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Testes rápidos de rastreio de VIH em Farmácia Comunitária

PARTE II Apresentação dos temas desenvolvidos ao longo do estágio

Projeto 1. Realização de testes de rastreio de VIH em Farmácia Comunitária

4. Testes rápidos de rastreio de VIH em Farmácia Comunitária

O Despacho nº2522/2018, de 12 de Março, veio permitir a realização de testes rápidos (testes “point-of-care") de rastreio de infeções pelos vírus da Hepatite B, C e do VIH nas farmácias comunitárias e nos laboratórios de patologia clínica e de análises clínicas. Os testes “point-of-care” são testes que podem ser realizados no local de atendimento, junto dos doentes, por qualquer profissional de saúde ou pelo próprio doente. Dando seguimento

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ao referido despacho, o INFARMED, juntamente com a DGS e a Administração Central do Sistema de Saúde, IP (ACSS), elaboraram um “normativo técnico e organizacional” com alguns dos procedimentos que devem ser seguidos para um maior rigor na prestação deste serviço às pessoas. [38]

Assim, de acordo com a Circular Normativa Conjunta da DGS, ACSS, INFARMED, INSA e dos SPMS, os testes rápidos de rastreio devem ser realizados num espaço próprio com isolamento visual e sonoro, de forma a assegurar a confidencialidade e privacidade do doente. Nas farmácias comunitárias, este espaço deverá ser o gabinete de atendimento personalizado da farmácia. O teste deve ser realizado por profissionais da equipa técnica da farmácia, após a realização das ações de formação, reconhecidas pela Ordem dos Farmacêuticos, com aproveitamento. Os farmacêuticos detentores do título de Especialista em Análises Clínicas já estão qualificados para a realização destes testes de rastreio, não sendo necessária a realização das referidas ações de formação. [49] A referida norma estipula ainda que o manuseamento dos resíduos associados à realização dos testes deve ser assegurado por entidades competentes, de acordo com a legislação em vigor. As farmácias que realizam estes testes, devem integrar este serviço no sistema de gestão de qualidade da farmácia, devendo seguir os requisitos da versão mais recente na Norma NP EN ISO 22870 “Testes de diagnóstico rápido (Point-of-care testing POCT) Requisitos para a qualidade e competência”, salvaguardando todos os registos no período mínimo de 5 anos. [49] A farmácia deve ainda participar em programas de avaliação externa da qualidade, nomeadamente o Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade do Instituto Dr. Ricardo Jorge, devendo os registos ser preservados durante pelo menos 5 anos. Da mesma forma, apenas podem ser utilizados os dispositivos e as amostras biológicas para os quais exista sistema de avaliação externa da qualidade. [49]

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, há 5 conceitos-chave que devem ser respeitados e adotados na realização de todos os testes de rastreio do VIH: o consentimento, a confidencialidade, o aconselhamento, resultados fidedignos e a ligação (connection) à prevenção, cuidados e ao tratamento. Assim, os testes devem ser realizados mediante o consentimento informado das pessoas, devendo estas ser informadas sobre todo o processo da realização dos testes, nunca devendo ser de caráter obrigatório; o serviço da realização dos testes deve ser sempre confidencial, quer em relação ao conteúdo ou informações trocadas entre a pessoa e o profissional de saúde, quer em relação ao resultado dos testes; todas as pessoas que realizem o teste devem obter acesso a informação adequada e a aconselhamento de qualidade, antes e após a realização do teste; devem ser fornecidos resultados corretos do teste, assim como serem seguidas as medidas de garantia da qualidade dos mesmos; a referenciação aos serviços de prevenção, tratamento, assistência e apoio é um passo essencial dos testes de rastreio do VIH. [50]

O teste rápido de rastreio do VIH deve ser disponibilizado a todas as pessoas que o pretendam realizar de forma voluntária, anónima - sendo atribuído um número ao utente ao qual será associado o teste- e confidencial, e acompanhado de informação relativa ao aconselhamento pré-teste e pós-teste. O aconselhamento pré-teste pode conter informações tais como a avaliação do risco individual de infeção, informação sobre o teste, o período de janela, o significado dos resultados, as vias de transmissão e formas de prevenção da infeção por VIH. Por outro lado, o aconselhamento pós-teste deve conter informação sobre o significado dos resultados, ser reforçada a informação sobre as formas de prevenção, a necessidade de repetição do teste caso se encontre em janela

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imunológica, a periodicidade para a repetição do teste, e ainda informações relativas ao processo de referenciação hospitalar. [49]

Neste processo, o teste realizado é também numerado, sendo o resultado fornecido ao doente com as informações da data da realização do teste, indicação da necessidade de repetição do teste, caso seja necessário, a identificação da farmácia e o respetivo número de telefone, a assinatura e o nº da cédula ou carteira profissional do profissional que realizou o teste e validou o resultado. [49]

O processo de referenciação hospitalar dos casos reativos tem como referência as Redes Nacionais Hospitalares de Referenciação, devendo a listagem atualizada das consultas, locais e horários estar disponível na farmácia. Assim, perante um caso reativo, a farmácia deve fornecer esta listagem ao utente, assim como o requerimento de “Pedido de primeira consulta de especialidade hospitalar para hospitais do SNS” (disponível no site da ACSS) devidamente preenchido com os dados da farmácia, assinatura e nº da cédula/carteira profissional do profissional que realizou o teste, assim como do carimbo da farmácia. O preenchimento dos restantes dados do utente será realizado pelo próprio utente, estando assim em condições para proceder à sua inscrição para primeira consulta hospitalar. Para isto, deve ser promovido o contacto com o Centro de Contacto do SNS 24 (808 24 24 24) pelo utente ou pela farmácia. Mediante a opção do utente, será realizado de seguida o registo da inscrição na Consulta a Tempo e Horas pelo Centro de Contacto do SNS, de forma a dar, no período máximo de 7 dias, continuidade ao processo de referenciação. [51]

Para que sejam realizados estes testes rápidos de rastreio na farmácia, esta deverá comunicar ao INFARMED, IP e à ACSS, IP através dos meios eletrónicos antes de proceder à sua realização. O Centro de Contacto do SNS fornece várias informações, nomeadamente sobre as unidades hospitalares para primeira consulta, cuja lista está sujeita a atualizações, sobre as farmácias que realizam estes testes de rastreio de VIH, assim como outras informações como as medidas preventivas, aconselhamento pré e pós-teste, período de janela, vias de transmissão, entre outras informações. [13]

5. Intervenção Farmacêutica

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