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Capítulo 2 A simulação na gestão hospitalar

2.2.3 Tecnologias de rastreamento de camas

Para além do transporte e da limpeza das camas, outro fator muito relevante na gestão das camas hospitalares está relacionado com a implementação de tecnologias que auxiliem o rastreamento de bens e equipamentos nos hospitais, nomeadamente as camas. As instituições de saúde podem mesmo reduzir os seus custos operacionais através da introdução de transformações tecnológicas (Christensen & Remler, 2009) sendo que esta redução nos custos poderá ser de cerca de 8%. Para além de reduzir os custos a adoção destas tecnologias inovadoras leva ao aumento da qualidade do serviço prestado pelas instituições (Romero & Lefebvre, 2015). Existe um reduzido número de publicações sobre este tema (Romero & Lefebvre, 2015), entre a literatura existente é possível verificar vantagens da implementação de tecnologias em hospitais.

Como tecnologias possíveis de utilizar destacam-se a tecnologia que utiliza códigos de barras, já bastante utilizada nos sistemas de saúde e a tecnologia de identificação de objetos através da frequência de ondas rádio, Radio-Frequency Identification (RFID), menos utilizada nos sistemas de saúde mas bastante utilizada em várias indústrias. Existe ainda a possibilidade, de uma solução híbrida, utilizando simultaneamente códigos de barras e RFID combinadas num único sistema de rastreamento de equipamentos e bens nos hospitais, solução esta que pode ter vantagens relativamente a utilizar apenas uma tecnologia (Michael & Mccathie, 2005).

A utilização de códigos de barras, e caso o paciente siga as recomendações dos profissionais de saúde, é uma medida comprovada e de custo relativamente reduzido que previne erros de administração de medicamentos (Degaspari, 2011). Os pacientes, profissionais de saúde e todo o equipamento hospitalar podem ser eletronicamente identificados usando uma etiqueta com um código de barras. Esta tecnologia melhora a produtividade, fiabilidade e segurança no setor da saúde além de que facilita a gestão de stocks dos medicamentos no hospital. Apesar destas vantagens, a tecnologia de códigos de barras apresenta algumas desvantagens importantes como o facto de cada item ter de ser identificado cada vez que há uma alteração, leitura manual, não ter a capacidade de ler nem escrever, não ter capacidade de armazenamento de muita informação e nenhuma capacidade de processamento de dados (Romero & Lefebvre, 2015).

RFID é uma tecnologia de identificação e captura automática de dados, que é composta por três elementos: uma etiqueta formada por um chip que se encontra conectado a uma antena; um leitor que emite sinais de rádio e recebe respostas de retorno a partir das etiquetas; um

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middleware (tecnologia que faz a ligação entre fornecedores de dados e uma aplicação final)

(“Linux,” n.d.) que faz a conexão entre o hardware RFID e as aplicações da empresa (A. S. Ã & Absi, 2010) ou, neste contexto do hospital. RFID utiliza, portanto, ondas rádio para identificar objetos automaticamente sendo que nos últimos anos tem atraído a atenção das indústrias farmacêutica e de saúde uma vez que este suporte de dados pode superar os inconvenientes que afetam os códigos de barras (Romero & Lefebvre, 2015). A tecnologia RFID tem o potencial para rastrear camas de forma eficiente. As etiquetas RFID podem ser inseridas nos produtos que se pretendem controlar, e serve como uma ferramenta para monitorizar a localização da cama, cadeira de rodas ou outro equipamento. Deste modo, informações sobre os equipamentos estão disponíveis em tempo real e podem ser obtidas a partir do sistema. Assim, a localização, estado e disponibilidade de camas será baseada na informação que está no sistema, o que irá melhorar o serviço do hospital (Pai et al., 2008). Outra das vantagens da tecnologia de RFID é que esta permite a recolha de dados, tais como os tempos de resposta, que podem ser aplicados a várias métricas que poderão contribuir para que a gestão do hospital efetue melhorias nos serviços do hospital (Degaspari, 2011). Uma vez que a tecnologia RFID tem sido cada vez mais utilizada em várias indústrias o seu potencial deverá ser cada vez mais reconhecido e utilizado no setor da saúde, tanto em hospitais como farmácias (Hanaeus & Tolic, 2015). Relacionado com o setor farmacêutico o RFID apresenta uma vantagem relativamente ao código de barras pois poderá contribuir para melhorar a eficácia da deteção de medicamentos falsificados (Kelesidis & Falagas, 2015). Na Figura 2.5 apresenta-se um esquema de uma etiqueta de RFID, com os seus componentes, a antena e o microship.

Figura 2.5 - Esquema de uma etiqueta de RFID. Fonte: BarcodesInc (2016)

O principal obstáculo à implementação de RFID é o seu custo inicial. O custo das etiquetas RFID individuais, o custo dos leitores de etiquetas, e o custo da criação de um sistema singular e unificado que é facilmente adotado por todos os intervenientes são as razões pelas quais a tecnologia RFID não é atualmente utilizada em toda sua extensão nos hospitais (Kumar

et al., 2009). Vários autores são da opinião de que os códigos de barras não serão totalmente

substituídos por etiquetas RFID num futuro próximo, e alguns estão a desenvolver soluções de rastreamento utilizando ambas as tecnologias, denominando uma solução híbrida (Michael &

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Mccathie, 2005). Como exemplo, para dois professores de Universidades no Canadá que realizaram um estudo para estas tecnologias de rastreamento aplicadas a medicamentos, a configuração híbrida é a que deve ser adotada para a gestão destes produtos. A solução híbrida que neste caso combina a tecnologia de RFID, para rastrear paletes, com códigos de barras para identificar embalagens primárias, parece ser a solução mais promissora: ela tem o potencial de melhorar a eficiência e precisão de uma farmácia, reduzir os custos de stock, melhorar a rapidez de ordens de compra, diminuir o tempo de ciclo de fornecimento, reduzir o trabalho manual, reforçar a segurança do paciente e apoiar a gestão de resíduos (Romero & Lefebvre, 2015). Para a questão do hospital uma solução híbrida também poderia ser adotada uma vez que muitos hospitais não terão capacidade financeira suficiente para aplicar a tecnologia RFID a todos os processos.

2.2.4 O transporte, a limpeza e o rastreamento das camas hospitalares

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