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A Teoria da Tomada de Decisão parte do princípio que, no decorrer do processo de desenvolvimento de carreira, o indivíduo se depara com momentos em que enfrenta a necessidade de tomada de decisão. No nosso sistema educacional, esse é o caso do aluno pré-universitário, que vive o momento de escolha por uma área de interesse para o ingresso no ensino superior. O indivíduo, antes de qualquer coisa, passa por uma situação de decisão sobre o ingresso ou não na universidade. Caso a decisão seja pelo ingresso, decidirá pelo curso e, logo a seguir, passará pela necessidade de decisão sobre a especialidade e como encaminhará seu ingresso no mercado de trabalho. Nos outros momentos de sua vida profissional, sofre constantes mudanças nos planos de emprego e educacionais.

O modelo de Tiedeman e O’Hara (1963) pressupõe que as identidades de carreira se constroem por processos de tomadas de decisões que dependem do controle dos sujeitos. Defendem que as pessoas devem buscar todos os elementos inerentes à tomada de decisões que possibilitem o equilíbrio através do conhecimento de si e das informações sobre o objeto da mudança. O processo de tomada de decisão, segundo esse modelo, é dividido em duas fases: Antecipação e Acomodação.

A antecipação consiste na preocupação dos indivíduos com as etapas e detalhes da elaboração da tomada de decisão, que se desmembra nos estágios de exploração das

possíveis alternativas educacionais, profissionais e pessoais, relacionando-se com interesses e capacidades que consideram possuir; no estágio de cristalização das informações exploradas e conseqüente organização, avaliação, síntese e ordenação das informações adquiridas; no estágio de escolha com base nos resultados do processo de cristalização e de esclarecimento, quando o indivíduo elabora e executa um plano para concretizar sua escolha.

A fase de acomodação é desmembrada em: a) estágio de indução, que ocorre geralmente durante os primeiros meses no novo ambiente, quando o indivíduo observa as outras pessoas, a realidade do lugar em que está e absorve informações, a fim de encontrar o ajuste e aprender o que é esperado e o que é exigido dele; b) estágio de reforma, quando o indivíduo trabalha em função das tarefas de indução e as identidades das pessoas nos ambientes tornam-se congruentes e c)estágio de integração, quando ocorre a identidade congruente do indivíduo com as outras pessoas nos ambientes de escolha.

A partir de 1989, Gelatt, totalmente crítico às idéias tradicionais sobre a tomada de decisão numa abordagem puramente racional, apresenta um modelo que considera flexibilidade, intuição, criatividade, reflexão e imaginação para o processo de tomada de decisão.

O modelo de Gelatt (1989),citado pelo estudo de Mc Daniels e Gysbers (1992, p. 58), apresenta o processo de tomada de decisão como um “processo de arranjo e

rearranjo das informações num curso de ações”, que se divide em informação, processo

de arranjar/rearranjar e escolha.

O aspecto da informação tem sua importância quando as informações estão se tornando obsoletas muito rapidamente e numa dimensão tão grande que o indivíduo já não está conseguindo conhecer e processar todas elas. O processo de arranjar e rearranjar implica na tomada de decisão com enfoque na descoberta de metas tanto quanto em alcançá-las, envolvendo reflexão, imaginação e criatividade enquanto novas habilidades necessárias para a tomada de decisão. Por último, a escolha, enquanto estrutura da nova tomada de decisão, exige o uso tanto do pensamento racional quanto do intuitivo, flexibilidade e reflexão para

reconhecer, inclusive, a incerteza positiva num momento de construir o futuro. 6) Teoria do Traço e Fator

A Teoria do Traço e Fator (Rounds e Tracey, 1990), vê o desenvolvimento de carreira com considerável rigidez uma vez que parte do princípio que os indivíduos têm traços mensuráveis e estáticos como interesses, capacidades, habilidades e que deveriam ser comparados com traços mínimos para a boa performance de um determinado profissional. A meta desse processo de comparação é fornecer aos indivíduos uma base para fazer escolhas profissionais.

Nessa linha de pensamento, quanto maior for a combinação das características da pessoa com as características relativas a determinada profissão, maior será o seu nível de satisfação e produtividade profissional.

Segundo Mc Daniels e Gysbers (1992), a teoria do Traço e Fator estabelece que para o desenvolvimento de carreira ocorrer de forma positiva, o indivíduo precisaria ter um entendimento de si enquanto capacidades, interesses, ambições, recursos, limitações e suas causas, enfim, desenvolver o autoconhecimento. Além disso, precisaria ter conhecimento de requisitos e condições de sucesso, vantagens, desvantagens e oportunidades nas diversas áreas de trabalho, além do raciocínio com base nas relações desses aspectos para o encaminhamento de sua carreira.

Os aspectos relacionados a traços individuais e traços mínimos exigidos para a atuação nas diversas profissões são importantes sem dívida, pois trazem informações a respeito das características dos indivíduos e sobre as carreiras possíveis de serem escolhidas. Entretanto, o maior problema dessa abordagem do desenvolvimento de carreira é desconsiderar a possibilidade da aprendizagem de habilidades e a aquisição de competências passível de ocorrerem com o objetivo do ajuste à profissão.

Atualmente, até os objetivos gerais da educação se centralizam mais na aquisição de habilidades e de competências do que no conhecimento de conteúdos. Em função desses recentes entendimentos a respeito das necessidades do indivíduo para a vida no trabalho e a respeito do desenvolvimento humano, é de grande valor considerar a adaptação ao ambiente pessoal quando se pensa em desenvolvimento de carreira.

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