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1. Apresentação e Análise dos Dados

1.4 Terapêuticas de enfermagem

 Terapêuticas de enfermagem: ensino

Esta unidade foi designada por ensino uma vez que, segundo o Dicionário de Português da Porto Editora (2011) este termo significa transmitir conhecimentos, instruir, educar, treinar, indicar e que é percetível nos discursos dos doentes.

Estes profissionais, segundo os discursos dos doentes explicaram: “… cá a

enfermeira … e uma senhora (a fisiatra) …” (E1) “O que os enfermeiros me disseram foi para continuar a fazer os exercícios que me tinham explicado.” (E2) “… ocuparam-se de me dar uma explicação, de não me mandarem embora assim com uma mão atrás e outra à frente” (E3) “A senhora e a assistente social.” (E8) sendo

que explicar segundo a CIPE®, versão 1, (2005) é uma “Ação de Informar com as

características específicas: Tornar alguma coisa compreensível ou clara para alguém.”; avisaram: “As enfermeiras já me tinham avisado.” (E1) “Os enfermeiros é que me indicaram, … faça desta maneira e daquela …”, “Os cuidados são mais os enfermeiros do hospital que me têm avisado … (E3) tomando avisar de acordo com

a CIPE®, versão 1, (2005) como uma “Ação de Orientar com as características

específicas: Sugerir que deve ser seguido o rumo da ação empreendida.” e

aconselharam: “… eles aconselham-me sempre o melhor possível.” (E1) “… agora

você tem que fazer assim, tem que fazer assado e quando for para casa você … vai fazer igual …” (E3) sendo que aconselhar segundo a CIPE®, versão 1, (2005) é

uma “Ação de Orientar com as características específicas: Capacitar alguém para

tomar a sua própria decisão, através do diálogo.”.

Estes aspetos são importantes na medida em que, é necessário que o doente e a família tenham consciência que o processo de adaptação e reabilitação é um processo contínuo e interdisciplinar que não termina com a alta hospitalar. Por outro lado e corroborando com Menoita (2012, p. 27) “deve-se ter consciência que o

processo de transição é da pessoa e o caminho a ser traçado é aquele que a pessoa quiser”.

No entanto, a grande parte dos discursos realça o trabalho desenvolvido pela enfermeira especialista em reabilitação.

Pelos discursos dos doentes depreende-se ter havido uma abordagem na área do ensino com os objetivos de educar: “A única pessoa que para já me deu

algumas dicas foi até a enfermeira.” (E2) “Aprendi muita coisa …”, “… verificar melhor antes de ir para a cama, como é que tenho as pernas e os pés.” (E3) Ensinou-me algumas coisas …” (E4) “… mas ainda fiz pouco porque eu sou muito

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indisciplinado …”, “Os ensinos foram relevantes mas tiveram o azar de cair numa pessoa muito instável emocionalmente …” (E10). Segundo a CIPE®, versão 1,

(2005) educar é uma “Ação de Ensinar com as características específicas:

Transmitir conhecimentos sobre alguma coisa a alguém.”; de instruir e que é

demonstrado nos seguintes discursos: “ … qual é a posição em que devia estar …

várias posições … tentar pôr sempre o corpo direito, de vez em quando trabalhá-lo a 90 o, se for possível deitar-me de barriga …”, “Diz ela: faça isso, que é a melhor solução.” (E1) “Aprendi o que devo fazer, que eu não sabia.”, “Para agora foi a enfermeira …”, “… já foi um começo … Em vez de estar parado, o pouco que fiz foi um começo.”, “… ajudando a recuperação.”, “Isso era muito bom.” (E2) “… tenho quem me diga faz assim, faz assado, fazes bem.” (E3) “A maneira como me posiciono com as canadianas, a maneira como o equilíbrio é um fator determinante … é o que vai mexer mais comigo é as canadianas.” (E4) “Para não pousar o coto em cima das canadianas, quando tirar os pontos ver se está tudo ok, fazer vigilância.” (E5) Foi a senhora enfermeira. É muito bom. Foi um alívio.”, “Vão-me ensinar a trabalhar e a andar para ser um homem como outro qualquer.” (E6) “Quem me ajudou foi a D.ª … foi meio caminho andado, não tive problemas. Na cadeira de rodas, para poder virar, para pôr na posição certa. Isso é logo um aconchego.”, “… fazer aquilo que eu puder, não cair …” (E7) “ Eu acho que já me ensinou muita coisa.”, “Ensinou-me a ser paciente … ensinou-me como é que hei- de fazer com o coto. Como é que são as maneiras como devo posicionar e ter … certa ginástica que devo fazer …”, “Quem me explicou foi a enfermeira Virgínia.”, “Já me disseram tantos cuidados …”, “Para já só tenho informações da senhora enfermeira.” (E8) “Muito, auxiliou-me muito.”, “Aprender a mudar-me para as cadeiras, …”, “… a ginástica, saber que tenho que fazer força nos braços para as transferências.” (E9) “Essencialmente de cuidados para que esteja sempre presente no cérebro a falta do resto da perna e portanto para qualquer atividade que queira fazer ter sempre em atenção isso para que não me precipite numa possibilidade de queda.” (E10). Segundo a CIPE®, versão 1, (2005) instruir é uma “Ação de Ensinar com as características específicas: Fornecer informação sistematizada a alguém, sobre como fazer alguma coisa.”; e de treinar, este aspeto também é evidenciado

nos discursos: “… ter cuidado, … não abusar das canadianas … se bater aqui com

o coto estou sujeito a ir à vida …”, “Para ganhar mais músculos nos outros membros …”, “… vou fazer um bocado de cada coisa durante todo o dia … esticando ou ponho-me em pé, … encostar-me à parede … a fazer força nesta.”

(E1) “Muita coisa … a ter calma, de esticar as perninhas. “, “Insistiu bastante.

Insistiu e continua a insistir até eu me ir embora.“, “… vou continuar a fazê-los quando puder. Quando me lembra e quando posso, fazer tudo o que vocês me

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explicaram. Tenho tempo vou-os fazer.” (E3) “Acho que evolui um bocadinho. Se não fosse isso, eu até nunca mais tinha ligado a nada. E assim tenho-me preocupado mais um bocado para andar melhor nas canadianas e em tudo.”, “… certa ginástica … fiz alguma, ia fazendo alguma e acho que o sucesso foi para mim.” (E8). Segundo a CIPE®, versão 1, (2005) treinar é uma “Ação de Instruir com as características específicas: Desenvolver as capacidades de alguém ou o funcionamento de alguma coisa.”

É também salientada nos discursos a abordagem realizada pelos enfermeiros de reabilitação na área do orientar com o sentido de aconselhar:

“Dando conselhos, dando conselhos …” (E2) “Essencialmente os conselhos.” (E7) e

do orientar antecipadamente quando abordados sobre informações dadas no âmbito dos produtos de apoio e articulação com a rede de apoio social: “A

enfermeira Virgínia.” (E4, E10) “A senhora enfermeira.” (E5, E6, E9). Segundo a

CIPE®, versão 1, (2005) orientar antecipadamente é uma “Ação de Orientar com as

características específicas: Encaminhar antecipadamente as pessoas sobre assuntos de saúde.”

A intervenção do enfermeiro especialista em reabilitação visa intervir na promoção da independência no autocuidado, adaptando e capacitando os doentes ao longo do seu processo de transição saúde/ doença para que esta se faça da forma mais favorável possível, tal como está descrito nas Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação, segundo o Regulamento nº 125/2011, publicado em Diário da Republica, 2ª série, nº 35 de 18 de Fevereiro de 2011.

Ao desenvolver as suas atividades e de acordo com Menoita (2012, p. 35) o enfermeiro de reabilitação “constitui uma mais-valia na avaliação e melhoria dos

resultados, conseguindo melhores níveis de capacidade funcional, promovendo o coping efetivo, a qualidade de vida e a satisfação”.

Dos discursos dos doentes emerge que é benéfico iniciar a reabilitação o mais precoce possível: “… o bocadinho do princípio foi consigo. Antecipação do

tempo, o que é ótimo.” (E4) “Ela ao fazer isto está a fazer bem a todos. E também quer o bem-estar da pessoa.” (E1). Há o reconhecimento por parte dos doentes,

que a insistência da enfermeira de reabilitação na execução do plano de trabalho por ambos definido tem, como refere Menoita (2012, p. 35) ao citar Ventura (2002)

“como objetivo minimizar a incapacidade do doente através de um permanente estimulo à autoconfiança, tendo em vista uma adaptação futura, em que o indivíduo é auxiliado a ajustar-se à sua deficiência, desenvolvendo novas capacidades, utilizando os seus recursos e aprendendo a viver com as incapacidades residuais permanentes”. Por outro lado, corroborando com Hesbeen (2003) e Menoita (2012,

117 p. 33) o cuidado de enfermagem de reabilitação “é caracterizado por uma

intencionalidade e subtileza específica que entende a pessoa, numa perspetiva holística, valorizando a pessoa corpo-sujeito em detrimento do corpo-objeto”.

Concluída a análise e apresentação dos dados passamos à discussão dos dados onde se pretende fazer emergir o conteúdo significativo dos discursos obtidos na recolha de dados.