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2.3 A DIDÁTICA NA ATUALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR

2.3.1 Ensino Superior – Tendências e Desafios

2.3.1.1 Tendências

A diferença que sempre existiu entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, aumenta cada vez mais, com referência às condições de ensino superior e pesquisa.

Segundo a UNESCO (1999, p.11), além das especificidades regionais, nacionais e locais, existem três tendências que emergem nos sistemas educacionais de ensino superior e em suas instituições espalhadas pelo mundo: a

expansão quantitativa, geralmente acompanhada por desigualdades continuadas

de acesso entre regiões e países; a diversificação de estruturas institucionais, programas e formas de estudo e as dificuldades financeiras.

A expansão quantitativa é devida a vários fatores: crescimento demográfico; avanços significativos na provisão do ensino fundamental e do ensino médio, habilitando maior número de estudantes para o ingresso no ensino superior; o crescimento econômico e a consciência de sua relação com o investimento no ensino superior; o aparecimento de países independentes e democráticos que vêem no ensino superior a chave para:

• o desenvolvimento econômico;

• as mudanças sociais, culturais e políticas; • criar uma identidade nacional;

• desenvolver recursos humanos e locais; • receber conhecimento e tecnologia.

Os dados estatísticos da UNESCO (1999, p.30) mostram esse crescimento: o número de estudantes no ensino superior, cresceu de 13 milhões em 1961, para 65 milhões em 1991. Nos países em desenvolvimento o crescimento foi de 3 milhões em 1961 para 30 milhões em 1991.

Essas tendências devem ser interpretadas levando-se em conta, a baixa base do ensino superior nos países em desenvolvimento e o alto índice de crescimento demográfico.

É significativo também, que a expansão tem se concentrado mais nos programas de estudo que envolvem menores gastos com pessoal , equipamento e funcionamento em geral do que em áreas que demandam gastos maiores como as ciências naturais e tecnológicas.

As projeções da UNESCO (1999, p.33) para matrículas no ensino superior no mundo, apresentam um crescimento de 65 milhões em 1991 para 97milhões em 2015 e 100 milhões em 2025. A previsão nos países em desenvolvimento é de 30 milhões de estudantes em 1991 para 50 milhões em 2015 e 54 milhões em 2025. As desigualdades porém continuarão nos países em desenvolvimento, tendo em vista o crescimento demográfico no mesmo período.

Mudanças estruturais e metodológicas necessitam ser efetivadas pelos governos e pelas instituições de ensino superior, mudanças internas e externas que já vêm ocorrendo em muitas instituições.

Os fatores externos têm sido:

• aumento da necessidade social para o ensino superior e necessidade de suprir uma clientela mais diversificada;

• cortes drásticos nos gastos públicos para o ensino superior; • mudanças constantes das necessidades do mercado de

profissionais nos campos tecnológicos e de gerência em novos contextos, devido à globalização e regionalização das economias.

Os fatores internos têm sido pertinentes pela reorganização do ensino e das atividades de pesquisa no ensino superior:

• grande avanço da ciência e conseqüente desenvolvimento de disciplinas acadêmicas diversificadas;

• conscientização sobre a necessidade de promover a aproximação interdisciplinar e multidisciplinar e métodos de ensino, treinamento e pesquisa;

• desenvolvimento de novas informações e de tecnologias de comunicação e de sua aplicabilidade a várias funções e necessidades no ensino superior.

Atingir as expectativas sociais a respeito do ensino superior, quando os recursos diminuem, traz maiores dificuldades para os países em desenvolvimento. De acordo com estatísticas da UNESCO (1999, p.38), os países em desenvolvimento gastam muito mais, proporcionalmente ao seu PIB, no setor de ensino superior. O gasto médio para cada estudante é dez vezes menor em países em desenvolvimento do que no mundo industrializado. Esses países estão ainda longe de poder alocar o nível de apoio de que necessitam ou que são encontrados nos países desenvolvidos.

Nenhum país pode , hoje, suportar um sistema compreensivo de ensino superior, somente com fundos públicos e é pouco provável que essa tendência seja revertida nos anos vindouros, tendo em vista o estado da economia em várias regiões e os déficits que persistem dos Estados e comunidades locais.a procura de fundos faz parte da ‘paisagem política’ do ensino superior e a busca de fontes alternativas de recursos é maior nos países em desenvolvimento.

Em conseqüência, há muita pressão para que se modifique a distribuição das responsabilidades de custeio, como:

• introdução e/ou aumento das mensalidades escolares e de outros custos relacionados as estudos;

• promoção de atividades para gerar renda; • contratos de pesquisa;

• serviços acadêmicos e culturais; • cursos de curta duração, e outros.

Como o conhecimento é universal, sua busca, progresso e disseminação podem ser ampliados pelo esforço coletivo da comunidade acadêmica internacional. Essa é a razão da dimensão internacional inerente à vida acadêmica, envolvendo instituições de ensino superior, sociedades científicas e associações de estudantes.

De acordo com a UNESCO (1999, p.40), o número de pessoas que buscam ensino superior fora de seus países de origem, aumentou em quase 30% na última década. A mobilidade estudantil ocorre fora da estrutura de

programas de intercâmbio e os estudantes são, em sua maior parte, oriundos de países em desenvolvimento.

Os países desenvolvidos ficam com os benefícios, devido ao risco da fuga de inteligências, causando um dilema maior para a cooperação internacional em ensino superior, especialmente em suas formas mais tradicionais, em que a longa ausência do país natal ou instituição acadêmica é a norma.

A escala de perda desse capital humano, dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos, está de certa forma relacionada ao fato de que estes levam em conta, as credenciais educacionais e profissionais dos candidatos à imigração.

A falta de incentivos e oportunidades internas para o avanço profissional de pesquisadores e graduados, pode ser um fator preponderante à saída interna e externa das inteligências – ambas prejudiciais ao funcionamento do ensino superior a longo prazo. (UNESCO, 1999, p.41)

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