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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 PARÂMETROS HIDROMORFOLÓGICOS E FÍSICO-QUÍMICOS

5.1.2 Temperatura da Água

A temperatura das massas de água é um parâmetro que influencia todos os processos biológicos, reações químicas, bioquímicas, caracterizando ainda outros parâmetros como a densidade e viscosidade, tensão de vapor e a solubilidade de substâncias: é inversamente proporcional à solubilidade de gases dissolvidos e diretamente proporcional à solubilidade de sais minerais.

No que diz respeito à densidade da água esta vai diminuir com o aumento da temperatura. Quando o aumento da temperatura da água promove densidades diferentes na coluna de água ocorre a designada estratificação térmica, em que os dois estratos frequentemente estão diferenciados, física, química e biologicamente.

Nos cursos de água a temperatura da água varia definindo um ciclo diário e um ciclo sazonal que condicionam largamente a vida aquática (Cortes et al., 1992). A performance individual das diversas espécies de Fitoplâncton é altamente condicionada pelo impacto da estratificação térmica verificada na vertical das colunas de água (Winder & Sommer, 2012).

Esta demonstra uma influência imediata na velocidade de deslocação na coluna de água, de espécies mais pequenas, o que se torna uma vantagem em ambientes cuja turbulência é baixa e por isso não permitem uma re-suspensão das espécies planctónicas.

A mistura na coluna de água afeta também a disponibilidade dos nutrientes para o crescimento do fitoplâncton. A estratificação na coluna de água suprime o fluxo ascendente dos nutrientes a partir das camadas mais profundas resultando numa depleção de nutrientes à superfície, em consequência disso são condicionadas as vantagens competitivas de determinadas espécies de algas, que são melhores competidores por nutrientes e que estão preparadas para manter a sua posição vertical na superfície da água. O impacto das alterações climáticas no fitoplâncton manifesta-se de uma forma muito vincada na dinâmica sazonal, nomeadamente as espécies características e o tamanho da estrutura populacional.

O Sol é a principal fonte de aquecimento das águas naturais, no entanto as águas residuais provenientes da atividade industrial podem contribuir fortemente para as alterações da temperatura dos meios aquáticos recetores.

Fig. 5.2- Variação espácio-temporal da temperatura da água no ponto de amostragem TTA

Os valores da temperatura da água registados ao longo do ano refletem a evolução típica das estações do ano e da relação estreita entre a temperatura da água e a temperatura do ar (Fig. 5.2 e 5.3). Os valores mais altos registaram-se nos meses de Verão

(Agosto e Setembro), e diminuíram até ao mês de Fevereiro, voltando a subir no mês de Março, o que coincide com o início da Primavera. Relativamente à avaliação espacial da temperatura no ponto de amostragem TTA, nos meses de Agosto e Setembro, verificou-se uma nítida diminuição da temperatura nas camadas inferiores, comparativamente com os valores registados à superfície. O ponto mais profundo regista aproximadamente menos 7°C que o ponto mais próximo da superfície. O aquecimento das águas à superfície ocorre preferencialmente nos períodos quentes e em que a turbulência é baixa, ao aquecerem, as águas superficiais (epilimnion) tornam-se menos densas não se misturando com a camada mais fria e relativamente inalterada, o hipolimnion. Uma diferença de temperatura de apenas alguns graus é suficiente para impedir a circulação. A temperatura no hipolimnion, no entanto, não desce abaixo dos 4°C. Como esta estratificação não se verifica nos restantes meses de Inverno, uma vez que as diferenças de temperatura na coluna de água não excedem os 3°C, considera-se a Albufeira do sordo como um lago monomítico quente, pois estratifica no Verão, mas no Inverno as águas circulam livremente (Wetzel, 1993).

No Outono e no Inverno a diminuição da temperatura do ar leva à perda de calor da massa de água favorecendo a mistura das duas camadas anteriormente diferenciadas, para essa mistura contribui também uma maior turbulência que resulta quer da ação do vento, quer do aumento do caudal que dá entrada na albufeira em consequência das chuvas. No início da primavera começa já a verificar-se um aumento do intervalo de temperatura entre o ponto de amostragem mais próximo da superfície TTA (0,5 m) e o ponto mais profundo TTA (15 m), indiciando um aquecimento da camada superior da albufeira. O mês de Janeiro é o que apresenta um menor desvio dos valores de temperatura entre os pontos analisados, evidenciando uma homogeneidade da massa de água, pelo contrário o mês de Agosto é aquele em que os desvios são maiores o que se traduz na estratificação verificada. Os pontos que apresentam maior amplitude térmica ao longo do ano são os mais próximos da superfície, nomeadamente o ponto TTA (0,5m), o que se justifica por ser o mais exposto às oscilações sazonais da temperatura do ar e da radiação solar.

A estratificação verificada na TTA não se constatou no ponto de amostragem da Margem (fig. 5.3). Esta diferença estará com certeza relacionada com o facto de a distância entre os dois pontos de amostragem ser apenas de 4 metros e de se tratar de dois pontos com menor massa de água e por isso mais sujeitos ao efeito da turbulência, ainda que minimizada nos meses de Agosto e Setembro. De referir que as temperaturas registadas na Margem foram sempre superiores às verificadas na TTA.

Fig. 5.3- Variação espácio-temporal da temperatura da água no ponto de amostragem M.

A estratificação tem um efeito importante no Fitoplâncton. O epilimnion, mais quente, zona em que geralmente ocorre uma boa mistura da massa de água e que é normalmente bem iluminado, permite uma circulação de espécies não móveis na zona iluminada. As espécies que se podem movimentar podem migrar para o epilimnion para realizar a fotossíntese durante o dia e retornar a níveis mais profundos e com falta de luz para obter nutrientes durante a noite. Se o metalimnion se encontra dentro da zona eufótica, as espécies podem concentrar-se nessa zona e originarem um valor máximo de clorofila (Graham et al., 2009).

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