• Nenhum resultado encontrado

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Enfoques Teóricos Gerais do Modelo

2.1.3. Teoria dos Recursos

A literatura sobre estratégia competitiva tende a enfatizar o posicionamento estratégico em termos de escolha entre custo e diferenciação e entre mercado restrito e abrangente (Hoffman & Molina-Morales, 2003). Desta forma, entende-se que a consideração dos recursos organizacionais é tida como premissa fundamental nessas escolhas, ou seja, é a posição da organização, baseada nos seus recursos, que lhe permite perseguir um determinado posicionamento estratégico numa empresa (Grant, 1991).

A discussão sobre a administração estratégica é, hoje, uma constante dentro das organizações, e uma abordagem de grande importância para essa discussão é denominada de Visão Baseada em Recursos (VBR), a qual sugere que as diferenças de desempenho entre as empresas possuem forte dependência dos recursos internos de cada uma delas, em especial dos

12

recursos intangíveis baseados na gestão de conhecimento, como as rotinas organizacionais (Paiva, 1999). Sendo assim, pode-se afirmar que a visão baseada em recursos é uma teoria que preconiza que as empresas são capazes de gerar vantagem competitiva se possuírem e gerenciarem recursos raros, valiosos e de difícil imitação (Wernerfelt, 1984; Barney & Clark, 2007). Desta forma, um competidor poderia obter desempenho acima da média obtendo recursos superiores, se tais recursos fossem protegidos por mecanismos e barreiras capazes de prevenir sua disseminação pelo mercado.

Na visão baseada em recursos as organizações são vistas como um conjunto de recursos e capacidades que não deve ser livremente comprado e vendido no mercado (Wernerfelt, 1984). À medida que esses recursos e capacidades específicos da organização geram benefícios econômicos, eles não devem ser integralmente duplicados pelos competidores, pois passarão a ser fontes de vantagem competitiva sustentável (Nassif & Hanashiro, 2003).

Sobre isso, tanto Wernerfelt (1984) quanto Hansen e Wernerfelt (1989) relataram que, de um modo mais formal, os recursos não devem ser considerados como forças e fraquezas, mas sim como tangíveis e intangíveis. Os recursos tangíveis são aqueles cuja duplicação pelos competidores é mais fácil; são mensuráveis por mecanismos convencionais de contabilidade e comumente explicitados nos balanços anuais, por exemplo. Já os intangíveis são definidos como recursos menos visíveis pela concorrência e dificilmente compreendidos e replicáveis; propriedade intelectual, patentes, registro e reputação da marca, rede de negócios e banco de dados da empresa exemplificam a classificação de recursos intangíveis. A partir dessa concepção, delineou-se a classificação dos recursos como tangíveis ou intangíveis e evidenciou- se outro aspecto relevante da teoria: o fato de ser possível de demonstrar que nem todos os recursos têm igual importância ou mesmo possuem potencial para proporcionar vantagem competitiva sustentável.

De modo enfático, Collis e Montgomery (1995) definiram a visão baseada em recursos como uma perspectiva que enxerga a organização como um conjunto de recursos tangíveis e intangíveis e não com base na atuação produto/mercado.

Wernerfelt (1984) ainda define recurso como sendo qualquer coisa que pode ser pensada como um ponto forte ou competitivo por permitir adquirir ou desenvolver mecanismos superiores ou uma combinação superior de mecanismos. Deste modo, o objetivo de uma empresa consiste em obter ou organizar recursos que sejam superiores aos dos seus concorrentes. Exemplificando, Pires e Marcondes (2004) afirmam que o conhecimento organizacional pode conduzir a níveis superiores no desenvolvimento e produção de bens e serviços. Nesse sentido, o conhecimento organizacional pode ser o fundamento de uma vantagem competitiva sustentável para a organização, vantagem essa compreendida como a obtenção de “desempenho superior” de uma organização sobre suas demais concorrentes.

13

Outra possibilidade de classificação dos recursos é a distinção entre estáticos e dinâmicos; sendo que os estáticos, segundo Barney e Clark (2007), são considerados como ativos que têm uma vida útil durante a qual devem ser utilizados e os dinâmicos residem nas capacidades, a exemplo da capacidade de aprender que pode gerar oportunidades adicionais por longos períodos, conforme amplamente abordado, também, por Nonaka e Takeuchi (1997).

A perspectiva do conhecimento como um recurso, deriva da teoria da visão baseada em recurso (VBR) que emergiu como um tema importante na gestão estratégica (Foss, 1997). A VBR fornece uma base teórica sobre a importância do recurso conhecimento no aumento do desempenho da competitividade sustentável da empresa (Lee; Lee & Kang 2005). Uma perspectiva baseada no conhecimento, que postula vantagem competitiva, baseia-se em particular nos recursos desenvolvidos, tácito e explícito, dentro da empresa (Hendriks & Vriends, 1999).

Conforme ressalta Terra (2005), ao contrário dos estoques financeiros, de recursos naturais ou mesmo de mão de obra não qualificada, o valor econômico do recurso “conhecimento” não é tão facilmente compreendido, classificado e medido. É um recurso invisível, intangível e difícil de imitar. Ainda, Norton e Kaplan (2004) reiteram a valorização dos “ativos intangíveis”, como uma poderosa fonte de vantagem competitiva sustentável.

A gestão do conhecimento está intrinsecamente ligada à capacidade das empresas em utilizarem e combinarem as várias fontes e tipos de conhecimento organizacional para desenvolverem competências específicas e capacidade inovadora, que se traduzem, permanentemente, em novos produtos, processos, sistemas gerenciais e liderança de mercado (Davenport & Prusak, 1998). Nesse contexto, o conhecimento exerce um papel determinante, e várias organizações buscam capitalizar em torno desse fato (Alavi & Leidner, 2001).

Paiva, Fensterseifer e Roth (2000) destacam o conhecimento organizacional como um dos mais significativos recursos estratégicos sob as condições competitivas atuais, pois as empresas não estão apenas envolvidas na criação do conhecimento, mas também na aplicação do mesmo. Ainda segundo os autores, a capacidade de aprender é um dos principais aspectos a ser desenvolvido por empresas em ambientes competitivos mais dinâmicos. Nestas condições, é considerado que há a necessidade das empresas desenvolverem o que se chamam de estratégias de neo-operações, baseadas na rapidez da aprendizagem como diferencial competitivo. A competição relacionada à duração das capacidades da empresa está associada ao grau de dificuldade em trocar ou reproduzir estas capacidades e, como consequência, em trocar ou reproduzir o conhecimento que as sustenta.

Para Barney e Clark (2007), a avaliação dos recursos de uma empresa pode ser feita sob a perspectiva da análise VRIO e seus quatro indicadores: Valor; Raridade; Imitabilidade e Organização. Sendo que a resposta para essas questões seria determinante para verificar se um

14

recurso ou capacidade em particular é uma força ou uma fraqueza, como pode ser notado a seguir:

a) Questão do Valor: determinados recursos e capacidades permitem que a empresa responda às ameaças e às oportunidades?

b) Questão da Raridade: quantos competidores possuem determinados recursos e capacidades valiosos?

c) Questão da Imitabilidade: as empresas que não possuem um determinado recurso ou capacidade enfrentarão alguma desvantagem de custo para obtê-lo em relação as que já o possuem?

d) Questão da Organização: a empresa está organizada para explorar totalmente o potencial competitivo de seus recursos e capacidades?

O autor representa os quatro indicadores da sua tipologia através da tabela a seguir:

Tabela 1 – Tipologia VRIO

Fonte: Adaptado de Barney e Clark (2007)

VALOR RARIDADE DIFICIL