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10 Obs.:os números entre parênteses referem-se ao total de artigos por autor(es).

5.1.4 As temáticas da produção científica

Finalmente, um último aspecto da produção científica dos líderes diz respeito às temáticas abordadas nos artigos, livros e capítulos, sendo que neste caso adotou-se a mesma categorização utilizada para identificar as temáticas das linhas de pesquisa - já exposta no Capítulo 4 desta tese. Os resultados obtidos podem ser visualizados na Tabela 27, a seguir.

Tabela 27 – Categorização das temáticas dos artigos, livros e capítulos

Categorias Artigos Capítulos Livros Total

1. Intelectuais, Pensamento Social e

Educação 42 72 12 126 2. Arquivos, fontes, historiografia 35 60 27 122 3. História regional da Educação 50 39 15 104 4. Cultura e Práticas Escolares 27 23 14 64 5. História da Educação e suas periodizações 23 9 6 38 6. Processos e Práticas Educativas 7 11 1 19 7. Profissão Docente 7 9 3 19 8. Estado e Políticas Educacionais 6 10 2 18 9. História Comparada da Educação 3 5 2 10 10. Gênero e Etnia na História da Educação

Brasileira 3 4 1 8

11. Instituições Escolares 1 3 3 7 12. Ensino da História da Educação 2 4 0 6 13. Movimentos Sociais na Educação

Brasileira 0 1 0 1

Total 206 250 86 542

Os dados da Tabela 27 apontam que 3 temáticas geraram a maior quantidade de artigos, livros e capítulos: “Intelectuais, pensamento social e educação”, com 23,2% do total, seguida por “Arquivos, fontes e historiografia” (22,5%) e “História Regional da Educação” que comparece com 19,2%. Estas três temáticas juntas somam cerca de 65% do total da produção científica dos líderes.

Com relação à temática “Intelectuais, pensamento social e educação” foi constatado que a maioria dos artigos, livros e capítulos analisa o legado e as contribuições de intelectuais brasileiros que tiveram destaque por sua atuação no campo educacional, sendo que o mais citado é Anísio Teixeira, seguido por Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Sílvio Romero, Rui Barbosa, Casemiro dos Reis Filho, Durmeval Trigueiro Mendes, entre outros. Além disso, vários capítulos de livros que focalizaram destacados educadores do país foram publicados sob a forma de “verbete” no “Dicionário dos Educadores Brasileiros”, obra que recebeu grande quantidade de colaborações dos líderes dos grupos de pesquisa cuja produção científica é analisada nesta tese. Além dos intelectuais, a Escola Nova e o Manifesto dos Pioneiros também são temas bastante estudados, assim como o pensamento social em Educação abordado sob a ótica do liberalismo, do pragmatismo e do marxismo bem como as políticas educacionais e o papel do INEP na modernização do ensino no Brasil.

Por sua vez, os artigos, livros e capítulos que enfocaram a temática “Arquivos, fontes e historiografia” abordam as fontes da História da Educação e seus diferentes suportes - livros, manuais, cartilhas, documentos impressos e manuscritos, imagens –, bem como os espaços de preservação e conservação memória histórica da Educação, como museus, centros de documentação, arquivos e bibliotecas. A historiografia da Educação também é abordada com foco em questões como: correntes historiográficas, o campo da História da Educação e a pesquisa em Educação. Além destes, também são enfocadas trajetórias históricas de grupos de pesquisa, associações, entidades e eventos ligados ao campo educacional, como a ANPED, o HISTEDBR, GT Educação Brasileira e Paranaense, I Congresso Brasileiro de História da Educação, entre outros.

Com relação à temática “História Regional da Educação” que originou 104 artigos, livros e capítulos elaborados pelos líderes dos grupos de pesquisa, o foco destes trabalhos recai sobre as instituições escolares (jardins da infância, grupos, escolas normais), os professores e suas práticas pedagógicas (didática), os materiais de ensino (cartilhas escolares) e a arquitetura escolar. Estes objetos de estudo da História da Educação são enfocados com base em uma abordagem da história regional na qual se incluem estudos sobre as regiões nordeste, sul, centro-oeste, Triângulo Mineiro, Alto Parnaíba; sobre os estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Sergipe, Pernambuco, São Paulo; de municípios como Uberlândia-MG, Ituiutaba-MG, Belo Horizonte-MG, Juiz de Fora-MG, Uberabinha-MG, Uberaba-MG, Aracaju-SE, São Cristóvão-SE, Pelotas-RS, Vitória da Conquista-BA, Santa Maria-RS. Há evidências empíricas de que a História da Educação em Minas Gerais é a mais estudada, seguida da História da Educação no Rio Grande do Sul, fazendo supor que haja certa saturação nos artigos, livros e capítulos com estas temáticas.

Estes resultados estão de acordo com aqueles encontrados por Bittar (2006), que ao investigar os trabalhos apresentados em três eventos principais da área de “História de Educação” constatou que as temáticas mais recorrentes foram respectivamente: a) na ANPED – “Escola Nova, gênero, infância, profissão docente, memória, discursos, imagens e leitura, sendo que o período pós-1985 não foi enfocado nem como recorte cronológico ou como processo social decorrente da ditadura” (p.14); b) na SBHE – a maioria dos trabalhos incidiu sobre o período da República; c) HISTEDBR – gestão escolar, concepções de currículo, proposta educacional de sindicato docente, prática de ensino e estágio supervisionado, PCNs, educação superior nos projetos de LDB, o

público e o privado na reforma educacional nos anos 1990, memória da educação, ótica pós-moderna na historiografia educacional, entre outros.

Frente a estes resultados as conclusões de Bittar (2006, p.17), em linhas gerais, são as de que há uma maior “incidência de objetos sobre o presente do que os temas com perspectiva histórica mais recuada e definida”; “que a Escola Nova e aspectos a ela relacionados constituem a maioria das pesquisas realizadas em História da Educação” e que o período mais investigado “concentra-se na primeira metade do século XX”.

Os dados da Tabela 27 também permitem observar que apesar da produção cientifica em “História da Educação” estar concentrada em torno de três temáticas majoritárias (65% do total dos temas abordados), há outras pouco abordadas que podem significar um possível nicho para novas pesquisas e estudos, ou talvez conduza a supor que a baixa incidência destes temas estaria relacionada a modismos ou esgotamento e abandono do tema por razões outras.

De qualquer modo, concordamos com Bittar (2006), que em suas análises sobre o campo da História da Educação no Brasil pós-1985, recorre a Ciro Flamarion Cardoso para explicar que “determinados assuntos simplesmente da pesquisa sem que tivéssemos chegado a alguma conclusão sobre eles” (p.14). Além disto, a autora também traz para este contexto a visão de Bourdieu (1983) sobre os conflitos que permeiam o “campo” e chama a atenção para o fato de que “a redundância observada nos domínios mais consagrados é o preço do silêncio que paira sobre outros objetos”.

Ao finalizar este capítulo se faz necessário sintetizar os principais resultados obtidos com relação à produção científica no campo da “História da Educação”. Assim, foi possível observar que:

1) os 68 líderes dos grupos de pesquisa foram responsáveis pela publicação de 206 artigos científicos, 96 livros e 250 capítulos de livros, totalizando 552 itens de produções bibliográficas.

2) esta produção científica está distribuída no período 1990-2006, sendo que os artigos começam a ser publicados a partir de 1990, os capítulos de livros em 1993 e os livros em 1996.

3) na produção bibliográfica há uma preponderância nos itens “livros e capítulos de livros” que somam 346 (63,1%) do total, enquanto que os “artigos” representam 37,3% da produção científica em “História da Educação” publicada pelos líderes dos grupos de pesquisa. No entanto, se consideramos apenas os 206 (37,3%) artigos científicos e 250 (45,6%) capítulos de livros os dados parecem sugerir que há pouca desigualdade nesta distribuição.

4) a produção científica dos líderes com bolsa produtividade em pesquisa do CNPq apresenta um escore mais alto em relação aos outros líderes, uma vez que entre os 10 primeiros, 8 estão nesta situação.

5) líderes que não estão vinculados a programas de pós-graduação – 15 (20,5% do total) apresentaram um escore mais baixo na produção científica em relação aos 58 (79,5%) vinculados a programas de pós-graduação.

6) o total da produção científica destes líderes não-vinculados à pós-graduação é de 34 itens, representando apenas 3,5% da produção científica total.

7) total de publicações sem duplicação dos líderes dos grupos de pesquisa é de 552, dos quais 37,3% são artigos, 17,4% livros e 45,9% capítulos de livros. Em relação ao total inicial da produção científica (2.374) a produção científica com duplicação (951 itens) e sem duplicação (552) pertinentes ao campo da História da Educação sofreu uma

redução, passando de 40,1% para 23,2% em relação ao total da produção científica identificada entre os 73 líderes.

8) há uma alta concentração das publicações sob a responsabilidade de apenas 10 grupos, que juntos são responsáveis por 61,9% (342) da produção científica total identificada como pertinente ao campo da História da Educação, enquanto que os outros 38,1%, (210) são de responsabilidade de 36 grupos de pesquisa.

9) na década de 1990 foram produzidos 26,2% (54) do total de artigos enquanto que nos anos de 2001 a 2006 há uma concentração nesta produção, com 161 (73,8%) de artigos publicados.

10) entre os 64 periódicos indexados selecionados pelos líderes para divulgar a sua produção científica, 61 estão indexados na base Qualis/CAPES na área de Educação e apenas 3 estão classificados em outras áreas de conhecimento.

11) 59,4% (38) dos periódicos que veiculam a produção científica no campo da “História da Educação” estão classificados como Qualis/Nacional A, B e C, os quais somados aos 20,3% dos periódicos indexados nas categorias internacional atingem o percentual de 66,6%, enquanto que os periódicos classificados como local representa 20,3% do total.

12) 64,7% do total de artigos foram divulgados em publicações sob responsabilidade de Programas de Pós-Graduação em Educação ou de Centros e Departamentos acadêmicos da área de Educação, instituições de ensino superior e institutos ou centros de pesquisa.

13) é tímida a inserção internacional da produção científica produzida na área de “História da Educação”, uma vez que entre os 12 periódicos categorizados como

internacionais apenas 7 são publicados fora do país, sendo que em 4 deles o artigo foi escrito em língua portuguesa.

14) dos 82 periódicos que publicaram artigos no campo da “História da Educação”, 28 deles publicaram mais de um artigo, totalizando 140 produções no campo da “História da Educação.

15) os quatro periódicos que mais publicaram artigos no campo “História da Educação” estão vinculados a associações, sociedades científicas e grupos de pesquisa da área.

16) a maioria dos autores que mais publicaram artigos nestes 4 periódicos são aqueles que se encontram na liderança dos grupos com mais produção científica no campo “História da Educação”.

17) 27 líderes (descontadas as co-autorias) são os autores dos 50 artigos e que alguns destes publicaram trabalhos em mais de uma das três revistas que mais publicaram artigos no campo da “História da Educação”.

18) há um estreito vínculo entre autores, co-autores, títulos de periódicos e entidades que editam estes veículos de disseminação do conhecimento científico no campo “História da Educação”.

19) a produção de livros quase dobra com relação ao primeiro período, de 2002- 2006, no qual foram publicados 60 livros (69,8%), representando um crescimento de 43,3% no número de publicações com relação ao período anterior, de 1996-2001.

20) 40 editoras foram responsáveis pela publicação dos 86 livros enquanto que 75 editoras publicaram os 250 capítulos de livros. Descontadas as duplicações, foram encontradas 92 editoras e instituições responsáveis pelas publicações científicas no campo da “História da Educação”.

21) dentre as 35 editoras que mais publicaram livros e capítulos no campo “História da Educação”, 12 receberam classificação A no Qualis/CAPES, 8 foram classificadas como nível B e 15 como nível C.

22) duas editoras se destacaram como sendo as que mais publicaram livros e capítulos de livros: a Autores Associados e a Autêntica Editora, responsáveis por 25% livros e capítulos classificados como “A” Qualis/CAPES/Editoras.

23) há um equilíbrio na distribuição das publicações entre as editoras categorizadas como “comerciais” que foram responsáveis por 51,5% (173) dos livros e capítulos e as “institucionais” que responderam por 163, ou seja, 48,5%.

24) 58,1% do total da produção científica – artigos, livros e capítulos - no campo “História da Educação” é de autoria individual, enquanto que 41,9% são publicações co- autoradas, sendo que o maior índice de co-autorias encontra-se nos livros (53,5%).

25) entre os 336 itens livros e capítulos de livros publicados pelos líderes dos grupos de pesquisa há 21 obras organizadas sob a forma de coletâneas, que canalizam e concentram grande parte da publicação dos capítulos de livros produzida pelos líderes dos grupos de pesquisa analisados, as quais foram responsáveis pela publicação de dois até doze capítulos cada, totalizando 112 capítulos, ou seja, 33,3% do total (336) deste tipo de produção científica.

26) as temáticas mais abordadas na produção científica no campo da “História da Educação” são: “Intelectuais, pensamento social e educação”, com 23,2% do total, seguida por “Arquivos, fontes e historiografia” (22,5%) e “História Regional da Educação” (19,2%) totalizando 65% dos artigos, capítulos e livros.