• Nenhum resultado encontrado

8. Determinação da matéria coletável (Grupo A)

8.7. Taxas, liquidação e pagamento

Com vista a dinamizar e promover o investimento privado, a taxa geral nominal do Imposto Industrial assistiu à uma redução de 35 % (trinta e cinco por cento) para 30% (trinta por cento) conforme dispõe o art. 64.º, n.º 1 do CII. Tal alteração resultou da última reforma tributária que ocorreu em 2014, tal como vimos.

O código fixa a taxa geral do imposto, posteriormente, descrimina a aplicação das mesmas em concreto em função da natureza das atividades. Veja-se a título de exemplo as atividades previstas no n.º 2 do art. 64.º do CII, onde a taxa é de 15% (quinze por cento).

O CGT prevê ainda no seu artigo 19º a consagração legal de contratos fiscais157.

Daí resulta que por este meio a taxa geral de imposto industrial pode ainda ser reduzida, como forma de equilibrar o nível económico e social do País, desenvolvimento local e, o incentivo ao investimento privado. Porém, para que determinados projetos de investimento privado beneficiem da redução da taxa de imposto, necessário é que estejam devidamente licenciados nos termos da LIP e do EGC.

156Sobre a eficácia da concessão de benefícios fiscais ao investimento, veja-se, Manuel Henrique Freitas

Pereira..., op. cit., Pg. 438-40.

157Sobre os contratos fiscais, veja-se por todos, José Casalta Nabais, 15 Anos da Reforma Fiscal de1988/89, Jornadas de Homenagem ao Professor Doutor Pitta e Cunha, Almedina, 2015, Pg.380-394.

Tenha-se presente a ideia de que as sociedades residentes em território angolano e as sociedades que não sendo residentes lá possuem E.E., sujeitam-se às mesmas taxas, no caso, à geral.

Tratando-se de sociedade não residente sem E.E. aplica-se o disposto no n.º 7 do art. 64.º do CII (taxa de imposto – 6,5%).

O CII prevê de forma obrigatória uma autoliquidação provisória e pagamento do imposto devido por referência ao próprio exercício fiscal em que a atividade tem lugar. Segundo artigo 66.º do CII, a taxa é de 2% (dois por cento).

Tratando-se de prestações de serviço sujeitas ao regime previsto no art. 67º do CII (efetuadas por pessoas coletivas não residentes com EE em Angola), as mesmas não concorrem para o apuramento do imposto provisório sobre as vendas.

O CII prevê o pagamento provisório do imposto. Tal provisoriedade resulta do facto de se estar apenas diante de um adiantamento ou antecipação do imposto referente ao primeiro semestre do exercício. Posteriormente, é o mesmo deduzido à coleta final do contribuinte que vir a ser apurada na liquidação definitiva (art. 66.º, n.º 3). O pagamento provisório do imposto releva fiscalmente para efeitos de determinação da matéria coletável, nos termos do art. 14.º al. f) do CII.

Tudo quanto se disse vale tanto para os contribuintes do grupo A como para os contribuintes do grupo B.

Em jeito de conclusão, importa referir que nos dias em que vivemos é inegável o peso que a fiscalidade representa na economia. Fruto disto são as constantes deslocalizações empresariais que assistimos. No mesmo sentido temos o número elevado de casos de planeamento fiscal agressivo158 perpetrado pelas multinacionais. Veja-se a

título de exemplo, o caso Apple e a Irlanda versus União Europeia159. Não estamos assim

158O planeamento fiscal agressivo resulta de comportamentos levados a cabo por empresas multinacionais,

com vista a minimizarem ou eliminar a carga tributária sobre os rendimentos por elas obtidos. Ana Paula Doura, define ´planeamento fiscal agressivo como “um conceito chapéu que abarca a elisão ou abuso fiscal e as lacunas causadas pela interação de mais do que um ordenamento jurídico”. Para melhor compreensão, veja-se Ana Paula Dourado, Governação..., op. cit., Pg.55-60.

159Cfr. Jornal Expresso, pub. 05. Setembro de 2016 [em linha], [consult. aos 26.04.18], disponível em:

http://expresso.sapo.pt/blogues/bloguet_economia/blogue_econ_diogo_agostinho/2016-09-05-A-Apple- e-a-Irlanda#gs.viE6bXo. Retira-se de forma clarividente do artigo publicado neste jornal que, motivou a

a assumir que as altas ou baixas taxas do imposto sejam por si só fator 100% (cem por cento) determinante na atração ou retração do investimento privado estrangeiro, mas que é um elemento sempre tido em conta, é inegável160.

Assim, subscrevemos na íntegra a defesa da existência de uma influência recíproca entre os impostos e a economia. Tal influência (positiva ou negativa) abrange todos os estratos estaduais. Por exemplo nos países em vias de desenvolvimento (caso angolano) o nível de fiscalidade é baixo e a estrutura fiscal assenta em grande medida nos impostos indiretos e sobretudo nos impostos relacionados com o comércio externo, em especial a exportação. Este desequilíbrio pode de algum modo ser explicado pelo diminuto rendimento per capita161 que impede qualquer significativa tributação do

rendimento e que encontra igualmente dificuldades derivadas da escassa ou insuficiente monetarização da economia (o que associado às altas taxas de tributação, torna a situação de investimento duplamente agravada).

A organização administrativa que suporta o sistema fiscal é, pelo seu lado incipiente, e a legislação fiscal, muitas vezes herdada dos tempos coloniais, mostra-se na maioria das vezes inadequada162. Daí a ligação que se pode estabelecer entre

desenvolvimento económico, nível e estrutura da fiscalidade. Assim entendemos que a taxa de imposto em Angola precisa ser revista e readequada à realidade atual do País, sob pena de potenciarmos casos de evasão e fraude fiscal, e retrairmos o investimento privado estrangeiro que o País tanto carece, diga-se a todos os níveis.

deslocalização da empresa para a Irlanda a taxa de imposto a que os rendimentos da empresa seriam tributados. Veja-se também Ana Paula Doura, Governação Fiscal Global, Almedina, 2017, Pg. 162-5.

160Na reforma fiscal ocorrida em Portugal em 2014, a taxa efetiva de IRC tomou um lugar preponderante

nas discussões que ocorreram. Não é consensual a compreensão de que a taxa do imposto a pagar sobre o rendimento das empresas seja ou não um elemento influenciador (positivo ou negativo) na atração do investimento privado estrangeiro. Porém, naquela reforma, chegou-se a conclusão com base em vários estudos que, para além de altas taxas de impostos retraírem o investimento privado estrangeiro, incentivam à fraude e evasão fiscais, por outro lado, menores taxas de imposto impulsionam a economia. Para maior aprofundamento. Cfr. Anteprojeto De Reforma – Uma reforma do IRC Orientada Para a Competitividade,

o Crescimento e o Emprego, [em linha], [consult. aos 26.04.18], disponível em:

https://www.portugal.gov.pt/media/1157091/20130726%20f%20final%20anteprojeto%20reforma%20irc. pdf. Pg.17-30.

161Cfr. Trading Economics, [em linha], [consult. aos 26.04.2018], disponível em:

https://pt.tradingeconomics.com/angola/indicators. Ver também, Diário de Notícias, pub. 26 de Abril de 2018, [consult. aos 26.04.2018], disponível em: https://www.dn.pt/lusa/interior/banco-mundial-desce- classificaçao-de-angola-para-renda-media-baixa-8659086.html.

8.8. Estatuto dos Grandes Contribuintes (EGC) – direitos e deveres