[44] O Impacto da Formação Pós- Graduada nos Professores e nas Escolas
ANA RITA FARIA
Área de Especialidade: Teoria e Desenvolvimento Curricular
Tese orientada pela Professora Doutora Maria Helena Peralta e pelo Professor Doutor Pedro Reis
Resumo: A opção por determinada Formação Pós-Graduada (FPG) por parte dos professores resulta
maioritariamente de uma autoproposta consequente de uma decisão individual. No entanto, até ao momento, não se conheciam as razões dessa decisão, as suas causas e os efeitos subjacentes. Assim, o estudo aqui apresentado tem como objetivo central estudar o impacto que a FPG teve num conjunto de professores do ensino básico e do ensino secundário situados
profissionalmente num agrupamento de escolas da rede pública e num colégio privado em Portugal.
Enfatizando o impacto da FPG, visa-se, sobretudo, estudar as mais-valias desta formação a três níveis: nas salas de aula (micro-impacto), nas escolas (meso-impacto) e nas práticas educativas e investigativas na comunidade (macro-impacto), pretendendo-se ainda apresentar recomendações no sentido de potenciar os efeitos da FPG nas escolas e da sua rentabilização pelos órgãos de gestão.
Nesta investigação de natureza qualitativa foram adotados diferentes procedimentos metodológicos. O primeiro passou pela aplicação, tratamento e análise de questionários, visando sinalizar, nas instituições envolvidas, os professores com FPG. Seguiu-se a realização de entrevistas semi-diretivas aos docentes pós- graduados envolvidos na investigação, pretendendo-se compreender de que modo mobilizam as competências desenvolvidas nos três níveis
anteriormente referidos, e aos órgãos de gestão - topo e intermédias - com o intuito de compreender o real impacto da FPG nas escolas, tal como a
importância que lhe é concedida nas diferentes práticas. Prevê-se ainda recorrer à análise documental
permitindo traçar os perfis curriculares das pós-graduações frequentadas. Como tarefa transversal a todo o processo, é essencial a (re)construção de um quadro teórico de referência enquanto suporte da construção de uma tipologia de análise dos dados recolhidos no trabalho empírico, integrando elementos da Teoria e Desenvolvimento Curricular, da Pedagogia no Ensino Superior, da Formação Pós-Graduada e da Avaliação do Impacto.
No que concerne aos resultados preliminares deste estudo é de referir que a melhoria das práticas
profissionais, a necessidade de aprofundar conhecimentos e a
realização pessoal foram os principais motivos que levaram os professores participantes a frequentar cursos de pós-graduação. Quanto aos efeitos destes cursos no plano micro
manifestam-se sobretudo na melhoria das práticas; por sua vez, no nível meso refletem-se essencialmente no
desenvolvimento do trabalho colaborativo; e no nível macro
traduzem-se na divulgação das investigações que realizaram. Relativamente aos órgãos de gestão, salienta-se o facto de não
(re)conhecerem e não considerarem a FPG na distribuição de tarefas e funções. No entanto, quanto às
sugestões para potenciar os efeitos da FPG, professores e coordenadores (de escola, de departamento e de ciclo) propõem a criação de momentos de reflexão, recomendam que se repense a organização escolar e o reconhecimento pela direção e pela tutela.
De salientar que estes dados, até ao findar da investigação, podem vir a sofrer alterações significativas, uma vez que as respetivas análises estão ainda em curso.
Palavras-chave: formação pós- graduada, professores, avaliação de impacto
[36] Currículo informal online: contributos para a sua
caracterização JOANA VIANA
Área de Especialidade: Teoria e Desenvolvimento Curricular Tese orientada pelos Professores Doutores Maria Helena Peralta e Fernando Albuquerque Costa Resumo: Apresenta-se o projeto de investigação em curso no âmbito do programa doutoral em Educação, na área de especialidade em Teoria e Desenvolvimento Curricular, que visa analisar, teórica e empiricamente, o pressuposto de um currículo que enquadra as aprendizagens realizadas em ambientes informais online e, nesse sentido, estudar como se caracteriza e configura esse currículo e o que o distingue do currículo formal. Nas suas diferentes definições e conceções, o currículo está, na sua
esmagadora maioria, associado ao contexto escolar, à organização das aprendizagens que se promovem e realizam na escola, com caráter formal e predefinido. No entanto, é certo que o currículo não se reduz ao contexto escolar. Sabe-se hoje que
independentemente de passarmos grande parte da nossa vida em contextos e situações formais de aprendizagem (escola, trabalho, ações de formação contínua, entre outras), as aprendizagens realizadas ao longo da vida são, na sua maioria, de caráter informal, desenvolvidas em situações ou contextos informais. A evolução da Internet, a utilização massiva das tecnologias digitais e as experiências de aprendizagem vividas em ambientes online colocam desafios curriculares nas sociedades contemporâneas, uma vez que pressupõem alterações significativas na forma de organizar o trabalho pedagógico desenvolvido no ciberespaço. Nesses ambientes de aprendizagem, mais ou menos
estruturados, mais do que um currículo formal e prescrito, assume
preponderância um currículo aberto e flexível, decorrente da ação.
Questionamo-nos, portanto, se ainda é possível falar de currículo nesses contextos e se é viável reconceptualizar o conceito de currículo. Parte-se da hipótese de que em contextos
informais, desprovidos de estrutura ou orientações prévias para a
aprendizagem, cada um de nós constrói o seu currículo: organiza o seu
processo de aprendizagem de acordo com os seus interesses, objetivos ou motivações, tomando decisões sobre o que aprender, como aprender, quando e com quem aprender, através da escolha dos recursos e das estratégias a utilizar, no decorrer da ação.
Em termos metodológicos, a
natureza qualitativa, complementada por dados quantitativos. Estrutura-se com base na triangulação de métodos e de técnicas para a recolha e análise de dados: inquérito por questionário, entrevista e documentação de episódios de aprendizagem online.
Os resultados obtidos indiciam que o currículo em ambientes informais online se configura com base em características que lhe atribuem um caráter informal - currículo informal online. O aprendente é o principal agente da aprendizagem e o decisor sobre o que é aprendido, como e
quando, em prol dos seus interesses, necessidades ou objetivos pessoais. Na sua maioria, as experiências de
aprendizagem online realizam-se de modo intencional, sozinhos ou com os pares (colegas da mesma área
profissional, colegas de trabalho, pessoas com interesses comuns), numa variedade de ambientes online, dias e horários, que não estão previamente definidos e delimitados.
Palavras-chave: currículo, ambientes informais online, currículo informal online