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“Mystery está por perto?” perguntou Matador. Com um cigarro apagado pendurado no canto

da boca dele.

“Está lá embaixo”, disse Lovedrop. “a sós com o estudante, Adam”. Lovedrop usava camiseta e jeans, com um par de sandálias, seus cabelos

crespos num rabo de cavalo, e um par de óculos escuros.

Eles se aqueciam na luz do sol em cadeiras de vime, num amplo pátio de tijolos vermelhos em

frente à mansão Project Miami, cercado por todos os lados por um extenso jardim e a

vegetação selvagem do sul da Flórida. Do outro lado da rua, um vizinho abriu sua

caixa de correio e acenou.

“Eu acho que você ouviu sobre meu ménage noite passada”, Matador se vangloria, sorrindo. “Essa danada do SkyBar, do último sábado. Oh

e a garota de Nova York”. Ele acende seu cigarro; um vermelho-cereja queimava

enquanto ele tragava.

O vizinho do outro lado chamou em um

sotaque francês, “Vocês devem se levantar bem cedo por aí. Eu acordo as seis e vocês já estão

se movimentando. Eu vejo as luzes acesas”. Ele acenou novamente e caminhou de volta em

direção à sua casa.

Os olhos de Lovedrop seguiram um gafanhoto enorme que caminhava sobre os tijolos. Ele

pensou: Os insetos aqui são surreais. Ele admirou a vista. A casa tinha sido construída diagonalmente num lote de esquina, e a grama

se inclinava para baixo, afastando-se deles em todos os sentidos em direção a varias

propriedades cercadas de muros do outro lado da rua.

Matador continuou, “E o que foi que eu disse? Cara – Miami é amplamente aberta, eles não

têm visto caras como nós por aqui.” Ele

começou a fazer sua imitação de Scarface, seus lábios se encurvavam nas pontas. “O que lhe digo? Essa cidade é apenas uma . . . grande . .

. buceta, apenas esperando para ser fodida.” Sua voz mudou para um sotaque cubano ao

estilo Al Pacino

“O Mehow vai se mudar” disse Lovedrop, ajeitando seu rabo de cavalo. “Seu último negócio desmoronou; ele não pode dar-se ao luxo de manter duas casas para sempre. Suas

“Ai cara, eu não posso pagar sozinho toda a hipoteca dessa casa,” disse Matador. “Eu preciso conseguir o aluguel de todo mundo, e

também dividir as despesas como a

empregada, a cozinheira, o cara da piscina, a conta de luz–”

“Eu sei, eu sei, só estou falando, ele está fazendo aquele lance do Beavis agora mesmo. Ele está lá embaixo com uma planilha aberta.” Disse Lovedrop, e depois imitou o Mehow com uma calculadora e uma voz de Beavis “Adiciona

seis, sobra três...”. Os dois deram risadinhas. Matador soprou uma leve corrente de fumaça no ar quente do inverno. “Eu não quero que ele

se mude, mas alguém mais vai pegar o quarto, no pior caso.” A parte superior do seu agasalho

preto com listras brancas da Adidas estava amarrado à sua cintura, e ele vestia uma camisa regata cinza, mostrando seu porte

físico.

“Você acha que esta ação judicial vai ser um problema?” Matador perguntou. Ele levantou uma caneca com um de seus braços imensos e

“Eu não sei.” Lovedrop disse. As risadas do The Rat ecoaram em sua cabeça: Aliás, vocês estão ficando demandados. Ele pensou sobre isso por

um instante

“É tudo psicológico,” ele disse. “Uma ação judicial. É sobre triturar alguém, para deixá-lo

sem dinheiro, sem moral...”

“Certo,” disse Matador, que se levantou, dando outra tragada no seu cigarro. “Eu gostaria de encontrar esse cara em um beco escuro. Posso

até imaginar a surpresa na sua cara.” Ele se satisfez com o pensamento. “Filhos da puta, é

melhor eu nunca ter câncer.”

“Eu não estou tão preocupado com isso, realmente,” disse Lovedrop. “Não neste caso. A

ação foi movida por algum plagiador do Mystery de Scranton que administra um site de

fãs. Ele tem um histórico de ações judiciais frívolas. Nossos advogados da VH1 irão cuidar

disso.”

Matador assentiu com a cabeça. “Falando em VH1,” ele disse, sorrindo largamente, “parece

Lovedrop sorriu. “Parabéns. Mystery disse que você venceu todos os outros concorrentes. Ele

disse que você é o melhor.”

“Hey Brother,” disse Matador, fazendo sua imitação de jogador de basquete em uma entrevista após o jogo. “Eu só estou tentando

ganhar alguns jogos. Eu sou lindo, meu esperma é lindo...”

Lovedrop riu. “Bem, eu estou indo fazer umas ligações,” ele disse. “É possível que as contas fiquem pesadas. Chegou a hora de racionarmos os suprimentos e parar de desperdiçar cinco mil

no Tantra nas noites de segunda.”

“Pense sobre isso, cara,” disse Matador. “Para viver bem ao final, nós não precisamos de mais

que vinte e cinco mil por mês. Um bom lugar, no pior dos casos, que é dez a quinze mil por

mês para todos nós. Uma Ferrari. Você pode ter uma Ferrari por uns dois mil por mês. Contando com o seguro. Mesmo com limusines,

garrafas, restaurantes, seguranças, personal trainer, assistente – Eu te digo, você não pode gastar mais que vinte e cinco mil por mês. Você

Lovedrop disse, “Nós estamos com aquele estudante no andar de baixo. Você vai sair com

a gente à noite ou o que?”

Matador deu uma longa tragada no seu cigarro e olhou pensativo para longe. Ele não parecia

ouvir nada. “Matador?”

Matador exalou devagar. “Matador!”

“Sim, sim, eu cuidarei disso,” Matador disse enquanto apagava o cigarro.

“Eu vou entrar”, disse Lovedrop, e ele levantou- se abruptamente.

“Mais uma coisa: Você não pode azucrinar tanto assim o Mehow, ou o The Rat. Eles ficam

putos com isso. Você cria inimizade; eles fantasiam sobre como podem te atingir de

volta. Nós já temos inimigos o suficiente.” “Entendido, entendido,” disse Matador. Ele deu outro gole no seu café. “Hey Brother, você sabe

político como você. Pessoas gostam de você. Mas eu estou tentando mudar, eu estou tentando aprender. Você sabe que estou

fazendo um esforço.”

“Eu sei, você está se saindo bem,” disse Lovedrop. “Você só é muito bruto.” Matador riu. “Hey Brother, você sabe que sempre que você precisar de mim para lidar

com algo no estilo Matador, basta dizer a palavra. Você sabe que eu sempre cobrirei

você.”

“Eu sei,” disse Lovedrop, e entrou na casa, fechando a grande porta vermelha atrás dele.

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