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O Tema Transversal Meio Ambiente: tecendo a educação ambiental na escola

CAPÍTULO II - O ENSINO DE CIÊNCIAS E A COMPLEXIDADE PLANETÁRIA

2.6. T RANSVERSALIDADE : UM NOVO OLHAR EM BUSCA DE UM NOVO JEITO DE EDUCAR

2.6.2. O Tema Transversal Meio Ambiente: tecendo a educação ambiental na escola

Muitas discussões envolvendo a questão do meio ambiente têm sido realizadas,

impondo à educação a reforma do pensamento educativo, ancorada em novas perspectivas

de pensar outras formas de educar.

A transversalidade manifesta prioridade no currículo escolar e faz uma

contextualização das questões referentes ao meio ambiente, respeitando as realidades

locais e regionais. Assim, viabiliza o estabelecimento da relação entre aprender

conhecimentos historicamente e teoricamente elaborados e as questões pertinentes à vida

real e as seus contextos de transformação. haja vista que os Parâmetros Curriculares

Nacionais - PCN’s - apresentam o tema Meio Ambiente como um dos temas para a

inserção transversal nas diversas áreas do conhecimento em sintonia com os conteúdos

programáticos. (BRASIL, 1998b).

Em face disso, para alcançar seus objetivos, os PCNs, por meio do Tema

Transversal Meio Ambiente (BRASIL, 1998b), apresentam como “pano de fundo” a

reflete sobre as perspectivas de educar para o meio ambiente, por meio da qual aeducação

se reveste de ideais sensibilizadores das questões ambientais globais, nacionais, regionais e

locais, qualificando-se como Educação Ambiental, mas sendo a própria educação

rompendo paradigmas e ressignificando a formação de sujeitos para o “devir da

planetarização da humanidade e o desafio de sua governabilidade” (MORIN,2007, p.63).

Com efeito, a perspectiva transversal proposta para os processos refere-se à

dimensão didática e aponta para adequação uma prática pedagógica às questões cotidianas

e suas possibilidades de transformação (BRASIL, 1998b), vislumbrando caminhos que

promovam “o despertar de uma sociedade-mundo” (MORIN, 2007, p.63), permitam o

cuidado “para com a vida e um sentimento de pertença amorosa à Mãe-Terra” (BOFF,

2008, p.26), a mudança de hábitos que levem à melhoria da qualidade de vida, a

diminuição da degradação ambiental e a redução da pressão sobre os recursos naturais.

No entanto, para tornar viável o trabalho com o Tema Transversal meio Ambiente a

escola necessita promover discussões sobre a sua relevância, determinar que valores e

atitudes almejam, pois como assegura Moreno (2001, p.270), “educar em valores

possibilita concretizar realidades de especial relevância para a vida das pessoas, e para a

positiva e harmoniosa construção da sociedade contemporânea”. Além disso, proporciona a

realização de um trabalho coletivo, no qual alunos, professores e comunidade se envolvem

para promover mudança da consciência ambiental.

Nessa perspectiva, em que o processo de Educação Ambiental apresenta-se como

uma finalidade para o desenvolvimento de um trabalho transversal na escola, é que se

destaca a intenção de encontrar o caminho para real mudança de hábitos. E a escola

aparece como um pilar dessa transformação social e é, sem sombra de dúvida, o local ideal

para se iniciar e promovê-la.

Nesse ínterim, as disciplinas escolares e os conteúdos curriculares são os recursos

didáticos que tornam os conhecimentos acessíveis aos estudantes. E a sala de aula é o locus

específico desse trabalho e de onde desencadeiam as relações, as experiências e as

vivências relativas à construção das concepções ambientais. Assim sendo, a Educação

Ambiental, enquanto transversal, é apontada pelo PCN Tema Transversal Meio Ambiente

como meio indispensável para conseguir criar e aplicar formas “cada vez mais sustentáveis

de interação sociedade/natureza e soluções para os problemas ambientais. Evidentemente,

a educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é

condição necessária para isso” (BRASIL, 2008b, p. 181).

Por essa via, a valorização das práticas transversais ambientais representa a

possibilidade de uma prática educativa que realize a articulação entre as questões do meio

físico do meio ambiente e os problemas sociais, fazendo com que os estudantes

compreendam, sintam-se parte e responsáveis por essa complexidade planetária.

Em tal perspectiva, a construção dos saberes ambientais necessita da compreensão

dos processos políticos, econômicos e culturais em contexto local, regional, nacional e

global, “para isso é necessária uma abordagem no mínimo interdisciplinar, que permita

gerar um conhecimento integrado, superando a simples acumulação de enfoques científicos

e técnicos” (SANTOS, p. 29), desenvolvendo uma forma de ver o mundo que ressalte as

inter-relações e a interdependência dos fatores fundamentais para a manutenção da vida.

É nesse sentido que os PCNs, por meio do Tema Transversal meio Ambiente,

alertam que a necessidade de tomar ciência sobre os problemas ambientais e suas

consequências catastróficas para a vida humana no planeta, visando a promoção de atitudes

voltadas para o preservacionismo e o conservacionismo de modo que sejam elaboradas

normas de regulamentação das intervenções econômicas (BRASIL, 1998b).

Nessa linha de raciocínio, a emergência dos problemas ambientais que se

instauraram sobre a sociedade, há uma crescente preocupação quanto à formação de

professores. E, de acordo com Medina e Santos (2011, p. 13),

“A introdução da dimensão ambiental no sistema educativo exige um novo modelo de professor: a formação é a chave da mudança que se propõe, tanto pelos novos papéis que os professores terão que desempenhar no seu trabalho, como pela necessidade de que sejam os agentes transformadores de sua própria prática”.

É exatamente por essa razão que faz-se necessário a formação continuada de

professores numa perspectiva transversal, de modo que estes estejam preparados para lidar

e responder às exigências sociais e às necessidades do contexto em que se insere a escola e

a comunidade que dela faz parte e às questões globais das quais todos fazem parte.

Porém, sabe-se que essa não é uma tarefa fácil e de acordo com YUS (1998), as

dificuldades tornam-se mais evidentes quando a proposta transversal exige um

planejamento globalizado e coletivo no campo educacional. Haja vista que os professores

precisam pensar e atuar de forma que eles nunca vivenciaram em nenhum momento da sua

vida, pois ainda estão impregnados pelos paradigmas do tradicionalismo, reforçando a

tendência às práticas instrutivas.

O que fica evidente, a real necessidade de formação continuada a cerca das

problemáticas ambientais para que os educadores atuem em caráter de ação transversal.

Pois, o educador ambiental ao educar-se ambientalmente, discutir e criticar as relações do

contexto atual deve ter postura e forma de viver e interpretar o mundo, com as concepções

que exigem a Educação Ambiental, de modo que se instaure um novo paradigma de

sociedade com respeito aos elementos naturais e sociais do ambiente e a percepção de que

todos estão inter-relacionados sistematicamente.

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