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Parâmetro Sinônimos Unidade de Medida

Duração da fase Largura, tempo e duração do pulso

Microssegundos ou Milissegundos Intervalo interpulsos Espaçamento interpulsos,

período de repouso

Milissegundos Duração do burst Pacote, batimento,

envelope

Milissegundos Intervalo interbursts Espaçamento interbursts,

período de repouso

Milissegundos

Corrente interrompida On e Off Segundos

Rampa de subida e descida Up e Down Segundos

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A princípio, o fluxo de corrente elétrica terapêutica através de um meio biológico resulta em três efeitos fisiológicos básicos: eletroquímicos, eletrofísicos e eletrotérmicos (ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001; NELSON et al., 2003):

efeitos eletroquímicos: ocorre quando a corrente elétrica terapêutica causa à formação de novos compostos químicos. Os compostos químicos já existentes são alterados pelo fluxo da corrente e este fenômeno é observado com a aplicação de uma estimulação elétrica com corrente contínua.

efeitos eletrofísicos: a carga elétrica causa movimentação iônica independente de serem eletrólitos ou moléculas não-dissociadas. As consequencias fisiológicas mais conhecidas dos movimentos iônicos incluem a excitação de nervos periféricos, que na presença de uma corrente elétrica apropriada movimentam os íons sódio e potássio através da membrana celular, contração de músculos esqueléticos ou lisos, ativação de mecanismos endógenos de analgésia e diversas respostas vasculares.

efeitos eletrotérmicos: a movimentação de partículas carregadas em um meio condutor causa uma microvibração dessas partículas. Essa vibração e as forças de fricção associadas às células levam a produção de calor.

Teoricamente, toda vez que uma corrente elétrica percorre o corpo todos os três efeitos ocorrem, porém saber qual dos três efeitos é predominante durante a estimulação elétrica é um pré-requisito para a compreensão das respostas fisiológicas à corrente terapêutica (NELSON et al., 2003). O conhecimento da corrente elétrica terapêutica, da forma e das características da onda, da fase e da carga da corrente, a duração do pulso, a frequencia de repetição, os efeitos diretos e indiretos e o entendimento dos níveis fisiológicos nos quais esses efeitos ocorrem permitem um modelo sistemático voltado para a clínica. Esse modelo pode então ser usado na escolha do método de tratamento necessário para a obtenção dos melhores resultados clínicos.

2.2.3- Eletrodos de Superfície

Os eletrodos de superfície são o meio pelo qual o fluxo de elétrons do circuito de saída do estimulador é convertido em um fluxo de corrente iônica nos tecidos vivos. Esses eletrodos são não invasivos e devem ser duráveis, bem aderidos, flexíveis o suficiente para que se adaptem a qualquer superfície corporal e ainda assim mantenham

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sua condutância elétrica (APARICIO, 1994; GUIRRO e GUIRRO, 2002; KITCHEN, 2003).

Os eletrodos de superfície usados nas aplicações eletroterapêuticas como na EENM são feitos de silicone impregnado com carbono sobre uma base metálica ou não- metálica condutora e podem ser divididos em: 1) não-adesivos: necessitam de um meio condutivo, normalmente gel a base de água e devem ser fixados com fita adesiva; 2) auto-adesivos: não necessitam de fixação com fita e nem do meio condutivo o que torna sua aplicação mais fácil e rápida, porém apresenta uma vida útil relativamente curta.

Figura 2.38: Eletrodos não-adesivos (1) e auto-adesivos (2). Fonte: www.biomedicasm.com.br.

Para que um eletrodo funcione adequadamente ele deve estar bem acoplado ao tecido e toda a sua área deve estar em contato com o tecido-alvo para evitar aumentos não intencionais na densidade da corrente no sítio de estimulação. Os eletrodos precisam de um meio condutor, como gel a base de água ou líquido eletrolítico, entre o eletrodo e a superfície da pele com o intuito de reduzir a impedância eletrodo-pele e facilitar as trocas eletro-iônicas. Este meio condutivo deve cobrir totalmente a superfície do eletrodo para evitar focos de alta densidade da corrente e, nunca deve ser aplicado de modo a unir a área entre os eletrodos, pois isto acaba criando um caminho de baixa impedância indesejável na superfície da pele (ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001; NELSON et al., 2003).

Os eletrodos de superfície apresentam uma grande variedade de arranjos, tamanhos e formatos e, cada um desses fatores pode afetar a amplitude da corrente (determinação da reação dos tecidos biológicos a estimulação). Os determinantes da intensidade da corrente são o fluxo total da corrente no circuito de saída do estimulador

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e o tamanho da área de aplicação. Em geral, quanto maior a magnitude da corrente, maior o “efeito” nos tecidos pelos quais a corrente passa, e já se sabe que, a área de um eletrodo afeta a amplitude da corrente, pois o aumento da área de superfície de um eletrodo diminui a impedância eletrodo-pele (KITCHEN, 2003).

Figura 2.39: Tipos de eletrodos utilizados na EENM. A) auto-adesivo; B) silicone-carbono; C) alumínio; D) chumbo. Fonte: Guirro e Guirro, 2002.

O tamanho dos eletrodos de superfície está associado à impedância da pele, à intensidade da corrente, à discriminação perceptiva da resposta excitatória e a especificidade da estimulação. Em suma, quanto maior o eletrodo menor a impedância da pele. Para Alon et al. (1994) eletrodos maiores produzem respostas motoras mais fortes e sem dor, enquanto que eletrodos menores aumentam a resistência e a impedância da pele e, acabam elucidando uma estimulação dolorosa logo após ter atingido a estimulação motora. A explicação mais possível desse fenômeno é que, por meio do aumento dos eletrodos mais unidades motoras ficam imediatamente abaixo deste e, portanto, são recrutadas simultaneamente. Além disso, eletrodos maiores apresentam uma impedância na interface eletrodo-pele consideravelmente menor que os eletrodos menores (ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001) e, portanto, produzem uma contração muscular melhor e com menos carga de fase, tornando a estimulação elétrica mais confortável. Previsivelmente, a escolha do tamanho do eletrodo a ser utilizado é feita de acordo com os objetivos do tratamento e com as respostas do paciente.

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A colocação do eletrodo é outro fator que influencia a impedância e a magnitude da corrente e, portanto, a resposta do tecido. À vista disso, a impedância do tecido causa uma conturbação no percurso da corrente elétrica e acaba não permitindo que a corrente seja transmitida de um eletrodo para o outro em linha reta. A tendência da corrente em dispersar quando há um grande espaçamento entre os eletrodos pode ser usada como vantagem quando o objetivo é estimular tecidos mais profundos, contudo, a colocação dos eletrodos pode ficar ainda mais complicada pela proximidade de axônios nervosos e receptores de dor, que não é de interesse que sejam estimulados. A colocação ótima dos eletrodos é em parte uma arte e em parte uma ciência (ALON et al., 1994; ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001).

Os eletrodos de superfície são parte integrante do sistema de estimulação elétrica e seu tamanho, material e técnica de colocação afeta de modo dramático as respostas fisiológicas e os resultados clínicos.

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DESCRIÇÃO DOS ELETRODOS DE SUPERFÍCIE

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