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Teores de nutrientes no solo (potássio, cálcio e magnésio trocável)

4.4 VARIÁVEIS QUÍMICAS DO SOLO

4.4.2 Teores de nutrientes no solo (potássio, cálcio e magnésio trocável)

Os teores de potássio, cálcio e magnésio trocáveis representam a soma das bases trocáveis nos sistemas de usos da terra em estudo, sendo referência na fertilidade do solo; seus valores estão representados na Figura 15. Os teores de K+ observados apresentaram níveis

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extremamente baixos (MOREIRA et al., 2005; QUESADA et al., 2012); ou, havia ausência do elemento mesmo nos sistemas de usos da terra que receberam adubação potássica e não diferiram estatisticamente entre os sistemas nem as profundidades.

O potássio é o segundo nutriente mineral requerido em maior quantidade pela planta; apresenta, assim, alta mobilidade. A elevada precipitação pluvial da Amazônia pode constituir um fator importante de perda desse nutriente pela lavagem da copa e por lixiviação; e são maiores que as perdas de fósforo, segundo Alfaia e Uguen (2013). Essa situação agrava-se nos solos tropicais, devido à baixa capacidade de retê-lo. Teores do potássio trocável se apresentaram baixos, segundo estudos de Moreira et al. (2005), com teores entre 0,01 a 0,05 cmolc dm-3. Mesmo nos usos da terra que receberam adubação com aplicação de cloreto de

potássio, SA2 e PUP não diferiram significativamente dos demais usos da terra pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade, nem nas diferentes profundidades.

Os sistemas SA2 e PUP que receberam adubação potássica regularmente não apresentaram teores satisfatórios desses nutrientes, o que pode ser justificado pelo trabalho de Rosalem et al. (2006), que consideram que parte do K+ é facilmente removido do sistema, necessitando de doses contínuas via adubação orgânica por meio da mineralização da liteira ou adubação mineral; em suas observações, o autor notou que a passagem do potássio trocável para não trocável é rápida, tanto que o K lixiviado do solo proporciona aumento dos teores de K não trocável.

A distribuição dos teores de K nos tratamentos e nas profundidades dos solos estudados indica que mais 80% apresentam teores iguais ou inferiores a 0,10 cmolc dm-3,

classificados como baixos a muito baixos, segundo Moreira et al (2005). Estes valores refletem a natureza do material de origem e o intemperismo acentuado deste material, resultante de precipitação pluvial e temperatura elevada. Segundo Alfaia e Uguen (2013), os solos da Amazônia têm baixos teores de potássio e passam a ser elemento limitante devido ao requerimento relativamente alto que muitas plantas nativas têm por esse elemento.

Os maiores teores de Ca2+ ocorreram na camada de 0-10 cm - camada orgânica do solo -, com teores variando de 0,04 a 1,61 cmolc dm-3 entre os sistemas. Na maioria dos sistemas de

usos da terra, os teores de cálcio trocáveis são considerados muito baixos (MOREIRA et. al., 2005) tanto na camada superficial como nas camadas mais profundas, com exceção dos teores no SA2 e PUP (1,61 e 1,22 cmolc dm-3 na camada mais superficial, respectivamente) que

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receberam adição de cálcio via calagem, mantendo altos níveis entre os sistemas de uso da terra.

Os mais elevados teores de cálcio trocável estão nos solos dos sistemas de uso da terra onde foram aplicados corretivos. Os teores de cálcio abaixo de 2 cmolc dm-3 são considerados

baixos por Moreira et al. (2005). Para Alfaia e Urguen (2013), a acidez do solo junto com a deficiência de cálcio no solo limitam o desenvolvimento vegetal, sendo a aplicação do corretivo agrícola, por meio da calagem, a prática mais efetiva para qualificar os teores de bases trocáveis e pH no solo. Os solos sob os sistemas FLO, CAP e SFP apresentaram os menores níveis de cálcio entre os sistemas de uso da terra; e profundidades com teores inferiores a 1,0 cmolc dm-3, evidenciando deficiência de cálcio trocável, com implicações para o

desenvolvimento das plantas cultivadas.

Os níveis de Ca2+ e Mg2+ foram encontrados nas camadas mais superficiais (0-10 cm) e são considerados baixos por Moreira et al. (2005). Alguns autores atribuem a concentração nessas camadas ao acúmulo de material orgânico rico em nutrientes, principalmente nos tratamentos com maior estoque de serapilheira, como FLO, CAP e SFP associado ao alto teor de MO (FALCÃO et al., 2010 e MOLINE et al., 2015). Para Alfaia e Urguem (2013), a dinâmica e a quantidade elevada de cálcio contida na parte vegetativa em todos os sistemas de uso da terra possibilitam o retorno dos restos dos vegetais ao solo, resultando na reincorporação de quantidades apreciáveis do cálcio e magnésio.

Os maiores teores de Mg2+ ocorreram na camada de 0-10 cm de profundidade, com valores variando de 0,07 a 1,57 cmolc dm-3. A disponibilidade de magnésio trocável na maioria

dos sistemas de uso da terra não apresentou diferença com a profundidade, à exceção dos solos sob sistemas SA2 e PUP, que receberam adição de magnésio via calagem, mantendo assim os mais altos teores entre os sistemas de usos da terra, principalmente na camada orgânica (0-10 cm). Os tratamentos sob FLO, CAP e SFP apresentaram os mais baixos teores dos nutrientes entre os sistemas de usos da terra e profundidades.

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Figura 15-Teores de potássio (K) (A), cálcio (Ca2+) (B) e magnésio (Mg2+) (C) trocáveis nos diversos sistemas de uso da terra e profundidade.

Floresta primária (FLO); Capoeira (CAP); Sistema floresta plantada com Acacia mangium (SFP); Sistema agroflorestal com baixo insumo (SA1); Sistema agroflorestal com alto insumo (SA2); Cultivo de pupunheira/palmito (PUP); Pastagem manejada (PA1); Pastagem alterada (PA2).

As maiores concentrações de Ca2+ e Mg2+ foram observadas na camada de 0-5 cm nos sistemas de uso da terra que receberam adubação e calagem nos seus planos de manejos, SA2 e PUP, com teores considerados bom e muito bom, respectivamente. Esses resultados realçam diferenças estatísticas em relação aos demais sistemas de uso da terra que apresentam teores baixos desses nutrientes. Em profundidades maiores de 30 cm não se observaram diferenças entre os sistemas de uso da terra pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade, com níveis extremamente baixos, não importando os sistemas de manejo adotado (ANEXO 2).

Jakelaitis et al. (2008) e Moline et al. (2015) relatam que a diminuição de Ca2+, Mg2+ e K+ ocorre em decorrência da retirada da floresta nativa para atender outros sistemas de uso da terra, atribuído, principalmente, pelo mal manejo do solo e à remoção contínua das plantas, erosão, entre outros fatores. Esses fatos são confirmados pelos tratamentos que recebem manejos com fertilização de nutrientes via adubação, corroborando com diversos trabalhos que confirmam que em solos de baixa fertilidade da Amazônia faz-se necessária a reposição de nutrientes para o desenvolvimento do vegetal (OLIVER et al., 2013; ALFAIA e UGUEN, 2013; SANTOS et al., 2015).

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