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Mediante a comum característica de distribuição das estrelas individuais e sis- temas binários, as quais apresentam amplos valores de v sen i à esquerda e baixa rotação à direita do diagrama HR, realizamos o teste Kolmogorov-Smirnov (KS), conforme descrita por Press (1992), do qual determina a probabilidade entre dois conjuntos amostrais serem oriundos de uma mesma distribuição. Desta forma analisamos se a distribuição da velocidade de rotação destes conjuntos de estrelas são significativamente semelhantes ou distintas entre si. De acordo com o teste KS quando o resultado apresenta probabilidade não nula isto indica que as amostras são significativamente semelhantes entre si; já para valores cujo a taxa de pro- babilidade é nula, inferimos que tais amostras não são oriundas de uma mesma distribuição progenitora.

As Figuras 4.5, 4.6, 4.7 e 4.8 mostram a distribuição cumulativa da velocidade rotacional dos sistemas binários e estrelas individuais localizadas nas regiões à esquerda do limite de descontinuidade (painel superior) e aquelas à direita (painel inferior). Os valores de D representam o desvio entre as distribuições amostrais e também revela seu grau de parentesco, quanto menor seu valor, mais próximas

Figura 4.5: Distribuição cumulativa da velocidade rotacional projetada, v sen i, das estrelas da classe de luminosidade IV.

são as distribuições cumulativas. Os valores de P representam o grau de seme- lhança entre as estrelas individuais e sistemas binários, quanto maior seu valor, maior também será o indicativo das amostras serem de uma mesma distribuição progenitora.

De acordo com os resultados do teste KS, temos que a distribuição das estrelas subgigantes, gigante, gigantes brilhantes e supergigantes Ib localizada antes do limite da descontinuidade rotacional é: 6,51%, 34,35%, 66,8% e 4,93%, respecti-

Figura 4.6: Distribuição cumulativa da velocidade rotacional projetada, v sen i, das estrelas da classe de luminosidade III.

vamente. Os resultados encontrados para o análise da distribuição das estrelas localizadas à direta do limite da descontinuidade é tomada para cada classe de luminosidade em 11,77%, 6,26% e 38,91% para as subgigantes, gigantes brilhante e supergigantes Ib.

Os valores das probabilidade (valor de P) mostram que os sistemas binários e as estrelas individuais de mesmo tipo espectral das classes de luminosidade III e II localizadas antes do limite de descontinuidade rotacional, assim como as classe

Figura 4.7: Distribuição cumulativa da velocidade rotacional projetada, v sen i, das estrelas da classe de luminosidade II.

de luminosidade IV e Ib após o limite de descontinuidade apresentam significa- tivos resultados de serem derivados de uma mesma distribuição progenitora. As demais estrelas (exceto as gigantes pós limite de descontinuidade rotacional) não apresentam resultados solidamente conclusivos para a distribuição de v sen i como similar ou diferente, embora nitidamente os valores de probabilidade é não nula.

Figura 4.8: Distribuição cumulativa da velocidade rotacional projetada, v sen i, das estrelas da classe de luminosidade Ib.

Cap´ıtulo

5

Conclusões e Perspectivas

No presente capítulo faremos a descrição das principais conclusões relevantes deste trabalho na seção 5.1, na seção 5.2 apresentaremos algumas perspectivas para trabalhos que poderão ser realizados a partir dos questionamento e resul- tado expostos por este trabalho de Dissertação.

5.1

Conclusão

No intuito de uma melhor compreensão sobre natureza da descontinuidade ro- tacional analisamos as estrelas evoluídas das classes de luminosidade IV, III, II e Ib, distribuídas pelas tipos espectrais F, G e K ao longo do diagrama HR, com uma amostra completa de estrelas individuais e sistemas binários que apresen- tam paralaxe no Catálogo Hipparcos (ESA (1997)), e medidas de rotação v sen i obtidas com o espectrômetro CORAVEL, por De Medeiros & Mayor (1999), De Medeiros et al. (2002b) e De Medeiros et al. (2014). É importante ressaltar que este trabalho conta com uma amostra aproximadamente duas vezes maior que aquela estudada por De Medeiros (1990), De Medeiros & Mayor (1991) e De Me-

deiros & Mayor (1999), os quais inicialmente propuseram o comportamento da descontinuidade de rotação das estrelas evoluídas a partir das distribuições dos valores da velocidade de rotação projetada, v sen i, em função do índice de cor, (B − V ), conforme representado nas Figuras 4.1 e 4.2.

Com este estudo observamos que a massa está fortemente associada à diminui- ção da rotação das estrelas ao longo de sua evolução e não apenas da classe de luminosidade. Verificamos que estrelas com massa inferior a 1,3 M não apre- sentam mudanças abruptas de velocidade rotacional ao evoluírem ao longo do diagrama HR. As estrelas com massa entre 1,3 M e 2 M apresentam sua des- continuidade de rotação mais à direita do diagrama entre 0,45 ≤ (B − V ) ≤ 0,65. Tanto as estrelas individuais, quanto sistemas binários com massa entre 3 M e 7 M apresentam descontinuidade rotacional localizadas entre 0,75 ≤ (B − V ) ≤ 0,85 e 0,50 ≤ (B −V ) ≤ 0,80, respectivamente. Aparentemente há uma tendência de estrelas com valores de v sen i ≤ 5 km s−1 para estrelas com massa inferior ao

intervalo entre 4 M e 5 M .

A causa da descontinuidade rotacional sempre esteve associada a um torque magnético, sendo este um mecanismo de perda de momentum angular devido aos ventos estelares magnéticos. Porém, De Medeiros (2004) sugere que as gigantes com massa maior que 2 M não mostram evidências convincentes do freio mag- nético atuando para a diminuição dos valores v sen i ao longo de sua evolução. Apenas estrelas com massa menor que 1,5 M podem sofrer perda de momentum angular devido a um torque magnético.

Com o uso dos diagramas HR notamos que as estrelas individuais se distribuem semelhantemente aos sistemas binários de mesmo tipo espectral, tanto antes do limite da descontinuidade rotacional, quanto após o mesmo. Por este motivo

analisamos estatisticamente, com o uso do teste Kolmogorov Smirnov (KS), a distribuição de v sen i das estrelas individuais e sistemas binários localizadas na parte mais azul e vermelha do diagrama HR, afim de verificar se ambos conjuntos apresentam semelhanças entre si. O teste mostra probabilidades não nula para todas as classes de luminosidade, indicando que, em princípio, dentro de cada região espectral (antes e depois da descontinuidade) a rotação deve ser controlada por um mesmo mecanismo físico. Isto pode indicar que a expansão devido a evo- lução das estrelas é quem exerce o papel principal sobre a evolução da rotação. Entretanto, é necessário sublinhar que apenas as classes de luminosidade III e II (antes da descontinuidade) e Ib (depois da descontinuidade) são quem apresentam valores de probabilidade (valor de P) efetivamente elevada.

Em resumo, esse trabalho de Dissertação oferece uma nova visão para o com- portamento da descontinuidade de rotação em estrelas das classes de luminosidade IV, III, II e Ib. Diferentemente daquilo afirmado até o presente, por diferente autores, a localização da descontinuidade depende claramente da trajetória evo- lutiva da estrela e, portanto de sua massa. Isto significa que não é possível definir tal localização unicamente como função do índice de cor ou do tipo espectral. Nosso trabalho aponta também para uma outra característica no comportamento evolutivo da rotação estelar: a existência de uma aparente fronteira, em massa, separando estrelas evoluídas com rotações baixas e moderadas, na região mais vermelha do diagrama HR. Para (B − V ) ≥ 1,0 a grande maioria das estrelas com massa abaixo do intervalo entre 4 M e 5 M apresentam rotações bai- xas, tipicamente com v sen i ≤ 5 km s−1. Entre as estrelas com massa superior a

este intervalo, em sua maioria apresentam rotações moderadas, com valores de 5 kms−1 < vsen i ≤ 15 km s−1. Tal característica é observada tanto em estrelas individuais, quanto as componentes de sistemas binários.

5.2

Perspectiva

• Estudar os possíveis efeitos da metalicidade sobre a localização da desconti- nuidade rotacional nos diferentes intervalos de massa ou luminosidade;

• Efetuar um estudo detalhado sobre a natureza da fronteira em massa estelar, que parece separar os valores de rotação entre baixos e moderados;

• Efetuar um estudo paramétrico da evolução da rotação estelar a partir da sequência principal (SP), visando estabelecer as relações ou leis que descrevem a evolução da rotação como função da massa e de outros parâmetros estelares.

Ap ˆendice

A

Teste Kolmogorov-Smirnov

O teste Kolmogorov–Smirnov, ou simplesmente teste KS, como também é co- nhecido, é um teste não paramétrico que compara se dois conjuntos amostrais apresentam algum grau de concordância entre si. Utilizamos o teste KS para comparar duas amostras observadas, de modo a verificar qual a probabilidade destas amostras provirem de uma mesma distribuição. Os parâmetros d e p apon- tam a divergência entre as distribuições e probabilidade de tais conjuntos serem de mesma origem.

Quando duas amostras são comparadas, Sn1 e Sn2, são comparadas com uma

função de distribuição cumulativa conhecida por p, temos:

d = max|Sn1(x) − Sn2(x)| (A.1)

onde Sn1(x) e Sn2(x) são as distribuições cumulativas de cada amostras. Este

parâmetro determina a significância de acordo com a equação

p(d > observador) = QKS √ N + 0, 012 + 0, 11√ N  d  , (A.2)

onde QKS é uma função monotônica que apresenta limites QKS(0) = 1 e

Se o número de N > 40 calcula-se um valor efetivo para N

Nef =

N1N2

N1 + N2

, (A.3)

onde os índices 1 e 2 são as amostras analisadas. Caso o valor de N ≤ 40, as amostras devem apresentar o mesmo número de pontos ou intervalos.

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