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Terminal de Contêineres Porto Pontal (TCPP)

5.1 DESCRIÇÃO DOS CONTEÚDOS DOS TERMOS DE REFERÊNCIA E

5.1.1 Terminal de Contêineres Porto Pontal (TCPP)

Como o próprio nome indica, o Terminal (QUADRO 12) deverá ser exclusivo para contêineres, que serão recebidos e reembarcados em outros navios, caracterizando o transporte de cabotagem (AMB, 2008). O processo de licenciamento do Porto Pontal se iniciou no ano de 2005, dez anos após a compra do terreno pelo empreendedor, sendo o TR de janeiro/2007 e EIA/ RIMA de julho de 2008 (ABBUD, 2016).

QUADRO 12 – FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DO TCPP

Terminal de Contêineres Porto Pontal (TCPP):

Empreendedor

Porto Pontal Paraná Importação e Exportação Ltda. Órgão Licenciador

IBAMA

Fase do Licenciamento

LI concedida (Condicionada à construção de novo acesso rodoviário) Atividade

O tipo e porte das embarcações previstas serão navios Conteineiros e Super Post- Panamax, estando previstas cargas como madeira, papel, café, couro, carne, carros, componentes de usinas hidrelétricas, cargas perigosas como álcool em tonéis e air-bag de carros.

Estrutura e Obras

Cais de atracação de 36m² para três navios simultaneamente, armazéns de carga com áreas descobertas e vias internas, pátios de armazenagem destinados à estocagem de contêineres e vias de acesso internas de tráfego de equipamentos

Será realizado um aterro hidráulico ao longo de toda a extensão do cais até o nível +2,50m construído a partir do terreno existente e avançando em direção ao mar. Haverá supressão da vegetação para preparo do terreno e movimentação da terra através de raspagem e aterro até a cota 0,30m, e dragagem de aprofundamento que será executada ao longo do cais e dos berços de atracação, de acordo com a cota de projeto, sendo a mesma para a área de acostagem e manobras em -16,00m de calado.

FONTE – AMB (2008)

O Termo de Referência do Porto Pontal solicita que sejam identificadas e mapeadas as unidades de conservação federais, estaduais e municipais na área de influência do empreendimento, destacando as áreas prioritárias para a conservação. Além de solicitar que seja verificado o possível aumento no tráfego de veículos e cargas nas proximidades das UC, a exemplo do PARNA Saint-Hilaire-Lange.

No item seguinte (síntese do meio biótico), pede que seja realizada uma síntese da biota, inter-relacionando as análises dos vários grupos taxonômicos e contendo discussões sobre a biodiversidade da área de influência, sua importância na dinâmica dos ecossistemas e sua fragilidade ambiental.

No Estudo de Impacto Ambiental do Porto Pontal há o subitem 2.4.1.4, pertencente à seção dedicada à caracterização do empreendimento e à sua localização. Neste momento realiza-se uma apresentação sintética das UC do litoral em forma de quadro, bem como é apresentado um produto cartográfico com a localização das UC no entorno do CEP, no qual é representado o raio de 10 km, considerado como critério para a determinação das UC analisadas. São pontuados os ecossistemas protegidos por elas e apontam-se as UC que estão fora do raio de 10 km, mas dentro da área de influência direta14 do empreendimento.

Já ao final do capítulo dedicado ao meio biótico há um subitem dedicado às UC, que se inicia com a tabela das unidades do litoral e em seguida é subdividido em outros itens que se referem à localização das UC dentro ou fora da área de influência direta do empreendimento. Durante essa introdução é dito que as unidades de conservação seriam apresentadas de acordo com sua tipologia,

14 O EIA determina que a AID do meio biótico seja composta da mesma ADA para os componentes

terrestres e as áreas a receberem estruturas portuárias ou atingidas pelas dragagens e plumas de dispersão.

tamanho, localização, características gerais15 e ato de criação. O que se pôde observar na tabela foram os itens “tipo, nome, jurisdição, área, ato de criação e município”. Foram incluídas ainda as Ilhas de Itacolomis, Figueira e Currais, que segundo o estudo, contavam cada uma com processo de criação de UC em andamento.

No item sobre as Unidades de Conservação fora da área de influência direta do empreendimento são relacionadas as 14 unidades e pontua-se que “todas estas UC representam ecossistemas litorâneos e serranos importantes tais como: mangues, restingas, caxetais, floresta atlântica de terras altas e baixas e brejos litorâneos.” Texto, sobre a localização do empreendimento. O texto se inicia exatamente igual ao escrito no item supramencionado e passa então a explorar os problemas enfrentados na gestão das UC, dentre os quais foram incluídas as condições sociais dos municípios que apresentam grandes áreas destinadas à conservação, exemplificado pelo caso de Guaraqueçaba. Dedica longo parágrafo de suas cinco páginas à questão as ilhas supramencionadas, especificamente tratando do caso do PARNA Marinho das Ilhas de Currais, que estava em processo de criação na época.

O texto coloca que dez unidades estão na área de influência, sendo que quatro unidades estão inseridas no raio de 10 km do empreendimento. Estas são as unidades da Ilha do Mel e as duas unidades municipais de Pontal do Paraná16.

Há ainda um item dedicado às considerações em relação ao empreendimento. Nele, se pontua que os atributos ambientais do litoral paranaense são altamente diversificados, representando “quase todos os ecossistemas costeiros”. Faz um apontamento sobre a distribuição das unidades entre ecossistemas terrestres e marinhos, justificando novamente a inclusão das áreas de interesse para criação na análise. Análise essa que se finda no parágrafo seguinte, quando elenca, mais uma vez, as quatro unidades dentro do raio de 10km e adiciona as distâncias em relação ao empreendimento.

No capítulo “7- Identificação e avaliação dos impactos ambientais associados ao empreendimento” encontram-se descritos os impactos ambientais um a um e ao final é apresentada uma matriz de impactos. Dos que se referem às UC, o

15 Essas características, quando checadas na tabela em questão, contemplam apenas o nome da UC

e sua jurisdição.

primeiro deles, “Impactos sobre as Unidades de Conservação por fragmentação de habitats terrestres” é classificado, na matriz de impactos, como impacto negativo, local, de ocorrência incerta, início imediato, duração permanente, reversível, sinérgico e de pequena relevância. Na descrição do impacto afirma-se que poderá haver impactos cênicos e diminuição de conectividade com outras áreas pela construção de estradas, aumento dos usos dos solos e supressão de habitats terrestres. Dessa maneira, a consequente fragmentação de habitat pode afetar a integridade das unidades de conservação. O impacto é sinérgico, com rápida descaracterização do ambiente natural por conta dos processos desordenados de urbanização que já acontecem no município e litoral paranaense em geral, impactando significativamente as unidades.

Há ainda os “Impactos sobre as Unidades de Conservação pelo aumento da pressão antrópica”, impacto negativo, local, de ocorrência certa, início a curto prazo, duração permanente, reversível, sinérgico e de média relevância. É dado que para as UC estão muito associados os impactos decorrentes do aumento da pressão antrópica como o aumento do turismo, da visitação e da própria população do entorno, poluição sonora, acúmulo de lixo e resíduos sólidos, degradação de ecossistemas frágeis, perda da biodiversidade, compactação dos solos resultante do pisoteamento, perda da cobertura vegetal e do solo, aceleramento de processos erosivos, fuga da fauna nativa, entre outros. Isso de acordo com experiências de outras unidades documentadas pelo IBAMA no ano de 2002. Explica-se que as interferências diretas no interior das UC podem causar impactos expressivos.

Por fim, os “Impactos sobre as Unidades de Conservação causados por acidentes ambientais” são dados como negativo, regional, de ocorrência incerta, início imediato, duração temporária, reversível, sinérgico e de grande relevância. Os acidentes referidos podem ser desde derramamento de derivados de petróleo, com equipamentos para a instalação, rompimento de tanques e containers, entre outros. Sendo os efeitos dos acidentes os mesmos dos impactos são apontados como danos à ictiofauna por acidentes com substâncias tóxicas e contaminação dos recursos pesqueiros por poluição, impactos previstos no estudo.

Não consta, no diagnóstico do meio biótico, menção às áreas prioritárias para conservação, com exceção do relatório técnico das áreas ter sido consultado, para a elaboração do levantamento das unidades de conservação do litoral, como

cita o tópico dedicado à metodologia utilizada no meio biótico. Não há no estudo seção com o objetivo de calcular a compensação ambiental.

Com a “Medida mitigadora da eventual introdução de espécies vegetais exóticas invasoras”, prevista no EIA do Porto, se espera “reduzir a contaminação biológica regional, em especial resguardando as unidades de conservação muito próximas do empreendimento, como a ESEC e o PE da Ilha do Mel e outras UC no continente”. Trata-se de uma recomendação de uma série de espécies que não podem ser utilizadas nas contenções de taludes e composições paisagísticas.

Há a previsão de “medidas compensatórias de criação, ampliação, melhoria e/ou manutenção de unidades de conservação”, a fim de compensar o impacto de supressão da vegetação através do Programa de Implantação e/ ou melhoria de Unidade de Conservação. O Estudo ressalta a obrigatoriedade de implantação ou melhora de UC na AII do empreendimento que abranjam ecossistemas iguais aos suprimidos pelo terminal. Apontam os parques municipais de Pontal do Paraná, as unidades da Ilha do Mel, a ESEC do Guaraguaçu, a APA de Guaraqueçaba e os PARNA Saint-Hilaire-Lange e de Superagui como unidades que poderiam receber melhorias. Indica-se os remanescentes de restinga na orla marítima entre os balneários de Ipanema e Guarapari, ou os existentes na região do rio Barranco, como alternativas para a implantação de um Parque ou ESEC. O programa tem poucos detalhamentos. Será de caráter temporário, durante a implantação do porto, de responsabilidade do empreendedor e dos órgãos ambientais e pode ser executado por empresa, instituto de capacitação técnica e científica.

Com a medida compensatória da eventual introdução de espécies vegetais exóticas invasoras, prevista no EIA do Porto, se espera “reduzir a contaminação biológica regional, em especial resguardando as unidades de conservação muito próximas do empreendimento, como a ESEC e o PE da Ilha do Mel e outras UC no continente”.