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TEORIA DA COGNIÇÃO SITUADA

No documento Natana Souza da Rosa (páginas 81-85)

No contexto da Psicologia e da Educação as teorias da aprendizagem estão relacionadas aos modelos que visam entender e explicar os processos de apredizagem pelos indivíduos. Este campo de estudo aborda sobre o desenvolvimento cognitivo das pessoas existindo diversas teorias com diferentes características. Pelo fato deste trabalho estar inserido no contexto da educação a distância e dos objetos de aprendizagem que tem por objetivo o compartilhamento do conhecimento, e por se preocupar com aspectos sociculturais principalmente dos sujeitos surdos, esta pesquisa se baseia nos princípios da Teoria da Cognição Situada. Esta teoria está pautada nas relações sociais dos indivíduos e na construção do conhecimento a partir do compartilhamento deste.

Pode-se entender que a Cognição Situada origina-se de uma corrente que intui conhecer, compreender e explicar os fundamentos de como os humanos se comportam baseados em estudos nos mais diversos campos do conhecimento, como: tratamento da informação, resolução de problema, tomada de decisão, compartilhamento de conhecimentos dentre outros. A Cognição Situada buscar estudar os relacionamentos entre os agentes sejam eles humanos ou informáticos, e os elementos da situação sejam eles os objetos presentes no ambiente (SANTOS, 2004 apud VANZIN, 2005).

Jean Lave (1988) cunhou o termo Cognição Situada ao buscar descrever o processo cognitivo como um fenômeno não apenas psicológico, mas um fenômeno que decorre das relações entre a ação e o ambiente sociocultural caracterizado e reconhecido pelos indivíduos. Solidificando esse conceito Hutchins (2000) e Suchman (1987) se apresentam como fortes alicerces nessa área. Sendo assim, para que possamos entender melhor esse conceito, três aspectos são imprescindíveis para que se entenda a aprendizagem ou cognição como sendo situada:

1º) porque remete a pensamentos e ações das pessoas que acontecem em um espaço, em um tempo;

2º) porque diz respeito a práticas sociais nas quais estão em jogo a participação e o envolvimento de outras pessoas;

3º) porque é sempre atrelada a contextos sociais, marcadamente reconhecidos como fontes de significados e de significações (OLIVEIRA; SANTOS, 2011).

Na Cognição Situada o aluno não é um receptor passivo de conhecimento e também não constrói conhecimento centrado em si, engajando-se em uma comunidade de prática11, ele age sobre as situações e com as situações acarretando recíproca mudança. Esta teoria define que todo ato cognitivo é um ato experiencial, e, portanto, situado, resultante do acoplamento estrutural e da interação congruente do organismo em seu ambiente. A cognição não é, portanto, a representação de um mundo pré- concebido, cujas características podem ser especificadas antes de qualquer atividade cognitiva (VENÂNCIO; BORGES, 2006).

Essas peculiaridades fortalecem a crença de que o aprendizado é melhor quando ocorre no meio social e cujos meios de obtê-lo são diferentes dos métodos tradicionais dando sustentação ao enfoque desse trabalho (Quadro 2).

Quadro 2 – Comparativo entre a aprendizagem tradicional e a situada. Aprendizagem Tradicional Aprendizagem Situada  Fora do local de trabalho.

Separada do trabalho, isto é, não no momento em que se necessita de conhecimento.

No local de trabalho. Integrada ao trabalho.

 Sobre demanda, no momento necessário.

Pode ser feita a distância. Formação em grupo. Formação individualizada e

flexível, em que cada um aprende a seu próprio ritmo.

 Aprendizagem passiva, geralmente considerada pouco eficaz (devido ao esquecimento).

 Aprendizagem muito interativa e visual, considerada como mais eficaz.

 Pouco informatizada.  Amplamente suportada pela informática:

Ambiente informatizado de educação;

Formação assistida por computador;

Simulador;

11 As comunidades de prática estão mais direcionadas ao conteúdo do que à forma e assumem que a aprendizagem é uma questão essencialmente ligada ao fato de pertencer e participar (VANZIN, 2005).

Sistemas de apoio à tarefa; Interfaces multimídia; Via web.

 Abordagem linear.  Abordagem não linear Hyperlinks nos documentos digitais;

Estrutura não linear nos documentos de papel. Fonte: Ergonet apud Vanzin, 2005.

As mais diversas interações possíveis entre agentes e objetos do ambiente listados no Quadro 2 são necessárias para que o conhecimento possa ser compartilhado e distribuído. A Cognição Situada é vista como um instrumento que possibilita a compreensão da informação como uma construção conduzida pelos sujeitos, partindo de suas realidades sócio históricas e de suas vivências. Esses sujeitos são considerados como seres históricos sociais e contingentes.

A principal contribuição desta teoria está na possibilidade da formulação de um novo paradigma que permite rever e ampliar a concepção clássica da ação humana, principalmente em relação ao cognitivismo ortodoxo (VANZIN, 2005).

A Teoria da Cognição Situada (TCS) visa substituir os pressupostos que a informação é igual para todos e o sujeito é passivo e age como mero receptor e emissor de informação. O novo paradigma é orientado para o usuário, centrado no sujeito e não no objeto. São os indivíduos que dão sentido às informações, categorizando - as e processando - as em diferentes contextos. Sendo assim os sentidos são variáveis e dependem da situação, da época, da necessidade e da importância da informação naquele momento (BORGES ET AL, 2004 apud TAKIMOTO, 2014). Alguns estudos do Programa de Pós-Graduação do EGC relacionados a educação a distância também adotaram esta teoria como arcabouço teórico. Entre eles estão: Pivetta (2016), Lapolli (2014), Takimoto (2014), Quevedo (2013) e Schneider (2012). Deste modo, esta

pesquisa se fundamenta na Teoria da Cognição Situada por considerar que a aprendizagem deve ser flexível, respeitando as características de cada indivíduo e por considerar os mesmos como sendo o centro do processo de ensino-aprendizagem. A educação a distância surge então como ferramenta para o alcance deste tipo de educação. Além disso, os preceitos desta teoria permitiram conduzir a aplicação da pesquisa no sentido de não restringir o diálogo entre alunos no momento da leitura e da realização da atividade, e ainda não instituindo tempo limite para a realização das mesmas.

No documento Natana Souza da Rosa (páginas 81-85)