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CAPÍTULO I ESPIRITUALIDADE E HISTÓRIA DOS CARMELITAS EM

1.6 Terras dos Carmelitas

Conforme os estudos e apontamentos históricos documentados, as terras de sesmaria concedidas ao Convento de Nossa Senhora do Carmo na vila de Santos estão documentadas no arquivo de Belo Horizonte, dos quais temos as seguintes citações e escrituras:

A 28 de abril de 1608, concedeu Gaspar Coqueiro, Capitão da Capitania de São Vicente e Santo Amaro, loco-tenente e procurador do Sr. Lopo de Souza, Capitão e Governador, aos religiosos do Convento de Nossa Senhora do Carmo da vila de Santos, uma légua em quadra, sendo mais léguas na terra firme, defronte a Ilha de São Sebastião.

No ano de 1609, concedeu o mesmo capitão acima, aos religiosos do Convento do Carmo da vila de Santos e a Nicolau Pessoa, uma terra na ilha de São Sebastião, com duas léguas de largura.

A 02 de maio de 1628, concedeu Álvaro Luiz do Valle, Capitão mor da Capitania de São Vicente, loco-tenente e procurador do conde de Monsanto, aos religiosos do convento do Carmo da vila de Santos, umas terras na ilha de São Sebastião, na terra firme.

No ano de 1632, concedeu Pedro da Motta Leite, Capitão e Alcaide-mor da Capitania de São Vicente, pelo Conde de Monsanto (Dom Álvaro de Castro e Souza) donatário da mesma, aos religiosos do convento do Carmo da vila de Santos umas terras na ilha de São Sebastião.

sorte de terras no rio da Bertioga (hoje Vargem Grande) e os religiosos herdaram de Antonio Gonçalves dos Quintos meia légua de terras na ilha de São Sebastião.

Muitas foram as terras pertencentes a essa ordem religiosa, ou por doação ou por compra, que arrolaremos mais tarde, nos anexos, que foram encontrados nos arquivos, inclusive contendas dos beneditinos com os carmelitas por questões de terras.

No Anexo 1.8, encontramos os nomes dos frades que residiram em Santos de 1589 até 1872.

Pedro Cubas em Testamento

Após a morte de Brás Cubas, seu filho, Pedro Cubas, torna-se seu único herdeiro; por estar enfermo, aos dezessete dias do mês de setembro do ano de 1628, ele faz um testamento em vida, tornando por seus herdeiros universais os religiosos de Nossa Senhora do Carmo. Pede que o acompanhem as Irmandades: Santa Casa da Misericórdia, Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora do Rosário, São João, Santo Antonio, Todos os Santos e das Almas, e as mais que houverem na dita Santa Casa. Conforme documento, o mesmo paga suas dívidas, pede que cobre quem lhe deve, tentando assim justificar-se como cristão, e que seu corpo seja amortalhado com o hábito de Nossa Senhora do Carmo e enterrado junto à sepultura de seu pai na mesma capela: Capela-mor da igreja da Misericórdia, antiga matriz da vila de Santos. O documento foi encontrado no Arquivo do Carmo em Santos, no Livro do Tombo folhas 15 a 18 v de 17 de setembro de 1628, no qual o capitão Pero Cubas, achando-se enfermo e de pleno juízo, doa todos os seus bens à casa de Nossa Senhora do Monte do Carmo por não ter outro herdeiro (Anexo 1.9).

Após essa doação, muitas foram as petições dos frades para a demarcação das terras das sesmarias de Brás Cubas e de seu filho, Pedro Cubas. Consta do arquivo um extenso e

minucioso relatório apresentado ao Ministro dos Negócios do Império, em 22 de novembro de 1871, por comissão nomeada em 17 de dezembro de 1870, que diz respeito à administração e aos bens da atual Província Carmelitana Fluminense. Muitos marcos foram colocados na presença constante de testemunhas. As terras de Jeribatuba tornaram-se sinal de ações promovidas pelos cenobitas carmelitas contra a Câmara Municipal da capital e de Santos. Documento 1. Autos de ação promovida pelos Frades, contra a Câmara Municipal da Capital.

Copia dos autos de ação promovida pelos Frades do Convento do Carmo, em São Paulo, contra a Câmara Municipal da Capital, em 1679, respeito a uma parte de terras dessa mesma sesmaria, cujo teor é o seguinte:

Snr. Juiz dos Orfaons. Dizem o Pe. Fr. Bento da Silva Gatto, Prior do Convento de Nossa Sra. do Carmo desta Villa de S. Paulo e os mais Religiosos Conventuais, que para bem de sua justissa lhe he necessario hua certidão e na qual se declare de meios que elles suplicantes buscarão para se informarem com os senhores officiais da Camara desta villa sobre as differenças, que entre elles avia sobre a terra da tabatinguara e como elles suplicantes são religiosos obdientes amigos da concórdia, e paz tratarão por meio de louvados pessoas authorisadas para que fizessem toda a esposição e julgarem seos títulos que elles suplicantes tem pertencentes ao Convento da Villa de Santos a quem elles suplicantes avião arrendado a ditta terra, e porque sobre ella se moverão alguas duvidas por serem perto desta villa, e para talharem todas as dificuldades que lhe forão postas pellos ditos snrs. Officiais da Camara tratarão pello meio de louvados como ditto tem que forão chamados a Camara. – Pelo que p.p. a V.m. lhe fasa merse passar hua certidão visto vir ser hum dos louvados como tal se achar prezente com os senhores officiais estando em Camara, como do maisque neste particular de tudo passado, e a V.m. lhe costa na verdade e diligencias q. elles suplicantes tem feito pª conseguir a quietação, tudo com clareza por assim convir a sua justiça no q. p a V.M. –

Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. VI.

As doações fizeram dos carmelitas grandes proprietários de terras e de casas na vila, que crescia gradativamente, vale escrever nos anexos as propriedades dos frades a fim de compreendermos a extensão das contendas que tiveram os freis com a Câmara da Vila de Santos. A vila se expandiu sempre próxima ao mar. Havia engenhos nas imediações da vila,

onde hoje se acha o centro comercial da cidade. Era o caso do Engenho de São João, que pertenceu a José Adorno.

Em 1548, Luiz de Góes fez a primeira estimativa da população santista: 600 brancos e 3 mil escravos, totalizando uma média de cinco mil índios para cada branco. Para se ter uma idéia das dimensões da vila de Santos, basta dizer que o Mosteiro de São Bento, que hoje abriga o Museu de Arte Sacra, ficava fora dos limites da vila. A rua que ligava o núcleo urbano do Outeiro de Santa Catarina ao Valongo possuía vários nomes: começava como Beco de Santa Catarina, depois Rua direita, e terminava como Rua de Santo Antônio. Hoje, seus nomes são: Rua Visconde do Rio Branco, Rua XV de Novembro e Rua do Comércio.

Em 1790, a população de Santos foi estimada em 3.145 habitantes. A vila era constituída por dois núcleos bem distintos. Conforme o texto do livro Santos na Formação do

Brasil, vemos que no primeiro núcleo predominavam as funções comerciais e os indivíduos

de origem portuguesa. O segundo era mais antigo, com predomínio das funções militares e administrativas. Ali habitava uma população mais pobre, que vivia da pesca, da extração de lenha nos mangues e que era formada principalmente por pessoas de origem nacional, caboclos e mulatos.

Em 1798, conforme o mapa da Secretaria do Governo do Estado temos as relações de terras pertencentes ao Convento do Carmo de Santos:

FAZENDA DE GAECÁ; uma légua de terra, por uma de sertão, com lavouras, olaria onde rendia anualmente 100 alqueires de farinha, 110 de arroz, 20 de feijão e 10 de milho.

ILHA MONTE DE TRIGO: comprada para pescaria do convento em 1734.

FAZENDA DO FUNDÃO: 1 légua de terra e 3 de sertão com 164 cabeças de gado. PRAIA DA CONCEIÇÃO: 124 braças.

TANGUÁ: com cento e tantas braças, estrada para São Sebastião. Foi doada por D. Maria Francisca Coelho.

GAMBOA: Situada em frente à armação de Bertioga.

JURUBATUBA: Três léguas para o norte e sertão além da cidade de São Paulo. Foram doadas por Brás Cubas.

OSTREIRA: Doação ao convento por Maria do Espírito Santo, por escritura passada em 10 de setembro de 1760. Uma sorte de terras dessa vila para a Barra Grande.

MONTE SERRATE: Todas as suas terras, exceto o lugar onde está construída a Capela. TERRAS DE VARGEM GRANDE: defronte do Rio Caramaú, tem três léguas de testada, as quais foram deixadas ao convento por testamento de Antonio Gonçalves dos Quintos, de quem o convento de Santos ficou por herdeiro, sendo prior Frei Constantino da Cruz, com encargo de certo número de missas.

SÍTIO DO TOPO: Junto à Vila de São Sebastião. Foi doado pelo Vigário Manoel Gomes, o Capitão Manoel Gonçalves de Aguiar, por escritura passada em 16 de abril de 1718 (conforme maço n° 1 doc. 27 c).

SÍTIO DE CAITÊ E GUATINGA: Terras que iam da vila de Santos até Bertioga.

TERRAS DE SÃO JERÔNIMO OU ITORORÓ: Herança de Pero Cubas constava de 195 braças de terras, por 258 de fundos.

Em 16 de abril de 1760, os beneditinos e carmelitas fizeram uma demarcação amigável sobre as terras do Monte Serrate, após várias contendas.

Figura 10. Vila de Santos em 1765 - Reconstituição Topográfica segundo documentos da época.

Em 1848, conforme os recibos de impostos encontrados no arquivo têm em torno de quarenta casas pertencentes ao Convento do Carmo na cidade (Arquivo do Carmo de Belo Horizonte – Anexo 2.1).