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A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) tem como precursores o biólogo Ludwig Von Bertalanffy e o economista Kenneth Boulding. Essa teoria surgiu na década de 1930 com uma equipe multidisciplinar de cientistas liderados por Bertalanffy, os quais perceberam a necessidade de desenvolver uma metodologia que fosse capaz de explicar questões complexas que não eram compreendidas pela metodologia analítica (CAVALCANTI; PAULA, 2012). Posteriormente, essa teoria ganhou destaque na administração ao ser incorporada no pensamento sistêmico já existente por considerar o ambiente das organizações complexo, dinâmico, com o qual se está inter-relacionado.

Essa teoria aponta que as propriedades dos sistemas não podem ser descritas em termos de seus elementos separados, mas, sim, quando se analisam os sistemas globalmente, ou seja, envolvendo todas as interdependências de suas partes (ANDRADE; AMBONI, 2007). De acordo com Holanda (2001), há problemas com as limitações dos procedimentos analíticos da ciência, pois estudar um sistema de forma científica é descobrir o inter-relacionamento entre as partes. Então, para se constituir em um sistema, um conjunto de itens não tem somente os n elementos para serem estudados, mas n (n-1) relações.

É oportuno ressaltar a importância da TGS em virtude da necessidade de se avaliar a organização como um todo e não somente em departamentos ou setores. Assim sendo, a TGS tem o intuito de identificar o maior número de variáveis possíveis, externas e internas, que, de alguma forma, influenciam em todo o processo existente na organização (ANDRADE; AMBONI, 2007). Além disso, a TGS tem como objetivo entender como os sistemas funcionam, classificar os sistemas segundo a maneira como seus componentes se organizam e identificar as leis ou padrões característicos do comportamento de cada categoria de sistemas (BERTALANFFY, 1972). Nessa concepção, tem-se o sistema como um todo, ou seja, algo que não pode ser dividido em partes independentes (GURGEL; RODRIGUES, 2009).

Os sistemas podem ser considerados abertos ou fechados. Quando abertos, eles interagem com o ambiente, trocando energia e matérias-primas por bens e serviços; já os sistemas fechados têm as relações entre os componentes do sistema: fixas, automáticas, sem que haja trocas com o ambiente (CARAVANTES; CARAVANTES; KLOECKNER, 2005). Diante dessas categorias, Barros e Nossa (1998) e Catelli e Santos (2003) entendem que as empresas são sistemas abertos e dinâmicos, compostos por subsistemas interdependentes que se relacionam continuamente entre si e com o seu ambiente. Assim a definição de Guerreiro (1989, p. 154) caracteriza a interação dos subsistemas da empresa:

Através do desempenho de suas funções, a empresa encontra-se em um processo interativo contínuo com o meio ambiente, obtendo recursos, transformando-os em produtos e atendendo aos seus objetivos. Esse processo desenvolve-se a partir da interação entre seus subsistemas, ou seja, as pessoas (subsistema social), condicionadas por determinados princípios (subsistema institucional), ocupando determinados postos com autoridade e responsabilidade pré-definidas (subsistema formal), tomam decisões (subsistema de gestão) sobre recursos (subsistema físico), utilizando informações (subsistema de informação), para que a empresa alcance seu objetivo.

As organizações são compostas de elementos inter-relacionados que atuam em conjunto, formando um sistema. Essas características das empresas apresentam as diversas áreas funcionais da visão sistêmica (SANTOS; PONTE, 1998). O modelo GECON percebe cada área de responsabilidade como uma unidade empresarial dentro da empresa e pressupõe a interação entre as diversas áreas de responsabilidade por meio de transações pelas quais os outputs de uma área são inputs de outra ou conjunto do sistema (PONTE; SANTOS, 1999).

Por sua vez, as empresas são influenciadas por fatores que lhe são exógenos, mas que interferem no seu funcionamento e desempenho, enquanto também têm capacidade de influenciar o seu meio envolvente, ou seja, elas podem influenciar o ambiente no qual estão inseridas (SERRA, et al., 2014).

Conforme proposto por Ackoff (1999), é possível classificar os sistemas em três tipos: mecânico, orgânico e social. Os sistemas mecânicos não têm um propósito próprio, mas têm funções que servem a propósitos externos. Isso ocorre devido a sua estrutura interna e às leis causais da natureza, como, por exemplo, os automóveis. Já os sistemas orgânicos têm propósito próprio, enquanto as partes desse sistema funcionam para atender aos sistemas dentro das suas áreas de conhecimento, exatamente, como o corpo humano. E, por fim, os sistemas sociais são sistemas abertos com finalidade própria e fazem parte de sistemas maiores, por sua vez, com finalidades próprias, por isso sua elevada complexidade (OLIVEIRA, 2013).

Pode-se, portanto, compreender uma entidade sob o prisma de qualquer um dos tipos de sistemas. Entretanto, Holanda (2001) apresenta aspectos da visão de Ackoff (1999), segundo o qual compreender a organização como sistema mecânico ou biológico tem sido cada vez mais difícil. Em consequência, começou-se a pensar as instituições como um sistema social em que as pessoas são importantes. Assim, os sistemas sociais são vistos como: (a) tendo finalidade própria; (b) sendo constituídos de partes com finalidade própria; (c) parte de sistemas maiores com finalidade própria; e (d) contendo outros sistemas com finalidades próprias.

A teoria dos sistemas, ao mesmo tempo que proporciona uma compreensão mais realista da complexidade do fenômeno organizacional, conscientiza de que os princípios e as regras ditados pelas várias escolas e pelos praticantes de administração são de alcance extremamente limitado e incapazes de equacionar, satisfatoriamente, os problemas mais significativos enfrentados pelas empresas (CARAVANTES; CARAVANTES; KLOECKNER, 2005).

A partir da identificação de que as empresas são sistemas abertos, emerge a necessidade do desenvolvimento de modelos de avaliação empresarial, considerando as variáveis externas (GURGEL; RODRIGUES, 2009). Nessa perspectiva, verifica-se a PESTAL como importante ferramenta de análise externa que corrobore a visão da organização como parte de um sistema aberto e dinâmico.

Nesse sentido, de acordo com Esteves (2012), um dos aspectos básicos para o tratamento dos sistemas é o ambiente, o qual constitui tudo o que está fora do controle sistêmico. Com isso, o sistema não pode fazer muita coisa a respeito das características ou comportamentos do ambiente; por outro lado, o ambiente determina, na maioria das vezes, o desempenho do sistema. Assim, ainda de acordo com Esteves, é muito importante avaliar o ambiente e o impacto que esse poderá ter sobre as ações tomadas dentro do sistema.

Dado que os sistemas são afetados pelo ambiente externo, considerar as influências das oscilações dos Ciclos Econômicos ao longo dos anos torna-se pertinente para análise sistêmica dos setores. Assim, de forma a complementar a análise do ambiente setorial, a Teoria dos Ciclos Econômicos é uma importante análise do ambiente extrínseco, não controlável, pela Teoria Geral dos Sistemas, sendo cabível a análise conjunta dessas abordagens teóricas.