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Capítulo III Proposta de Exposição: Visões do Outro Mundo

2. A Exposição

2.10. Comunicação

2.10.1. Textos Técnicos Expositivos Principais

Ficha Técnica de Exposição

Curadoria

Cheila Patrícia Roupa Nunes

Licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Museu de Marinha, Comissão Cultural de Marinha, Lisboa

Textos

Cheila Patrícia Roupa Nunes

Comissão científica

Primeiro-tenente Ana Maria Tavares

Chefe Serviço de Património do Museu de Marinha, Lisboa Clara Moura Soares

Professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa

Colaboração científica

Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa, Lisboa Cabral Moncada Leilões, Lisboa

Galeria Jorge Welsh, Lisboa Museu de Marinha, Lisboa

Museu do Centro Científico e Cultural de Macau, Lisboa Museu do Oriente, Fundação Oriente, Lisboa

Projecto museográfico

97 Apoio técnico

Oriane Barthe (Estudante IADE) Vanda Pereira (Museu de Marinha)

Revisão de textos

Primeiro-tenente Ana Maria Tavares, Museu de Marinha, Lisboa.

Clara Moura Soares, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa.

Fotografias/Imagens

Museu de Marinha

Biblioteca Central de Marinha – Arquivo Histórico (BCM-AH) Cheila Patrícia Roupa Nunes

Texto Técnico Expositivo Introdutório

EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA VISÕES DO OUTRO MUNDO – A COLEÇÃO DE

PINTURA CHINA TRADE DO MUSEU DE MARINHA

A expos ição Visões do Outro Mundo – A Coleção de pintura

China Trade do Museu de Marinha c entra -se nas troca s culturais

e comerciais entre Portugal e a China ao longo da dinastia Qing (1644-1911 ).

Dura nte o séc ulo XVIII , a gra nde curiosidade ocide ntal pelo exótico Oriente possibilitou a representação de “Vistas” e “Retratos” de navios e portos em pinturas que se tornaram à época a memória de um mundo difícil de alcança r. Com o objec tivo de serv ir o mercado artístico europe u, as pinturas eram enc omendadas como s ouvenir, prese nte de anive rsário ou ainda como símbolo de es tatuto soc ial, polític o ou religioso. As pinturas de ex portação sã o, nos seus dife rentes suportes, importantes doc umentos históricos e artístic os, gra dualme nte difundidos por todo o mundo. A Portugal, terão c hegado através de merca dores portugueses e oficiais de marinha que desempenharam missões nos famosos portos orie ntais. De entre os principa is destacam -se: Macau, Ca ntã o, Whampoa, Hona m, e ntre outros que foram motivo de des taque durante o século XIX.

98 A coleção de pintura China Trade do Muse u de Marinha , como representante d e uma época artístic a, marca a existê ncia de uma forte interação comercial e cultural entre os artistas orientais e os oficiais da Marinha Portuguesa.

Nesta exposiçã o , destaca-se uma se lecção de 18 pinturas a óleo sobre te la, que pode ser apelida da, segundo o que vários autores designam, como o resulta do de uma excecional e rara produção e m contexto chinês.

Texto Técnico Expositivo Principal 1

O MUNDO ARTÍSTICO CHINA TRADE (1750-1950)

Palco de uma in tensa actividade comercia l, o Outro Mundo, localizado na China Meridiona l , e ra para os po rtug ueses uma excelente oportunidade de negócio. A região era composta por uma rede de cidades portuárias de grand e aptidão comercial. As vias marítimas de co municação aliada s à sua posição geográfica contribuíram pa ra o estabele cimento como importante s entrepostos de produção e com ércio .

Durante o século XVI, Portuga l foi a p rimeira nação eu ro peia a chegar e a estabe lecer -se na Ch ina. A sua p resença de stacou-se essencia lmente em Macau, onde ao longo dos séculos fo i constru indo um Im pério. A partir de meados do século XIX, passou a existir em te rritório macaense uma constante pre sença da Marinha Portuguesa que p ermitiu não só a evolução te rrito rial como o fortale cimento dos contactos comercia is e cu ltu rais.

Dos dis tintos c ontactos ocidente -oriente, surgiu o género China

Trade, uma arte chinesa de exportaç ão, produzida entre o século

XVIII e as primeira s décadas do séc ulo XX.

A sua produçã o em série, nos diferentes suportes, era realizada a partir de gravuras europeias minuciosa mente estudadas e adapta das. A pintura por s ua vez era executa da sobre várias técnicas das quais aguarelas, pintura sobre vidro e pintura a óleo sobre tela.

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Texto Técnico Expositivo Principal 2

UMA EXCECIONAL PRODUÇÃO: A PINTURA A ÓLEO SOBRE TELA

O estabele cimento do comércio e strangeiro no Oriente estimulou uma grande afluência marítima nas zon as costeiras do Sul da China. Com a chegada de muitos navio s ocid entais ao rio da s Pérolas (Zhu Yiang) du rante o século XVIII , surgiu a nova tipo lo gia artística no seio do género China Trade: a rep resentação de paisagens de portos o rienta is e de navios o ciden tais, que veio aco mpanhar a

produção das restantes tipolog ias já e xistentes: retratos,

arquitectura e a re presentação de fau na e flora.

De entre as técnicas executadas na China Imperial , destaca-se a produçã o de pinturas a óle o sobre tela. A técnica foi introduzida na Corte pe los padres jesuítas e uropeus durante o século XVII. Pouco tradicional e influencia da pe los artis tas vindos da Europa e da América , nomeadame nte de George Chinnery (1774 -1 852), teve o seu período á ureo a partir dos finais do século XVIII, o que c oinc idiu c om o aparec imento da fotografia.

A produção da p intura em regime de e stúdio só foi possível

através do estab elecimento de re lações mestre -discípulo. Dos estúdios chine ses poucas e ram as o bras que sa íam assinadas ou

datadas. Ca racte risticamente as pinturas su rgem de uma

combinação das técnicas o rientais e ocidentais. As composições simples das pa isa gens poéticas e d as repre sentações de navios, destacam -se através dos ton s fo rtes e contrastan tes, e da minúcia que apresentam.

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Texto Técnico Expositivo Principal 3

AS INTERACÇÕES COMERCIAIS NO SUL DA CHINA

As práticas come rciais e marítimas ch inesas são um dos principais factores responsáveis pe lo de senvolvimento dos portos da China Meridiona l. Os p rin cipais po rtos duran te o sé culo XIX e ra m Cantão, em Kwangtung; Amoy, em Fukien; Nin g -po, em Chekiang , e Macau. Cantão, o ún ico p orto aberto ao co mércio e strange iro após 1757, permitiu que Macau e os p ortugueses fossem ganhando u m papel de destaque nas interacções comerciais. Com o Tratado de Nanquim (1842), ce lebrado entre a China e In glaterra, existiu a abertura de outros cinco porto s , nomeadamente de Hong Kong e Xangai, que permitiu a entrada de outras naçõe s e m território ch inês.

As rotas comercia is mais importantes fora m a rota do chá, do ópio, da seda e da porcelana, progressivamente , o interesse europe u, contribuiu também para a exportação de lacas, mobiliá rio, aguare las e pinturas. A e xportação de pinturas a óle o fazia parte de uma prática que c ons tituía a ec onomia local. Para garantir o s ucess o e o lucro, os pintores chineses vendiam as pinturas em conjuntos , mas antes de as colocarem a bordo dos navios ocidentais, estas eram taxadas individualme nte, enqua nto as a gua relas e os guache s eram a grupados em séries.

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Texto Técnico Expositivo Principal 4 “Esta cidade de Macau,

Marinheiros a fundaram, Marinheiros a edificaram e Marinheiros são para ela.” Monsenhor Manuel Teixeira, 1997

OS PORTUGUESES NO ORIENTE:

A PRESENÇA DA MARINHA PORTUGUESA EM MACAU

Ao l ongo de mais de qua tro séculos , os portugueses mantivera m uma relação c ordial com a naçã o chinesa. O interesse português nas colónias ultramarinas pe rmitiu que a Ma rin ha e os Marinheiros gra dualme nte se tornassem numa presença consta nte e decisiva em muitas oca siões , tais como e m acções de luta contra a pirataria e de prote cção da Costa .

Localizado nas co stas da Ch ina, a ce rca de 145 Km

de Cantão, o te rritó rio de Mac au inse re -se na margem oe ste do Delta, e ste que é formado pelo rio da s Péro las (Zhu Yia ng) e pelo rio de Oeste (Xi Yiang ), na reg ião de Guangdong.

A presen ça de oficiais po rtugueses a partir do sécu lo XIX potenciou o progresso e defe sa do territó rio. Em pouco tempo torna ra -se num dos portos comerciais mais activos do mar do Sul da China.

O forte tráfego marítimo de junco s, sa mpanas, barcos de flore s e navios ocidenta is foi reg istado nas pinturas de expo rtação.

O Museu de Marinh a possui vários exe mplares de vistas d e Macau e de representaçõe s de Navios po rtug ueses em território macaense que, na sua maio ria, foram doados p or oficia is de Ma rinha que ali serviram com toda a sua dedicação .

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