• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 3 – Metodologia

1. Concepção e Planeamento da Investigação

1.1. Teste sociométrico – estudo prévio

O teste sociométrico, entendido como uma escala de atitudes e convicções, é um "instrumento concebido para medir o grau de intensidade das atitudes e das opiniões de um sujeito a respeito de um fenómeno determinado (…), visando a captação de informação, permitem ao sujeito diversas opções entre uma série graduada que lhe é proposta” (Pardal et

al., 1995, p. 68). Conscientes das limitações deste instrumento, que apenas nos indica quais

os elementos do grupo com quem a criança desejaria ou não encontrar-se numa determinada actividade, não sendo, por isso, possível conhecer a intensidade do sentimento que as une, a sua aplicação transmite, neste estudo, a escolha dos alunos diferentes pelos seus pares. Pretendemos ainda, para além de um diagnóstico individual, compreender a estrutura do grupo como um todo, bem como as relações interpessoais, uma vez que os critérios das preferências e rejeições são acompanhados de uma vertente afectiva, não sendo difícil

18

Ver em anexo 2

19

determinar as relações de afinidade, as relações conflituais e as consideradas como “indiferentes”.

1.1.1. População e Amostra

O teste sociométrico contou com a participação de todos os alunos, à excepção de dois, um do 6º ano com NEE que, devido às suas graves limitações, não participou no seu preenchimento, e um outro, do 9º ano, que esteve ausente, perfazendo um total de 56 alunos. As quatro questões do teste sociométrico, formuladas na afirmativa e na negativa, permitiram aos alunos, de acordo com os diferentes ambientes de interacção sugeridos (recreio/intervalo, sala de aula, biblioteca), escolher os colegas com quem desejavam ou não interagir, manifestando assim as suas preferências e rejeições.

1.1.2. Resultados dos dados sociométricos

Os dados fornecidos pelo teste sociométrico foram organizados em forma de tabela, denominada matriz sociométrica20, por ano de escolaridade. Através deste teste foi-nos possível ter uma percepção das relações sociais que se estabelecem entre os alunos, nomeadamente a relação de aceitação/rejeição dos alunos sem NEE face aos seus colegas com NEE.

Pela análise dos dados recolhidos na turma do 4º ano de escolaridade, pudemos constatar que a média de escolhas de pares, ocorridas em situações diversas (no recreio/intervalo das aulas, na sala de aula e na biblioteca) foi de 11,7, variando entre 0 e 33. Estes dados significam que nesta turma de 21 alunos, são escolhidos, em média 11,7 meninos para serem pares preferenciais nas relações entre as crianças. Constatamos também que há alunos que nunca são referidas como pares preferenciais (0 de nível sociométrico) e alunos que são referidas várias vezes como sendo bons parceiros sociais (33 de nível sociométrico). Porém, como veremos posteriormente na discussão de dados, estes resultados não parecem estar relacionados só com o facto de a criança ter NEE, dado que aparecem no estudo crianças sem NEE com nível sociométrico de 0.

O número de escolhas feito por cada criança varia entre 4 e 12. A criança mais escolhida foi um rapaz, com 33 escolhas, seguido de uma rapariga com 27 escolhas.

20

Os menos escolhidos foram três crianças com 0 escolhas (2 rapazes e uma rapariga). Duas destas crianças apresentam NEE. A terceira aluna desta turma com NEE teve apenas duas escolhas (nível sociométrico 2).

Nas questões relativas à rejeição por parte dos colegas, nas diferentes situações do dia-a-dia que foram apresentadas no teste, os alunos com NEE ocupam o 2º, 3º e 4º lugares nos mais rejeitados, com 35, 16 e 14 condições de rejeição. Porém, a criança mais rejeitada não tem NEE.

Quanto à turma do 6º ano de escolaridade, verificámos que cada criança foi escolhida em média 11 vezes para as diversas situações sugeridas, variando entre um mínimo de 0 e um máximo de 25 (uma criança). O número de escolhas por cada criança variou entre 3 e 7.

Estes dados significam que nesta turma de 19 alunos cada criança é escolhida em média 11 vezes para ser par preferencial. Constatámos também que há jovens que nunca são referidos como pares preferenciais (0 de nível sociométrico) e jovens que são referidos várias vezes como sendo bons parceiros sociais (25 de nível sociométrico). Porém, tal como anteriormente, estes resultados não parecem estar relacionados só com o facto de a criança ter NEE, uma vez que o aluno menos solicitado não é portador de deficiência nem tem quaisquer dificuldades de aprendizagem.

As duas crianças com NEE ocuparam o 3º e 5º lugares relativamente aos menos escolhidos (um foi escolhido duas vezes e outro, cinco). Dois dos colegas menos escolhidos sem NEE escolheram-se reciprocamente. Escolheram, ainda, um aluno com NEE, isto é, parece-nos que os jovens menos escolhidos tendem a juntar-se. O segundo aluno com deficiência que não preencheu o teste sociométrico devido às suas graves limitações foi escolhido por dois colegas para brincar em situação de recreio/intervalo das aulas.

Quando questionados sobre os colegas com quem não gostariam de estar nas diversas situações (que rejeitariam), um dos alunos com NEE foi o 2º mais apontado (escolhido 50 vezes por 15 dos seus colegas) e o outro aluno com NEE não foi apontado nenhuma vez (do que se infere que, neste caso, a sua deficiência não interfere nas escolhas sociais que os outros fazem).

Na turma do 9º ano de escolaridade, apesar de estarem matriculados 18 alunos, só 17 responderam ao questionário. A média das escolhas feitas é de 9,61, isto é, nesta turma de 17 alunos, há jovens que são escolhidos, em média 9,61 vezes como sendo os preferidos pelos seus pares. Nesta turma, o aluno mais escolhido teve 26 escolhas e o menos escolhido teve 0 escolhas. Cada aluno escolheu entre 2 e 6 colegas para conviverem nas diversas situações colocadas.

O aluno com NEE não foi escolhido por ninguém e foi apontado sete vezes como a pessoa com a qual não gostariam de se relacionar. Relativamente ao teste do qual se infere o grau de rejeição, este aluno ocupa o 6º lugar dos menos desejados, com uma diferença significativa em relação ao aluno sem NEE que teve mais rejeições (26 rejeições).

1.2. Inquérito por questionário - A percepção da criança diferente

Documentos relacionados