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TECNOLOGIAS NO ESPAÇO ESCOLAR REVERBERAM INOVAÇÕES

2 DOCÊNCIA E FORMAÇÃO: REDIMENSIONAMENTO DE PRÁTICAS

2.6 TECNOLOGIAS NO ESPAÇO ESCOLAR REVERBERAM INOVAÇÕES

As tecnologias, de modo geral, estão muito mais ligadas à escola do que se pensa, elas sempre estiveram em contato com o universo escolar subsidiando o ensino. Porém, ao referir- se a tecnologias, logo se pensa computadores, lousas eletrônicas, celulares, vídeo games, entre outros. Entretanto, esquece-se que as tecnologias não são somente aquelas voltadas aos eletrônicos. Elas estão há muito mais tempo em meio as pessoas. Um exemplo foi o movimento das escolas quando passaram do quadro negro e giz aos canetões e lousa branca, ou, até mesmo antes disso, o movimento da escrita rupestre para a escrita segmental.

Esses exemplos demonstram os avanços comportamentais, no caso da escrita, e mediadores no caso da lousa, de uma sociedade com o amparo tecnológico. O desenvolvimento social do homem está interligado às tecnologias de cada época. Seja por meio do analógico ou digital.

É importante ressaltar que “a evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos.” (KENSKI, 2012, p. 21). Essa alteração de comportamentos implica na vida social coletiva e individual, pois não se está alienado aos produtos tecnológicos, pelo contrário, com o surgimento das redes sociais (networks), as pessoas compartilham informações e conhecimentos. As tecnologias sugerem mudanças estruturais e comportamentais a partir do uso dessas ferramentas.

No início deste capítulo, foi citado uma mudança que se tornou essencial para a vida: a escrita segmental, a partir da criação do alfabeto. Há séculos, deve ter havido certa resistência, mas a ruptura aconteceu e, hoje, o mundo comunica-se por meio dela. A escola tem o papel de promover a formação interpessoal de seus estudantes e, com o avanço tecnológico digital, propiciá-los a integração do intelecto com os sentimentos. Moraes e Torres (2004) corroboram com esse entendimento:

Percebe-se, hoje, as grandes mudanças provocadas pelas tecnologias digitais e pela sociedade da informação e, entretanto, os educadores seguem utilizando modelos

instrutivos mais adequados ao século XVIII, ao mesmo tempo, em que se exige uma expansão do acesso à educação (2004, p. 02).

Enfatiza-se que a questão não é puramente tecnológica e deve-se considerar a formação docente como um impulsionador para uma mudança significativa na escola, ou seja, a formação deve contribuir para que os educadores revisitem suas práticas e crenças para que haja um rompimento de paradigmas e a inovação reverbere.

Quando se fala em inovar, no âmbito desta pesquisa, trata-se de algo novo: o ensino que repensa os modelos já consolidados e os adapta para compreender e significar neste século. Hérnandez et al. (2000, p. 22) explicitam que “A inovação não é apenas algo novo, mas algo que se melhora e que permite mostrar os resultados de tal melhora”.

A inovação manifesta-se por meio de transições que vêm emergindo de estruturas que já estavam fixadas, mas, que devido às incertezas, abre possibilidades para mudanças e novas formas de constituir conhecimento. Uma forma de manifestação é a inserção do trabalho cooperativo na escola. Conforme Fullan (2009), a inovação acontece dentro e fora da sala de aula, pois a colaboração não está ligada somente ao professor-aluno, mas no professor-professor e no professor-comunidade escolar também.

Ao ponderar os aspectos das tecnologias e da inovação na educação, pode-se considerar que a formação docente pode ser o elo que falta para a inovação acontecer. Valletta e Giraffa (2018, p. 46) explicitam que “[...] para promover inovação nas práticas pedagógicas, devemos nos preocupar com a formação do professor em serviço (aquele que está formado e atuando) e aquele que está em formação (na universidade, especialmente na graduação)”. A formação pode ser o ponto de partida para um pensar e um fazer docente mais voltado ao diálogo entre as gerações (professor-aluno), adotando como projeto de vida a colaboração para uma aprendizagem significativa.

No decorrer deste capítulo, buscou-se identificar e relacionar os conceitos de docência, formação docente e tecnologias digitais, aprofundando cada um deles, perpassando pelas inovações pedagógicas, tendo como base o campo educacional, a fim de mostrar quais são as relações e as potencialidades nas práticas educativas.

Dessa forma, construiu-se um resumo do quadro teórico articulando os conceitos de formação docente e tecnologias digitais para ajudar na compreensão deles, uma vez que serão fundamentais para as análises posteriores que emergiram das entrevistas.

Quadro 3 - Resumo do aporte teórico

FORMAÇÃO DOCENTE TECNOLOGIAS DIGITAIS

Formação docente é o momento de reflexão sobre as próprias práticas, dando-se conta do inacabamento que emerge desse processo, ressignificando as ações nas práticas educativas. Ela refere-se a um processo contínuo de aprendizagem, que contribui para reverberar o uso das tecnologias digitais na escola, se considerada sua abordagem no processo de formação.

As tecnologias digitais podem ser usadas para mediar a prática educativa, mobilizando o corpo docente e discente, por isso a formação docente faz- se essencial nesse contexto, pois ela é a base da constituição do docente. Se ela estiver imbricada às tecnologias digitais é possível haver uma maior ressignificação das práticas educativas na escola. Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Desse modo, observa-se que para haver uma ressignificação na prática educativa docente e do uso das tecnologias digitais é importante investir na formação docente, pois esta é a base para uma educação de qualidade.

Termina-se aqui a exploração teórica a fim de compreender os conceitos e discutir sobre o tema. Contudo, inicia-se, no próximo capítulo, o delineamento da pesquisa, que aborda a organização e os procedimentos para a coleta dos dados.