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CAPÍTULO 4 : MOBILIDADE POR ONDAS SUPERFICIAS DE GRAVIDADE NA

3.5 Tensão de Cisalhamento de Fundo e Mobilidade do Sedimento de

cisalhamento de fundo para cada uma das condições de mar está plotado na Figura 4.11. A partir da Figura 4.11 pode-se observar que a condição de mar CM1 (Figuras 4.11a e 4.11d) foi a que apresentou os menores valores para ambas as velocidade orbital de pico e tensão de cisalhamento de fundo. As condições de mar CM2 (Figuras 4.11c e 4.11f) e CM3 (Figuras 4.11b e 4.11e) apresentaram valores semelhantes para ambos os parâmetros. Os resultados indicam que os valores de velocidade orbital de pico e tensão de cisalhamento de fundo são em média 61% e 60%, respectivamente, maiores para CM2 e CM3 em relação a CM1.

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Figura 4.11: Boxplot da Velocidade orbital de pico (topo) e da tensão de cisalhamento de fundo (base) para cada uma das condições de mar: CM1 (a) e (d); CM3 (b) e (e); e CM2 (c) e (f). Os valores em negrito acima de cada um dos boxplots são respectivos aos valores medianos de cada um dos parâmetros, para cada condição de mar.

Um resultado interessante é que apesar de CM2 e CM3 terem apresentado de uma forma geral maior capacidade de remobilização do sedimento do fundo, CM1 foi a condição de mar que apresentou a maior quantidade de outliers, e inclusive os maiores valores para ambas as velocidade orbital de pico no fundo e tensão de cisalhamento de fundo. Esses valores foram registrados em um momento em que ondas e ventos de leste foram observados sobre a plataforma e resultam da combinação de elevados valores de 𝐻𝑠 (entre 2 e 2,5 m) em um local de baixíssima profundidade (7,4 m).

Como um reflexo do comportamento de ambos 𝐻𝑠 e 𝑇𝑝, os maiores valores de velocidade orbital de pico e tensão de cisalhamento de fundo estão associados à

99 ondas de leste, para a condição de mar CM1, e à ondas de sudeste para as condições de mar CM2 e CM3.

Quanto à mobilidade de fundo, através da Figura 4.12, pode-se observar que a condição de mar CM2 é a que apresentou maior percentual de mobilidade sobre a plataforma, seguida pelas condições de mar CM3 e CM1. Enquanto que CM2 apresentou mediana de mobilidade igual a 99,5%, CM3 e CM1 apresentaram, respectivamente, 98,8 % e 86,5 %. Ao longo do período analisado foi encontrado um valor mediano igual a 93,6 % para o percentual de mobilidade. Percentuais de mobilidade iguais a zero estão associados a pontos caracterizados por rodolitos.

Figura 4.12: Percentual de mobilidade considerando os 134 pontos, tanto em uma perspectiva anual (Março de 2013 a Fevereiro de 2014): : Anual (a) ;como para cada uma das condições de mar : CM1(b), CM3 (c), e CM2, (d).

Os percentuais dos eventos de mobilidade variaram espacialmente, tanto ao longo da costa, como de acordo com a profundidade. Ao longo da costa, os resultados (Figura 4.13) mostram que a PCES pode ser dividida em duas regiões: uma com menor percentual de mobilidade de fundo entre a entrada da Baía do Espírito Santo e a foz do Sistema Estuarino Piraquê-Açú/Piraquê-Mirim; e uma com maior

100 percentual de mobilidade de fundo entre a foz do Sistema Estuarino Piraquê- Açú/Piraquê-Mirim e a região da plataforma adjacente à Foz do Rio Doce. Enquanto na região com menor percentual de mobilidade, a zona de mobilidade do sedimento de fundo entre 80 e 100 % está limitada aos 25 m de profundidade, na região com maior percentual de mobilidade esta zona alcança os 40 - 50 m de profundidade. Tal resultado é uma resposta direta à distribuição espacial da tensão crítica de ressuspensão (Figura 4.10a), a qual apresenta maiores valores na região da plataforma entre a entrada da Baía do Espírito Santo e a foz do Sistema Estuarino Piraquê-Açú/Piraquê-Mirim e menores valores ao norte da foz do Sistema Estuarino Piraquê-Açú/Piraquê-Mirim.

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Figura 4.13: Variação espacial do percentual de mobilidade do sedimento de fundo para cada uma das condições de mar: CM1 (a), CM3 (b) e CM2 (c).

102 A Figura 4.14 mostra a distribuição do percentual de mobilidade para cada uma das condições de mar com a profundidade. Nota-se que enquanto para a condição de mar CM1, 100% de mobilidade é observada majoritariamente até os 16 m de profundidade, CM3 e CM2 alcançam 100% de mobilidade em profundidades de 20 m e 40 m, respectivamente. Destaca-se que a condição de mar CM3, entre 20 e 30 m de profundidade, alcançou os 100% de mobilidade para os pontos majoritariamente caracterizados por areia fina ou lama.

Figura 4.14: Variação espacial do percentual de mobilidade de acordo com a profundidade, para cada uma das condições de mar, considerando os 134 pontos.

Um resultado relevante é observado quando se analisa separadamente os pontos caracterizados por sedimentos coesivos. A partir da Figura 4.15 pode-se observar que para a condição de mar CM1, 100% de mobilidade é observada até os 11 m de

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Percentua l de Mobi li dade (% ) Profundidade (m) CM1 CM2 CM3

103 profundidade, enquanto CM3 e CM2 alcançam os 16 m e os 21 m, respectivamente. Além disso, é observado um aumento na diferença entre o percentual de mobilidade em direção a maiores profundidades quando se compara as condições de mar CM2 e CM3 à condição de mar CM1. Enquanto na profundidade em torno de 30 m, CM2 e CM3 são em média 15,6% com maior percentual de mobilidades que CM1, aos 45 m de profundidade essa diferença sobe para 37%.

Figura 4.15: Variação espacial do percentual de mobilidade de acordo com a profundidade, para cada uma das condições de mar, considerando os pontos caracterizados por sedimentos coesivos (𝐷50

menor que 63 μm).

Outro resultado importante que surge a partir da mobilidade do sedimento de fundo é a análise do excesso da tensão de cisalhamento de fundo, desde que esse excesso de tensão é um indicador da provável quantidade de sedimento que será erodido por uma determinada forçante. A Figura 4.16 mostra o excesso de tensão de cisalhamento de fundo para cada uma das condições de mar. A partir da Figura 4.16 é possível observar que é durante a condição de mar CM3 que é observada, em média, a maior quantidade de excesso de tensão de cisalhamento.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 Percentu al de Mobilidade (%) Profundidade (m) CM1 CM2 CM3

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Figura 4.16: Excesso de Tensão de Cisalhamento de Fundo (N/m2) para cada uma das condições de mar, considerando os 134 pontos de análise.

4. DISCUSSÃO

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