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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO

2.2.1 Teoria dos Sistemas

O primeiro conceito a ser assimilado para possibilitar uma melhor compreensão da ciência da Complexidade é a noção de sistema. A principal característica do pensamento

sistêmico, a totalidade ou ênfase no todo, emergiu simultaneamente em várias disciplinas na primeira metade do século XX, especialmente na década de 20. De acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo, ou sistema vivo, são propriedades do todo, que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e das relações entre as partes. Essas propriedades são destruídas quando o sistema é dissecado, física ou teoricamente, em elementos isolados. Os pioneiros do pensamento sistêmico foram os biólogos, que enfatizavam a concepção dos organismos vivos como totalidades integradas (CAPRA, 1996).

Para Capra (1996), o russo Alexander Bogdanov foi o responsável pela primeira tentativa na história da ciência de se chegar a uma formulação sistemática dos princípios de organização que operam em sistemas vivos e não vivos. Bogdanov denominou sua teoria de Tectologia, e seu livro pioneiro foi publicado, em três volumes, entre 1912 e 1917. O trabalho de Bogdanov, no entanto, ainda é em grande medida desconhecido fora da Rússia (CAPRA, 1996).

O biólogo Ludwig Von Bertalanffy é reconhecido como o principal teórico da Teoria Sistêmica, sendo que o nome, “Teoria Geral dos Sistemas”, e muitos de seus conceitos fundamentais são de autoria deste autor (KAST; ROSENZWEIG, 1980, apud ERDMANN, 1998). Bertalanffy apresentou sua teoria em 1937, mas os postulados básicos da teoria foram apresentados alguns anos mais tarde, em 1945. A Teoria Geral dos Sistemas surgiu diante da percepção de que era

[...] necessário estudar não somente partes e processos isoladamente, mas também resolver os decisivos problemas encontrados na organização e na ordem que os unifica, resultante da interação dinâmica das partes, tornando o comportamento das partes diferente quando estudado isoladamente e quando tratado no todo (BERTALANFFY, 1975, p. 53).

Assim, Bertalanffy (1975, p.61) definiu como objeto da Teoria dos Sistemas a “formulação de princípios válidos para os sistemas em geral, qualquer que seja a natureza dos elementos que os compõem e as relações ou forças existentes entre eles”.

Levando-se em conta a evolução desta teoria, é possível considerar que o moderno enfoque de sistemas, segundo Oliveira (1999), procura desenvolver:

• Uma técnica para lidar com a amplitude das organizações;

• Uma visão interativa do todo, a qual não permite a análise em separado das partes, em virtude das intricadas relações das partes entre si e com o todo, as quais não podem ser tratadas fora do contexto do todo;

• O estudo das relações entre os elementos componentes em preferência ao estudo dos elementos em si, destacando-se o processo e as possibilidades de transição, especificados em função dos seus arranjos estruturais e da sua dinâmica.

Diante deste contexto, um sistema pode ser definido como sendo um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e que efetuam determinada função (OLIVEIRA, 1999; REZENDE; ABREU, 2000).

De maneira geral, os sistemas apresentam os seguintes componentes: entrada, que é o conjunto de elementos que entram no sistema para ser processado; processamento, que se refere ao processo de transformação das entradas em saídas; e saída, que é o resultado do processo de transformação. Oliveira (1999) aponta também como componentes de um sistema:

• Objetivos, que se referem tanto aos objetivos dos usuários do sistema quanto aos do próprio sistema;

• Controles e avaliações do sistema, principalmente para verificar se as saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos;

• Retroalimentação, que pode ser considerada como a reintrodução de uma saída sob a forma de informação.

A Figura 7 apresenta um desenho esquemático dos componentes de um sistema:

Figura 7 - Componentes de um sistema Fonte: Adaptado de Oliveira (1999).

Os sistemas podem ser classificados em abertos ou fechados. Sistemas fechados são aqueles considerados completamente isolados de seu ambiente. Já nos sistemas abertos há um contínuo fluxo de entrada e saída (seja de matéria, energia ou informação) entre o ambiente e o sistema, sendo que este último nunca se encontra em um estado de equilíbrio (BERTALANFFY, 1975).

Em um sistema fechado, o estado final é sempre determinado pelas condições iniciais. Já num sistema aberto, um mesmo estado final pode ser alcançado partindo de diferentes condições iniciais e através de vários caminhos diferentes. Bertalanffy (1975) chama essa propriedade de eqüifinalidade.

Os sistemas também podem ser classificados em simples, quando possuem alguns poucos componentes e a relação entre esses componentes é simples e direta, ou complexos, quando possuem muitos elementos altamente relacionados e interconectados; em estáveis, quando sofrem poucas mudanças ao longo do tempo, ou dinâmicos, quando sofrem rápidas e constantes mudanças ao longo do tempo; adaptáveis, quando são capazes de mudar em resposta a alterações do ambiente, ou não adaptáveis, quando não possuem essa capacidade; e ainda permanentes, quando existem por um período de tempo relativamente longo, ou temporários, quando existem por períodos de tempo relativamente curtos (STAIR; REYNOLDS, 2002).

É importante deixar claro que o ambiente de um sistema pode ser definido como o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas que estão sempre em um processo de interação com ele, sendo que uma alteração no ambiente pode alterar os elementos do sistema e vice-versa (OLIVEIRA, 1999).

Para Oliveira (1999, p.26), na análise ou no estudo de um sistema, três níveis de hierarquia devem ser considerados:

• Sistema: é o que se está estudando ou considerando;

• Subsistemas: são as partes identificadas de forma estruturada, que integram o sistema;

• Supersistema ou ecossistema: é o todo; e o sistema é um subsistema dele.

Figura 8 - Níveis de um sistema Fonte: Oliveira (1999).