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Terapia Não Farmacológica

PARTE I – Descrição das Atividades Desenvolvidas no Estágio

2. Perturbações de Ansiedade

2.3. Tratamento

2.3.2. Terapia Não Farmacológica

As terapias não farmacológicas são importantes no auxílio ao tratamento farmacológico. Tendo em conta os potenciais efeitos colaterais associados à terapia farmacológica, esta assume-se como uma ferramenta fundamental no tratamento desta desordem.

Apesar de a sua aplicação ser escassa, existem várias opções, como por exemplo:

Terapia cognitivo-comportamental

É largamente utilizada em casos de perturbação de ansiedade e consiste numa série de intervenções baseadas na premissa de que as desordens emocionais se relacionam com factores cognitivos e que o tratamento psicológico leva a alterações desses fatores [51].

Terapia de Biofeedback

Este método consiste, fundamentalmente, na aplicação de instrumentos monitorizados, geralmente elétricos, para detetar e amplificar processos fisiológicos internos. Desta forma, o paciente reúne informação sobre a sua condição tornando possível o seu controlo e modificação, para a qual tem o auxílio do terapêuta [52].

2.4. Aconselhamento Farmacêutico

Para os doentes a iniciar terapia farmacológica, o farmacêutico deve prestar o máximo de informação possível relativamente a interações medicamentosas, mantendo-se a par de terapias que possam estar em curso, e também a efeitos adversos que, tal como já foi descrito, são frequentes nos grupos terapêuticos em causa. Para doentes que estejam já a fazer terapia farmacológica, o farmacêutico deve manter o alerta, questionando sempre o utente se a mesma decorre sem efeitos secundários graves. Além disso, deve manter em mente as normas terapêuticas aplicáveis a este tipo de patologia para assim poder detetar uma eventual falha na terapia, abuso de determinadas substâncias e/ou formular uma eventual suspeita de subdiagnóstico de outra patologia e reportar ao clínico.

Em todos os casos, o farmacêutico deve sempre elucidar o doente acerca das terapias não- farmacológicas, que são auxiliares do tratamento muito úteis mas muitas vezes menosprezados.

De salientar ainda que existem outras patologias, como a hipertensão arterial, segundo alguns estudos, que se podem desenvolver ou acentuar se a ansiedade patológica não for controlada [53]. Seguindo os exemplos descritos no âmbito deste projeto, é então fundamental motivar o utente a seguir corretamente o esquema terapêutico.

Durante o meu estágio, outro dos aspetos que pude perceber foi a pouca relevância que os utentes atribuem aos distúrbios do foro psiquiátrico. Por exemplo, de uma maneira geral, o utente que referia “não conseguir dormir” não o reconhecia como uma possível patologia ou sua consequência mas como “algo normal”. Embora acabem por recorrer aos cuidados de saúde primários, a procura de um especialista, numa primeira fase, é rara [54].

Aqui tornou-se evidente a importância da intervenção do farmacêutico no que diz respeito à sensibilização do utente para o seu caso. É fundamental a simplificação deste tipo de questões para que o utente se sinta à vontade para expôr o seu problema e, assim, conseguir-se obter o máximo de informação possível para poder ser dada uma resposta adequada.

2.5. Conclusão

As perturbações de ansiedade podem ser subdiagnosticadas pelos clínicos e, tendo o farmacêutico um contacto de proximidade, muitas vezes diário, com os utentes, acaba por ser o profissional de saúde que mais rapidamente pode suspeitar de um eventual quadro de perturbação de ansiedade, indicando ao utente a necessidade de reportar a sua situação ao seu médico de família, que saberá qual o rumo a dar ao caso. Assim, este é um tema extremamente complexo e que requer o empenho de vários profissionais de saúde.

Como mencionado, existem sintomas que podem levar ao subdiagnóstico de perturbações de ansiedade, como é exemplo a perturbação do sono que pode mascarar uma perturbação de ansiedade generalizada ao ser estabelecido um diagnóstico de insónia primária, ou vice- versa, ou seja, indivíduos medicados erradamente com ansiolíticos para minimizar a ansiedade, em alguns casos, além de agravar a insónia, o uso e abuso desse tipo de substâncias poderá evoluir para uma perturbação relacionada com o uso de substâncias [34].

A monitorização da terapia farmacológica bem como a manutenção de um uso racional dos fármacos devem ser garantidas pelo farmacêutico. Como foi descrito, existem outras

patologias que se podem desenvolver ou acentuar no seguimento de um estado ansioso patológico não controlado e, por conseguinte, o farmacêutico deve estar alerta para situaçãoes em que a adesão à terapia possa estar a falhar e, nesse caso, educar o doente para a vital importância de seguir o esquema terapêutico.

Enquanto agente promotor de saúde deve ainda elucidar o doente relativamente a terapias não farmacológicas adjuvantes.

O desenvolvimento deste projeto permitiu-me aprofundar conhecimentos na área da saúde mental que pude aplicar junto da comunidade utente da FV e que me permitiram atuar de uma forma mais assertiva e fundamentada.

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http://www.infarmed.pt/ [acedido em 3 de agosto de 2017].

[5] Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de Maio. Estabelece o regime jurídico a que obedecem

as regras de prescrição de medicamentos, os modelos de receita médica e as condições de dispensa de medicamentos, bem como define as obrigações de informação a prestar aos utentes.

[6] Infarmed: Lei n.º 11/2012- procede à alteração do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto e estabelece regras de prescrição e dispensa de medicamentos de uso humano.

[7] Ministério da Saúde: Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio, “Diário da República, 1.ª série, nº92, p. 2478-(2)- 2478-(7)”.

[8] Despacho nº17690/2007, de 10 de Agosto. Revoga o anexo ao Despacho nº 2245/2003 de 16 de Janeiro e aprova a nova lista de situações passíveis de auto medicação.

[9] Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto. Estatuto do medicamento.

[10] Decreto-Lei 15/93, de 22 de Janeiro. Regime jurídico do tráfico e consumo de estupefacientes e psicotrópicos.

[11] Decreto Regulamentar n.º 61/94, artigo 86º, de 12 de Outubro. Medidas especiais. [12] Decreto-Lei nº184/97, de 26 de julho. Regime jurídico dos medicamentos de uso

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[13] Decreto- Lei n.º 189/2008, de 24 de setembro. Regime jurídico dos produtos cosméticos e de higiene corporal.

[14] Decreto-Lei n.º 227/99, de 22 de Junho. Harmoniza o ordenamento jurídico interno com as normas de direito comunitário em matéria de géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial.

[15] Decreto-Lei n.º296/2007, de 22 de Agosto. Legislação aplicável a suplementos alimentares.

[16] Decreto-Lei nº 145/2009, de 17 de Junho. Estabelece as regras a que devem obedecer a investigação, o fabrico, a comercialização, a entrada em serviço, a vigilância e a publicidade dos dispositivos médicos e respetivos acessórios.

[17] Decreto-Lei nº 20/2013, de 14 de Fevereiro. Estabelece o regime jurídico dos medicamentos de uso humano.

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relativo à realização das atividades de farmacovigilância previstas no Regulamento (CE) nº 726/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho e na Diretiva 2001/83/CE do Parlamento Europeu e do Conselho.

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Anexo I – Cronograma de atividades do estágio profissionalizante

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho

Receção e Armazenamento de Encomendas        Controlo de Prazos de Validade       Serviços Farmacêuticos        Atendimento Rastreio Palestra sobre Métodos Contracetivos Cartão de Medicação Tema 1 – Escabiose Tema 2 – Perturbações de Ansiedade   Anexo II – Instalações da FV

A – Montra; B – Espaço de circulação; C – Gabinetes de consulta; D – Gavetas de armazenamento; E - Zona de receção de encomendas

ANEXO III – Rastreio no Centro Social da Paróquia de Nogueira

ANEXO V – Palestra sobre Métodos Contracetivos na Escola Pêro Vaz de Caminha

ANEXO VI – Cartão de Medicação

ANEXO VII – Disponibilização do folheto informativo sobre a Escabiose

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