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Texto introdutório de leitura de texto

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3. Do formato da prova, dos objetivos e da categorização de enunciados

3.1. Texto introdutório de leitura de texto

Optou-se, na pesquisa, por colocar, antes de cada texto, um enunciado inicial que permitisse ao aluno criar hipóteses sobre a leitura que fará, que o fizesse usar seus conhecimentos prévios e de mundo para a compreensão da leitura, já que o ato de ler

implica uma atividade de procura por parte do leitor, no seu passado, de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes para a compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos, mas que certamente não explicita tudo o que seria possível explicitar. (KLEIMAN, 2013, p. 30).

Na intervenção, antes das questões alteradas, dispuseram-se breves textos introdutórios a fim de possibilitar ao aluno maior engajamento na leitura do texto, permitindo reflexão acerca do texto. Seguem no quadro abaixo os textos introdutórios e os textos a que fazem referência:

Textos Texto introdutório

1 Agora você lerá o texto de Tiago de Mello, um grande escritor brasileiro, nascido no Amazonas, famoso por contar como ninguém histórias de seu povo e sua região.

2 Você lerá agora um texto assinado por um grupo de pessoas que solicitam algumas melhorias em sua localidade.

3 O texto abaixo, que você lerá, é uma postagem de blog e foi retirado de um site que trata de assuntos relacionados a animais, aos cuidados que deve se ter com eles e a informações importantes a seus donos.

4 Julio Verne é um escritor que tem vários livros cuja principal temática é a narração de grandiosas e surpreendentes viagens. Um de seus livros é "Viagem ao centro da Terra", que trata de uma interessante viagem que o narrador- personagem faz ao centro da Terra ao entrar por um vulcão. Abaixo você lerá um trecho que trata do trecho que ele encontra em sua aventura.

5 Você já parou para pensar no tempo em que não havia internet? Como as pessoas faziam para saber sobre a vida de alguém famoso? Hoje em dia, com a facilidade das redes sociais, pode-se saber tudo ou quase tudo sobre a vida de alguém. Será que isso é bom?

cotidiano, que às vezes nos intrigam, como o uso das redes sociais pelas pessoas. Leia abaixo o que ela pensa sobre isso.

Quadro 3 - Quadro relacionando os textos da prova e os textos introdutórios propostos na pesquisa Como essas avaliações são baseadas em gêneros textuais, emerge um impasse: se o gênero é localizado cultural, histórica e socialmente para atingir determinados objetivos, como, na prova, aparece sem prévias de modo que o aluno, durante a leitura, é que constituirá e decidirá o gênero, o propósito comunicativo e a forma como lerá, ou seja, a que tipos de conhecimentos prévios e de mundo recorrerá para construir o sentido do texto?

Partindo desse pressuposto, decidiu-se por colocar textos geradores (RODRIGUES 2012) que formulem hipóteses, tenham aguçada a curiosidade, queiram se informar, enfim, que tenham, pelo menos, objetivos que o levem a fazer aquela leitura, e que não seja apenas o de ler para responder à questão da prova.

Assim, o texto gerador referente ao texto 1 situa o aluno de modo a criar hipóteses de que lerá um conto passado na Amazônia. Imagina-se que isso já encaminha a leitura de modo que o aluno formule mentalmente estratégias que o auxiliarão durante o processo da leitura. Diferentemente do texto2, em que ao se afirmar, no texto gerador, que o texto é assinado por várias pessoas que solicitam melhorias em sua localidade, talvez os alunos construam hipóteses que o texto trata de situações reais e, por extensão, possam pensar em problemas vivenciados por eles onde moram.

Quanto ao texto 3, o texto gerador procura contextualizar quanto ao suporte e ao domínio discursivo (MARCUSCHI, 2005) a fim de orientar ao aluno a criar hipóteses acerca das características sócio-comunicativas possíveis de serem encontradas no texto de forma que possibilite um enfoque maior sobre o texto.

A proposta para o texto 4 foi pensada de modo a orientar o aluno, por meio de um breve resumo da história narrada no livro, ter consciência do que encontraria na leitura do trecho, de forma que o estranhamento relativo à linguagem, à sintaxe e à descrição do ambiente não se tornassem uma surpresa que dificultasse a leitura, mas algo que já esperado porque fora hipotético, já que foram usados termos e expressões como grandiosa,

surpreendente e entrar por um vulcão.

Com relação ao texto 5, optou-se por permitir ao aluno usar seus conhecimentos prévios e de mundo acerca das tecnologias, das redes sociais e da privacidade a fim de que pensassem sobre isso e, de certa maneira, confrontassem com a opinião da crônica. O texto

gerador orienta, inclusive, o aluno a ler o texto de forma que percebesse que estaria lendo o que a escritora pensa a respeito do que fora comentado anteriormente. Acredita-se que, nesse caso, o aluno começa a construir os sentidos do texto a partir do foco que dá à sua leitura.

Esse fato condiz com o que Kleimam (2013) postula acerca dos objetivos para uma tarefa. A autora afirma com base em pesquisas realizadas sobre a compreensão de texto que a capacidade de processamento e de memória melhoram significativamente quando são fornecidos objetivos para a leitura. Ou seja, quando são traçados objetivos para a leitura, há focalização, permitindo a seleção do que é importante para a realização da tarefa.

A autora exemplifica com um pesquisa feita por psicólogos americanos que distribuíram um texto que misturava tipologias narrativa e descritiva, que versava sobre dois garotos que queriam brincar e um mostrava a sua casa para outro, com riqueza nos detalhes. Assim, esse texto foi repassado a dois grupos de leitores: o primeiro grupo que objetivava ler imaginando que fosse comprar a casa; e o segundo objetivava lembrar tudo o que pudesse ser interessante para um ladrão que planejasse arrombar a casa.

Após a leitura do texto pelos grupos, os sujeitos que ficaram no primeiro grupo, lembraram do tamanho da casa, do revestimento de pedra, da pintura nova, do número de banheiros, enfim. Os sujeitos do segundo grupo lembraram que às quintas a mãe não estava em casa, a casa ficava isolada por arbustos, os vizinhos ficavam distantes, na casa havia joias, televisão coleção de selos e moedas.

O resultado dessa pesquisa ratifica e evidencia que a compreensão não é única, na verdade, há vários processos de compreensão leitora conforme forem os objetivos propostos. Nesse sentido, torna-se imprescindível que haja objetivos para a leitura de textos, principalmente, quando estão fora de seu contexto de uso, como é o que acontece, normalmente, em provas de larga escala e nas salas de aula, de forma que se desenvolva no aluno a consciência metatextual3.

3 Termo cunhado por Gombert (apud SPINILLO, 2009), a ser explicado no tópico seguinte. Gombert cunha

esse termo em analogia à Consciência fonológica e morfossintática. Para mais informações acerca dos tipos de consciência e sua correlação com a leitura, consultar SPINILLO, 2009.

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