital financeiro, existe um outro lado, que é o do trabalhador vinculado a essas agências financeiras. Esses também são reféns, de uma empresa capitalista que os obriga a bater metas diárias/mensais de créditos feitos. Em muitos casos, esses trabalhadores ficam na porta dos bancos abordando os idosos para oferecer as “vantagens” do consignado.

Em uma visita de campo, realizada em dezembro de 2015 a uma agência financeira na tentativa de conseguir informações acerca do crédito consignado, uma funcionária nos atendeu. Em uma conversa que durou cerca de duas horas, a funcionária afirmou que a meta diária individual é de R$6.000,00 em contratos realizados, sejam eles de empréstimos novos, de refinanciamento e/ou com os “cartões novos”, o chamado cartão consignado.

O refinanciamento trata de idosos que ainda tem um contrato financiado em andamento e decide pegar outro por “cima” daquele. Nesse caso ele consegue pegar àquilo referente ao que está pago e incluso na margem dos 30% permitido. Além disso, quando o aposentado se insere num refinanciamento, aquele valor referente aos meses do primeiro contrato é anulado e a dívida começa a ser paga novamente. Exemplo: um aposentado fez um empréstimo para pagar em 36 meses e quando ele chegou ao pagamento da 11ª parcela, ele resolveu fazer um refinanciamento e a que seria sua 12ª parcela, será a 1ª novamente feita a partir do cálculo dos dois contratos. Ao que parece, cada refinanciamento é mais um super lucro no jogo do capital, que expropria do trabalhador rural aposentado aquilo que lhe foi conquistado como um direito social.

86 Quanto ao cartão consignado, este é mais um meio fácil da expropriação do benefício, uma vez que oferece mais 5% do total de sua renda (além da margem dos 30%) para ser utilizado com crédito ou empréstimo. Esse cartão,

“Todos podem pegar e usar, analfabetos e até quem tem o nome sujo. E o dinheiro sai em dois dias” (funcionária da financeira).

Segundo a funcionária, raros são os idosos que utilizam o cartão consignado como crédito,

“Quase todos fazem uso da margem de 5% do cartão pra pegar mais dinheiro” (funcionária da financeira).

Ainda em conversa com outra funcionária de agência financeira, perguntamos sobre a procura por empréstimos. As respostas são bastante elucidativas:

“Sai bastante, todo dia a gente faz empréstimo”.

“Eles querem, não tem jeito. É por isso que tem que ter os 30%, se não eles ficavam sem nada no fim do mês”.

“Se não houvesse o limite dos 30%? O povo pegava era tudo, comprometia era todo o salário”.

Esse limite ou margem dos 30% é bem articulado por dois motivos: primeiro porque o sistema precisa convencer a população de que o empréstimo é um bom negócio, mas, além disso, o idoso não pode comprometer toda sua renda, afinal ela é necessária no mínimo, à sua subsistência. O Estado e o sistema do capital precisam fazer a população acreditar que eles se preocupam com isso. Mas, acima de tudo, em segundo lugar, comprometer “apenas” 30% da renda permite manter o idoso “alimentado e vivo”, pois assim ele irá se reproduzir e “criar” sempre novas necessidades para a realização do empréstimo. Dentro dessas “novas necessidades” se inclui a possibilidade de que cada benefício pode adquirir seis empréstimos por vez, logo se o idoso for aposentado e pensionista ele pode realizar até doze empréstimos por vez (sejam eles no mesmo banco ou em agências bancárias diferentes).

“Muitos idosos vem pegar o empréstimo escondido, sem seus filhos saberem, por que eles dizem que os filhos pegam o dinheiro e eles nem veem a cor, depois ficam pagando todo mês” (funcionária de agência financeira).

Nesse contexto está a aposentada Srª L. (84 anos de idade) que ao perguntar se ela realizou algum empréstimo, ela lamenta:

“Não sei nem lhe dizer como, mas meu filho pegou um dinheiro lá no banco e depois disso minha aposentadoria parece que ficou menor”.

Outro caso semelhante é o do Srº J. (78 anos de idade). Ele relata que passou cinco anos pagando um empréstimo sem saber de onde veio:

“Fui no banco, ninguém sabia, vou fazer o quê? Tive que pagar”.

Ele lamenta ter passado cinco anos recebendo somente R$500,00 de aposentadoria sem saber sequer o motivo disso.

O aposentado rural muitas vezes sofre devido à falta de conhecimento e o aproveitamento por parte de alguns (inclui-se aí funcionários de banco ou mesmo de agências financeiras, e em alguns casos, até filhos), que acabam por impor ao idoso a pegar um empréstimo. Nessa relação, o trabalhador muitas vezes omite informações acerca do contrato do empréstimo e o idoso acaba aderindo ao contrato sem ao menos conhecer suas cláusulas.

Nesse contexto, em conversa com funcionária de uma outra agência ela relatou que houve alguns casos em que idosos agem de má fé com interesse de ser beneficiado. Conta de um caso em que um aposentado foi até a agência e fez um empréstimo no valor de R$10.000,00. Mas, esse mesmo aposentado colocou a empresa financiadora na justiça alegando que um dia chegou um ônibus, colocou muitos aposentados dentro, levando-os até a agência e os obrigou a assinar um papel de empréstimo. Segundo palavras dela mesma,

“Aí o juiz nem quer saber se é verdade ou não, ele ganhou R$20.000,00 de indenização sem contar com os R$10.000,00 que tinha pego”.

Fatos como esse demonstram uma “cultura” brasileira pautada na desonestidade e na esperteza de sempre levar vantagem, sem contar que o fato do

88 “Juiz nem quer saber se é verdade ou não”, aponta para que ele tem uma certa compreensão de que o capitalista (materializado aqui como a agência), tem a capacidade de fragilizar – ainda mais – o fragilizado trabalhador (neste caso o aposentado rural). Mesmo que em raríssimas exceções (como o exemplo acima) ocorra a desonestidade por parte do idoso também, conforme relato da funcionária. Nessa pesquisa não foi checado a informação da funcionária.

O mapa a seguir apresenta dados que se referem aos valores em reais concedidos em crédito rural e ao número de contratos efetuados no referente ano por município (Figura 4). O crescimento no número de contratos referente ao crédito rural nos anos de 2012 é notório no estado de Sergipe, confirmando a assertiva de Harvey, de que “o capitalismo não poderia sobreviver muito tempo na ausência de um sistema de crédito, que diariamente se torna mais sofisticado nas coordenações que permite” (2013, p.376).

Embora não se trate do crédito consignado, convém mostrar a presença forte do sistema de crédito no estado de Sergipe, como uma realidade consolidada entre trabalhadores do campo. A figura mostra um número expressivo de crédito e de contratos, apesar desses contratos não estarem especificando sua origem, entende- se que aí se refere aos mais variados créditos, entre eles o do PRONAF. A imagem somada ao quadro 2, mostram o quanto produtores e cooperativas estão endividados na trama do crédito.

FIGURA 4 - Sergipe, financiamentos concedidos a produtores e cooperativas, 2012. BAHIA BAHIA ALAGOAS O C E A N O A T L Â N T I C O Crédito Rural Nº de Contratos

FINANCIAMENTOS CONCEDIDOS A PRODUTORES