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Nos termos do artigo 46.°, alínea f), subalínea ii), do Regulamento 45/2001, a AEPD deve cooperar igualmente com os organismos de controlo da pro- tecção de dados criados pelo Título VI do Tratado da União Europeia (»terceiro pilar»), nomeadamente para melhorar «a coerência na aplicação das normas e processos cujo respeito devam assegurar». Estes or- ganismos de controlo são as autoridades de controlo comum (ACC) da Europol, de Schengen, da Euro- just e do Sistema de Informação Aduaneiro. A maior parte destes organismos é composta por representan- tes (que em parte são os mesmos) das autoridades nacionais de controlo. Na prática, a cooperação efec- tua-se, pois, com as ACC pertinentes, com o apoio do secretariado comum da protecção de dados que trabalha no Conselho e, de modo mais geral, com as autoridades nacionais responsáveis pela protecção de dados.

A necessidade de uma estreita cooperação com as autoridades nacionais responsáveis pela protecção de dados fez-se sentir nestes últimos anos, com o aumento constante das iniciativas tomadas a nível

europeu para lutar contra o terrorismo e a criminali- dade organizada, as quais incluem diversas propostas relativas ao intercâmbio de dados pessoais.

Em 2004, chegou-se a acordo sobre uma abordagem estruturada para definir posições políticas em ma- téria de medidas coercivas e questões conexas. Foi criado um grupo de planeamento para coordenar as actividades dos diversos órgãos, no qual está repre- sentada a AEPD. Por outro lado, o grupo de trabalho «Polícia» as suas funções enquanto instância comum da Conferência Europeia (ver também o ponto 4.3). Em Junho de 2004, os membros do grupo de plane- amento acordaram que o Grupo «Polícia», no qual deveriam estar representados todas as autoridades, preparasse:

– um documento de síntese para ser adoptado na Conferência da Primavera realizada em Cracóvia em 2005;

– um parecer sobre o futuro instrumento legislativo em matéria de protecção de dados no âmbito do terceiro pilar;

– um parecer sobre a proposta sueca de decisão-qua- dro relativa à simplificação do intercâmbio de in- formações entre os serviços de polícia dos Estados- -Membros da União Europeia.

A reunião do Grupo «Polícia», que se realizou na Haia em 28 de Janeiro de 2005, teve como resultado três documentos:

– um projecto de documento de síntese sobre os ser- viços de polícia e o intercâmbio de informações na UE, que contém propostas concretas para a elabo- ração de um instrumento do terceiro pilar relati- vo à protecção de dados, assegurando a coerência com as normas de protecção de dados da Directiva 95/46/CE;

– um projecto de «Declaração de Cracóvia» preconi- zando um sistema de protecção de dados tratados no âmbito do terceiro pilar que respeite as nor- mas da directiva e apresentando o documento de síntese como um contributo para as iniciativas em curso;

– um projecto de parecer sobre a iniciativa sueca. Na audiência pública da Comissão LIBE do Parla- mento Europeu, em 31 de Janeiro de 2005, vários intervenientes, entre os quais se contou a AEPD,

defenderam a adopção de regras específicas para o terceiro pilar. As autoridades responsáveis pela pro- tecção de dados reuniram-se de novo em 12 de Abril de 2005 para ultimar os documentos a apresentar à Conferência da Primavera em Cracóvia.

A Conferência da Primavera, que se realizou de 24 a 26 de Abril de 2005, adoptou os três documentos acima referidos. Na sua «Declaração de Cracóvia» (24), a Conferência precisou que as iniciativas desti-

nadas a melhorar os serviços de polícia na UE, como o princípio da disponibilidade, apenas deveriam ser introduzidas na base de um sistema apropriado de acordos de protecção de dados que garantam um ní- vel de protecção elevada e equivalente.

Em 21 de Junho de 2005, realizou-se em Bruxelas uma reunião do Grupo «Polícia» para examinar as re- acções recebidas na sequência da Declaração de Cra- cóvia, do documento de síntese e do parecer sobre a proposta sueca. Além disso, os representantes da Co- missão informaram o grupo do avanço dos trabalhos sobre a decisão-quadro relativa à protecção de dados no âmbito do terceiro pilar. A Comissão apresentou um documento de debate sobre o assunto. Foi tam- bém abordado o tema do direito de acesso aos dados dos serviços de polícia, no seguimento dos debates da Conferência da Primavera (25).

Em 4 de Outubro de 2005, a Comissão adoptou uma proposta de decisão-quadro relativa à protec- ção de dados tratados no âmbito do terceiro pilar, a respeito da qual a AEPD emitiu parecer em 19 de Dezembro de 2005 (ver ponto 3.3.1).

O Grupo «Polícia» voltou a reunir-se em Bruxelas, em 18 de Novembro de 2005, para preparar um parecer sobre a proposta final da Comissão. Para a generalidade dos participantes, esta proposta repre- sentava um marco importante na protecção de dados e não se poderia deixar passar a oportunidade de ins- taurar uma protecção de dados no seio do terceiro pilar. Grande parte dos debates centraram-se no âm- bito de aplicação e na base jurídica da proposta. No seu parecer sobre a dita proposta, a AEPD tomou uma posição firme quanto a estas duas questões.

(24) Ver: http://www.edps.eu.int/02_en_legislation.htm#EDPC (apenas em inglês).

(25) O grupo de trabalho formulou em seguida observações ao documento de debate da Comissão sobre o terceiro pilar, transmitidas em Julho de 2005.

Os trabalhos incidiram ainda no projecto de deci- são-quadro relativa ao princípio da disponibilidade, assim como sobre os resultados de um questionário relativo ao direito de acesso. Este último pôs em evi- dência as diferenças entre os Estados-Membros quan- to à concessão de um direito de acesso aos dados dos serviços de polícia. As suas conclusões confirmam a necessidade de uma harmonização, tendo sobretudo em conta a intensificação do intercâmbio de dados entre os Estados-Membros.

Numa reunião especial realizada em Bruxelas, em 24 de Janeiro de 2006, a Conferência das Autoridades Europeias de Protecção de Dados adoptou um pa- recer sobre a proposta de decisão-quadro relativa à protecção de dados no âmbito do terceiro pilar. Este parecer é bastante coerente com o parecer que AEPD emitiu em 19 de Dezembro de 2005 (ver ponto 3.3.1). A necessidade de novas acções será provavel- mente examinada na próxima Conferência da Prima- vera.

SIS II

A AEPD cooperou igualmente com a Autoridade de Controlo Comum de Schengen para elaborar o pa- recer sobre o Sistema de Informação Schengen de se- gunda geração (SIS II). Efectuaram-se regularmente contactos informais para coordenar na máxima me- dida do possível as abordagens na matéria. A AEPD muito apreciou ter sido convidada como observador para a reunião da ACC de 27 de Setembro de 2005, tendo aproveitado a oportunidade para esclarecer a sua posição sobre certos pontos. No início de 2006, as discussões com a ACC conduziram a uma aborda- gem comum a respeito do controlo do SIS II, a qual merece ser tida em consideração pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho quando deliberarem sobre as propostas relativas ao SIS II.