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Terminologia, origem e natureza dos anjos

3 O DISCURSO ANGELOLÓGICO CRISTÃO NA HISTÓRIA

3.2 Angelologia na Idade Contemporânea

3.2.1 Terminologia, origem e natureza dos anjos

A principal palavra referente a anjo em hebraico émal’ach ), no latim é angelus e

no grego ággelos (ἄγγελος), em todos os casos seu significado essencial é ―mensageiro‖. Quando o termo é empregado pode estar tanto se referindo a mensageiros humanos quanto a seres angelicais. Para os teólogos cristãos, a palavra aponta para a função primordial dos mesmos que é comunicar mensagens divinas aos seres humanos. (ERICKSON, 1997, p.194).

Segundo Erickson (1997, p.194) os anjos também são chamados na Bíblia de ―santos‖ e ―vigilantes‖. Quando o tratamento é coletivo são chamados de ―conselho‖, ―assembléia‖, ―filhos de Deus‖, ―exército‖ ou ―exércitos‖, ―milícia celestial‖, ―espíritos‖, ―principados‖, ―poderes‖, ―tronos‖, ―domínio‖ e ―soberanias‖. Outro termo utilizado é ―arcanjo‖, indicando um tipo especial de anjo. A seguir apresentaremos uma tabela contento as principais terminologias bíblicas referentes a anjos com suas respectivas referências:

Tabela 3:Títulos dos anjos

Filhos de Deus Jó 1.6; 2.1; SI 29.1; 89.6

Espíritos Hb 1.14

Santos Zc 14.5 Lc 9.26

Vigilantes Dn 4.13, 17

Serafins Is 6.2-7 Estrelas da alva Jó 38.7 Legiões celestes Sl 148.2 Seres viventes Ez 1.5-14; Ap 4.6-8 Anciãos Ap 4.4

Fonte da Tabela: Autor

Grudem (1999, p.323) diz que os anjos não existem desde de sempre, eles integram o universo criado por Deus. Ele cita o texto de Neemias 9:6 interpretando a palavra ―exércitos‖ como anjos para referenciar sua afirmação. O texto diz: ―Só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo os seu exército, a terra e tudo quando nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora‖.

Outro texto bíblico citado pelo teólogo, enfatizado a criação dos seres angelicais, é Colossenses 1:16: ―Pois nele (Cristo), foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.‖ (GRUDEM, 1999, p.323)

Myer Pearlman (2006, p.67) escreve:

Os anjos são criaturas, isto é, seres criados. Foram feitos do nada pelo poder de Deus. Não conhecemos a época exata de sua criação, porém sabemos que antes que aparecesse o homem, já eles existiam havia muito tempo, e que a rebelião daqueles sob Satanás se havia registrado, deixando duas classes — os anjos bons e os anjos maus.

É consenso, entre a maioria dos teólogos, que os anjos são seres espirituais, etéreos, que foram criados para servirem a Deus. Esta afirmação indica a inferioridade dos mesmo em relação a Deus, enfatizando o dever de obedecerem ao seu Criador. Os judeus e cristão a tempo vem ensinando que estes seres são imateriais ou espirituais. (ERICKSON, 1997, p.194).

Erickson (1997, p.195) diz que existe um enorme quantidade de anjos. As vezes se fala na Bíblia de ―miríades‖ outras vezes de ―milhares de milhares‖, ―incontáveis hostes de anjos‖, ―milhões de milhões‖. Mas não se deve considerar qualquer número desses como exatos, dado ao seu caráter simbólico, antes entendê-los como indicações que apontam para uma gigantesca quantidade deles.

Satanás também é tido como um ser angélico, porém, um que se rebelou contra Deus, tornando-se criatura caída. A palavra Satanás que em hebraico é Satã ( ) e no grego Diábolos διάβολος significa adversário ou acusador. A idéia é de alguém que é hostil e se satisfaz em acusar, descrevendo um ser que é opositor a vontade de Deus. Ele e o líder dos demônios. Para os gregos a palavra demônio significava fonte ódio. Estes seres também são percebidos como anjos que foram expulsos do céu ao se juntarem a Satanás na rebelião contra Deus. São criaturas sobrenaturais subservientes a Satanás. (SPROUL, 2006, p.37)

Grudem (1999, p.326) diz que os anjos devem ter sido criados antes do sétimo dia da criação. Ele pontua sua posição no texto de Gn 2:1 que diz: ―Assim pois foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército (anjos)‖ e, então, ao sétimo dia Deus descansou. Outro texto usado por ele é Ex 20:11: ―Em seis dias, fez o Senhor os céus (incluindo os seres celestes)e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia descansou‖.

Grudem defende a tese que os anjos foram criados no primeiro dia. Ele justifica sua suposição interpretando o texto de Gn 1:1-2 da seguinte forma:

―Talvez haja uma sugestão de criação de seres angélicos já no primeiro dia, pois lemos que ‗No princípio, criou Deus os céus e a terra‘ e imediatamente depois lemos que: A terra, porém, estava sem forma e vazia, sem menção dos céus nesse segundo versículo. Isso sugere, quem sabe, que o estado inabitável da terra esteja em contraste com os céus, onde, talvez, Deus já criara seres angélicos e lhes atribuíram diversas funções e hierarquias. Esta idéia fica mais plausível quando lemos que ―as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam e rejubilavam todos os filhos de Deus quando Deus assentou a ―pedra angular‖ da terra e fundou as suas ―bases‖ para formá-la ou criá-la (Jó 38:6-7).

Pearlman (2006, p.67) diz que eles são criaturas imortais. A sua afirmação está pautada no texto bíblico de Lucas 20:34-36 em que Jesus explica aos saduceus que os servos de Deus, ressuscitados, serão como os anjos no sentido de que não podem mais morrer:

Então, lhes acrescentou Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento; mas os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.

Os seres angélicos, também, são apresentados na narrativa bíblica como varões. Todas as descrições dos mesmos o apresentam como sendo seres do sexo masculino. Os nomes que lhe são atribuídos são masculinos, suas materializações sempre foram descritas como que

sendo de homens. Porém não se pode dizer que são homens uma vez que são seres espirituais. ( PEARLMAN, 2006, p. 68)

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