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A teoria marxista do valor de Isaac Rubin e História e consciência de classe de Giörgy

No documento victorcesarfernandesrodrigues (páginas 57-67)

1. CONTEXTO DE SURGIMENTO DO TEMA DO FETICHISMO NO MARXISMO

1.2 A teoria marxista do valor de Isaac Rubin e História e consciência de classe de Giörgy

Dados os limites desta dissertação, não pretende este tópico provar qual destas obras expressa mais e melhor a necessidade de retomada do tema do fetichismo na tradição marxista, em decorrência das variáveis elencadas, junto ao processo de sua sistematização, mas sim sinalizar qual destes autores incorporou a temática do fetichismo de forma mais explícita, partindo tão somente de alguns apontamentos encontrados nestas obras mesmas que possam satisfazer a esta questão. Se no primeiro tópico recorremos ao contexto histórico de surgimento da problemática do fetichismo no marxismo, neste examinaremos as possíveis obras de referência a este contexto.

Para os limites do tópico, recorreremos primeiramente à obra de Lukács, História e

proletariado”.48

A escolha por este capítulo em específico é sintomática do fato de que apenas neste um tratamento rigoroso do tema é levado a cabo pelo autor. Se comparado ao livro de Rubin, por exemplo, esta diferença na ordem dos capítulos em relação ao tema do fetichismo é expressiva. Rubin, em seu livro A teoria marxista do valor, expõe em no mínimo sete itens e subitens o problema do fetichismo.49 Mas, neste capítulo em particular, Lukács analisa detidamente o fenômeno da reificação e o define preliminarmente da maneira que segue:

A essência da estrutura da mercadoria já foi ressaltada várias vezes. [Isto é, em outros capítulos desta investigação.] Ela se baseia no fato de uma relação entre pessoas tomar o caráter de uma coisa e, dessa maneira, o de uma “objetividade fantasmagórica” que, em sua legalidade própria, rigorosa, aparentemente racional e inteiramente fechada, oculta todo traço de sua essência fundamental: a relação entre os homens (LUKÁCS, 2003, p. 194).

Obviamente que esta definição prévia de Lukács está inteiramente correta, e inclusive comparece naquilo que seria uma versão básica acerca do tema do fetichismo; mas, quando comparada à forma como especifica Rubin, esta definição não é de todo completa:

Em que consiste a teoria marxista do fetichismo, segundo as interpretações geralmente aceitas? Consiste em Marx ter visto relações humanas por trás das

relações entre as coisas, revelando a ilusão da consciência humana que se origina da economia mercantil e atribui às coisas características que têm sua origem nas relações sociais entre as pessoas no processo de produção. [...] A teoria do fetichismo elimina da mente dos homens a ilusão, o grandioso engano originado pela aparência dos fenômenos, na economia mercantil, e a aceitação dessa aparência (o movimento das coisas, das mercadorias e seus preços de mercado) como essência

48

Para os limites desta dissertação, não poderemos recorrer a todas as partes em que o tema do fetichismo comparece no livro do referido autor. Pode-se verificar sua presença no item “O que é o marxismo ortodoxo” e também no item acerca da “Consciência de Classe”, em que Lukács empreende uma crítica às concepções teóricas de Kautsky e inclusive de Engels, a respeito do materialismo dialético, e analisa o fenômeno da reificação do ponto de vista da consciência de classe. Ainda que com os limites de um “hegelianismo” típico: “Os pacifistas e humanitaristas da luta de classes, que trabalham voluntária ou involuntariamente para retardar esse processo de crise já tão longo e doloroso, ficariam apavorados se compreendessem quanto sofrimento infligem ao proletariado prolongando essa lição. Pois o proletariado não pode furtar-se à sua vocação. Trata-se de saber apenas quanto deve sofrer ainda antes de alcançar a maturidade ideológica, o conhecimento correto de sua situação de classe, a consciência de classe.” (LUKÁCS, 2003, p. 184. Grifo meu). Inclusive, em alguma medida, encontram-se neste livro excelentes indicações acerca do fato de Lukács estar, nestes anos, retomando uma questão suspensa na tradição, a qual demonstramos, a partir de Negt, estar ausente inclusive no velho Engels. Diz Lukács: “A teoria objetiva da consciência de classe é a teoria da sua possibilidade objetiva. Até onde vai a estratificação dos problemas e dos interesses econômicos no interior do proletariado é algo

infelizmente muito pouco investigado, mas que certamente poderia levar a resultados muito importantes.” (Op. cit., p. 189. Grifo meu).

49O leitor pode consultar o primeiro capítulo, intitulado “A teoria de Marx sobre o fetichismo da mercadoria”,

que já delimita um âmbito de investigação inteiramente particular acerca do tema, seguido dos subitens intitulados “As bases objetivas do fetichismo da mercadoria”, “O processo de produção e sua forma social”, “A reificação das relações de produção entre as pessoas e a personificação das coisas”, “Coisa e função social (Forma)”, “Relações de produção e categorias materiais” e “O desenvolvimento da teoria do fetichismo por Marx.” (RUBIN, 1987). Apenas com estes indícios se pode constatar a riqueza analítica do tema trabalhado por Rubin, em comparação ao livro de Lukács, que apenas reserva um capítulo para exame da referida questão e, ainda assim, não a nomeia da mesma forma sistemática que faz Rubin.

dos fenômenos econômicos. Esta interpretação, entretanto, embora geralmente

aceita na literatura marxista, não esgota, de maneira nenhuma, o rico conteúdo da teoria do fetichismo desenvolvida por Marx. Marx não mostrou apenas que as relações humanas eram encobertas por relações entre coisas, mas também que, na economia mercantil, as relações sociais de produção assumem inevitavelmente a forma de coisas e não podem se expressar senão através de coisas. A estrutura da

economia mercantil leva as coisas a desempenharem um papel social particular e extremamente importante e, portanto, a adquirir propriedades sociais específicas.

Marx descobriu as bases econômicas objetivas que regem o fetichismo da mercadoria (RUBIN, 1987, p. 20. Grifo meu).

Mas em que sentido esta citação de Rubin pode oferecer um aporte acerca da questão do fetichismo da mercadoria na tradição marxista mais sistemático e mais completo do que o de Lukács, exclusivamente pela diferença de conteúdo implícita em ambas as citações? Ao que parece, esta diferença reside na própria maneira como estes pensadores apreendem a temática. Ao passo que Lukács afirma que:

Não pertence ao âmbito deste estudo analisar o quanto essa problemática tornou-se central para a própria economia e quais consequências o abandono desse ponto de partida metódico trouxe para as concepções econômicas do marxismo vulgar. Nosso objetivo é somente chamar a atenção – pressupondo as análises econômicas de Marx – para aqueles problemas fundamentais que resultam do caráter fetichista da mercadoria como forma de objetividade, de um lado, e do comportamento do sujeito submetido a ela, de outro (LUKÁCS, 2003, p. 194).

Rubin assevera:

Partindo de um suposto sociológico concreto, a saber, da estrutura social concreta

de uma economia, a Economia Política nos dá, antes de mais nada, as características

desta forma social de economia e das relações de produção que lhe são específicas.

Marx nos dá essas características gerais em sua “teoria do fetichismo da mercadoria”, que poderia ser chamada, com maior exatidão, de teoria geral das relações de produção na economia mercantil-capitalista (RUBIN, 1987, p. 16).

Esta diferença de abordagem acompanhará diferentes conclusões destes autores? Tomaremos alguns pontos de encontro entre Lukács e Rubin, neste aspecto em particular, ao que submeteremos pequenos comentários. Lukács diz, em certa altura de seu livro, o seguinte:

Pois é somente como categoria universal de todo o ser social que a mercadoria pode ser compreendida em sua essência autêntica. Apenas nesse contexto a reificação surgida da relação mercantil adquire uma importância decisiva, tanto para o desenvolvimento objetivo da sociedade quanto para a atitude dos homens a seu respeito, para a submissão de sua consciência às formas nas quais essa reificação se exprime, para as tentativas de compreender esse processo ou de se dirigir contra seus efeitos destruidores, para se libertar da servidão da “segunda natureza” que surge desse modo. [...] Desse fato básico e estrutural é preciso reter, sobretudo que, por meio dele, o homem é confrontado com sua própria atividade, com seu próprio trabalho como algo objetivo, independente dele e que o domina por leis próprias,

que lhes são estranhas. E isso ocorre tanto sob o aspecto objetivo quando sob o subjetivo (LUKÁCS, 2003, p. 198-9).

Esta citação de Lukács é emblemática pelo modo como ele interpreta o fenômeno da reificação. O uso das categorias de “essência” e “segunda natureza” traduz a maneira peculiar que Lukács submete sua análise acerca do fetichismo, mostrando a peculiaridade de suas conclusões acerca do fenômeno da reificação. O fato de ele dizer que “somente como categoria universal de todo o ser social que a mercadoria pode ser compreendida em sua essência autêntica” constitui o ponto de partida para o entendimento que irá desenvolver acerca do fenômeno da reificação e do fetichismo. Contudo, esta maneira peculiar de abordar o problema responde pela forma como ele conclui que a “servidão da segunda natureza que surge desse modo”, em que o “homem é confrontado com sua própria atividade, com seu próprio trabalho como algo objetivo, independente dele e que o domina por leis próprias, que lhes são estranhas.” Obviamente que todo o estudo de Lukács não se esgota apenas nisto. Mas a própria colocação do problema pela ótica de uma “essência universal” da mercadoria e uma “segunda natureza” disposta pela relação mercantil destoa fundamentalmente da maneira como Rubin empreende sua investigação. Dizer que a relação mercantil incorpora uma “segunda natureza” não oferece explicação alguma acerca do fenômeno da reificação e do fetichismo - afinal, o que é esta “segunda natureza”? Em certo sentido, ela é entendida por Rubin e descrita de uma maneira inteiramente distinta da que descreve Lukács. Por mais que ambos concordem neste aspecto, a diferença de termos me parece crucial para um entendimento efetivo acerca do tema do fetichismo.

Veja o leitor como a descreve Rubin:

No mercado, os produtores de mercadorias não aparecem como pessoas com um lugar determinado no processo de produção, mas como proprietários e possuidores de coisas, de mercadorias. Cada produtor de mercadorias influencia o mercado apenas na medida em que oferece bens no mercado ou dele os retira, e somente nessa medida sofre a influência e pressão do mercado. A interação e a influência mútua da atividade de trabalho dos produtores individuais de mercadorias ocorrem exclusivamente através das coisas, através dos produtos de seu trabalho que aparecem no mercado. [...] Assim, [...] a vinculação direta entre os produtores individuais de mercadorias se estabelece na troca, e isto, indiretamente, influencia sua atividade produtiva. Em sua empresa, cada produtor de mercadorias é formalmente livre para produzir, se quiser, qualquer produto que lhe agrade e da maneira que escolher. Mas, quando leva o produto final de seu trabalho ao mercado, para trocá-lo, ele não é livre para determinar as proporções da troca, mas deve submeter-se às condições (flutuações) do mercado que são comuns a todos os produtores desse produto. Portanto, já no processo de produção direta ele é forçado a adaptar sua atividade de trabalho (antecipadamente) às condições esperadas do mercado (RUBIN, 1987, p. 23).

Pode-se observar que a riqueza descritiva daquela “segunda natureza” que Lukács menciona comparece em Rubin. A relação mercantil influencia as pessoas apenas na medida em que estas oferecem bens no mercado e dele os retira, sendo que somente assim sofrem a influência e pressão do mercado. A interação e a influência daquela “segunda natureza” são dadas através das coisas, através dos produtos do trabalho que aparecem no mercado. A vinculação direta entre os produtores individuais de mercadorias se estabelece indiretamente através do mercado e influencia sua atividade produtiva. Lukács não explica o fato de que esta “segunda natureza” diz respeito a esta dimensão indireta da relação entre os homens mediada pelas coisas; ao contrário, fixa em um conceito uma rede de relações, em que o próprio processo de produção direto força as pessoas a adaptarem sua atividade produtiva antecipadamente às condições esperadas pelo mercado, como salienta Rubin. Com efeito, não é que Lukács esteja equivocado em suas conclusões acerca do mecanismo desta “segunda natureza”, mas esta definição é precária se comparada à descrição que nos apresenta Rubin. O problema está no fato que Lukács, quando diz que o “homem é confrontado com sua própria atividade” como algo “independente dele que o domina por leis próprias que lhe são estranhas”, não explica o mecanismo desta relação, não percebe que na base da relação mercantil as relações entre as pessoas não podem dar-se de outra forma.

Rubin é enfático ao dizer que:

Este papel da troca, como elemento indispensável do processo de reprodução, significa que a atividade produtiva de um membro da sociedade só pode influenciar a atividade produtiva de outro membro através de coisas. Na sociedade mercantil, a independência de uma pessoa em relação às outras vem a combiná-la com um sistema de dependência mútua em relação às coisas. As relações sociais de produção assumem, inevitavelmente, uma forma reificada e, na medida em que falamos das relações entre produtores mercantis individuais e não de relações dentro de firmas privadas isoladas, elas só existem e se realizam dessa forma (RUBIN, Op. cit., p. 24).

Embora Lukács reconheça que o “indivíduo pode, portanto, utilizar seu conhecimento sobre essas leis a seu favor, sem que lhe seja dado exercer, mesmo nesse caso, uma influência transformadora sobre o processo real por meio de sua atividade”, termina por dizer que “subjetivamente, numa economia mercantil desenvolvida, quando a atividade do homem se objetiva em relação a ele, torna-se uma mercadoria que é submetida à objetividade estranha aos homens, de leis sociais naturais, e deve executar seus movimentos de maneira tão independente dos homens como qualquer bem destinado à satisfação de necessidades que se tornou artigo de consumo.” (LUKÁCS, 2003, p. 199). Porém, o problema não é apenas que uma atividade produtiva determinada se “exteriorize” do indivíduo e funcione mediante “leis

sociais naturais” de maneira independente deste; mas o fato de que, na sociedade mercantil, a independência de um indivíduo em relação aos outros vem a combiná-los entre si em relação

às coisas. Isto é, eles se relacionam entre si indiretamente através das coisas. Por isto as

relações sociais de produção assumem inevitavelmente uma forma reificada - não por decorrência de um produto que escapa, mas pela forma social a que os indivíduos estão submetidos e sua organização social em razão das coisas.

Por um lado, o processo de trabalho é fragmentado, numa proporção continuamente crescente, em operações parciais abstratamente racionais, o que interrompe a relação do trabalhador com o produto acabado e reduz seu trabalho a uma função especial que se repete mecanicamente. Por outro, à medida que a racionalização e a mecanização se intensificam, o período de trabalho socialmente necessário, que forma a base do cálculo racional, deixa de ser considerado como tempo médio e empírico para figurar como uma quantidade de trabalho objetivamente calculável que se opõe ao trabalhador sob a forma de uma objetividade pronta e estabelecida (LUKÁCS, 2003, p. 201).

Podemos observar que os limites da interpretação de Lukács não consistem apenas em limites analíticos, se comparados à investigação de Rubin, mas expressam, ademais, a herança de um conjunto de termos estranhos ao marxismo,50 mais bem estruturados de uma maneira curiosamente distante, inclusive, de uma sistematização do tema do fetichismo na tradição marxista.

Para nós, o mais importante é o princípio que assim se impõe: o princípio da racionalização baseada no cálculo, na possibilidade do cálculo. [...] Só se pode alcançar a racionalização, no sentido de uma previsão e de um cálculo cada vez mais exatos de todos os resultados a atingir, pela análise mais precisa de cada conjunto complexo em seus elementos, pelo estudo de leis parciais específicas de sua produção. Portanto, a racionalização deve, por um lado, romper com a unidade orgânica de produtos acabados, baseados na ligação tradicional de experiências

concretas do trabalho: a racionalização é impensável sem a especialização. [...] O

processo torna-se a reunião objetiva de sistemas parciais racionalizados, cuja unidade é determinada pelo puro cálculo, que por sua vez devem aparecer

arbitrariamente ligados uns aos outros (LUKÁCS, Op. cit., p. 203).

Lukács deixa muito claro que, para ele, o mais importante é o “princípio da racionalização baseada no cálculo, na possibilidade do cálculo.” Ele estatui através dessa “racionalização” - outro dos termos problemáticos que ele utiliza – a possibilidade da previsão e de uma análise mais precisa de cada conjunto complexo em seus elementos, ao cabo dos quais o estudo de leis parciais específicas da produção possa, por um lado, romper com a unidade orgânica dos produtos acabados, baseados na “ligação tradicional de experiências

50

Queremos apenas ressaltar a proximidade de Lukács, nestes anos, com Weber, e em especial a crítica da chamada “razão instrumental”.

concretas do trabalho” e, por outro, torna a reunião objetiva de sistemas parciais determinados pelo “puro cálculo”, condição para que apareçam “arbitrariamente ligados uns aos outros”. Ou seja, Lukács acaba por fazer da “racionalização” o princípio e ao mesmo tempo a finalidade da divisão social do trabalho, e faz uma análise abstrata desta. Como se a especialização fosse um movimento inerente de racionalização arbitrária. Com o auxílio destes termos não se tem a mínima condição para uma sistematização do tema do fetichismo na tradição marxista; Lukács não parece ser o primeiro a sistematizar este tema na tradição. Por mais que sua análise não se esgote somente nisto, estes termos são inteiramente problemáticos para uma apreensão satisfatória do tema. A diferença entre estes termos e a forma rigorosa e circunscrita da análise de Rubin sobre o tema do fetichismo são gritantes.

Mas esta dimensão analítica de Lukács em relação ao tema do fetichismo tem sua razão de ser e, talvez, esta razão constitua o elemento diferencial de sua análise em relação à Rubin.

[...] essa fragmentação do objeto da produção implica necessariamente a fragmentação do seu sujeito. Como consequência do processo de racionalização do trabalho, as propriedades e particularidades humanas do trabalhador aparecem cada vez mais como simples fontes do erro quando comparadas com o funcionamento dessas leis parciais abstratas, calculado previamente. O homem não aparece, nem objetivamente, nem em seu comportamento em relação ao processo de trabalho, como o verdadeiro portador desse processo; em vez disso, ele é incorporado como parte mecanizada num sistema mecânico que já encontra pronto e funcionando de modo totalmente independente dele, e a cujas leis ele deve se submeter (LUKÁCS,

Op. cit., p. 214).

Lukács está muito mais preocupado com a particularidade dessa fragmentação do trabalhador, dos efeitos dessa racionalização na consciência do trabalhador, do que Rubin. Esta peculiaridade na analítica lukacsiana é patente em todo o capítulo sobre o fenômeno da reificação. Entretanto, os termos que ele utiliza para fundamentar e sistematizar o tema do fetichismo acabam não oferecendo a diferença específica desta questão, se comparados à forma como Rubin a expõe. A título de exemplo, observe o leitor como não foge a Rubin a especificidade desta dimensão da consciência, embora a trate de maneira muito mais

sistemática do que Lukács:

Todo tipo de relação de produção que é característico para a economia mercantil- capitalista infunde uma forma social específica às coisas pelas quais e através das quais as pessoas mantém essa dada relação. Isto leva à reificação ou cristalização de relações de produção entre as pessoas. A coisa compreendida numa determinada relação de produção entre pessoas, e que possui uma forma social correspondente,

mantém essa forma mesmo quando essa relação de produção determinada, concreta, específica, é interrompida. Só então a relação de produção entre pessoas

pode ser considerada verdadeiramente reificada, isto é, cristalizada na forma de uma propriedade da coisa, propriedade que parece pertencer à própria coisa e estar separada da relação de produção. Dado que as coisas se apresentam com uma forma social determinada, fixada, começam, por sua vez, a influenciar as pessoas, moldando sua motivação e induzindo-as a estabelecer relações de produção concretas umas com as outras. Ao possuir a forma social de “capital”, as coisas fazem de seu proprietário um “capitalista” e determinam de antemão as relações de produção concretas que serão estabelecidas entre ele e outros membros da

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