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Textura do solo

No documento Química Analítica Ambiental (páginas 144-148)

ii) Espectro ultravioleta Para a zona ultravioleta um tubo de descarga que contém o gás hidrogénio ou deutério é comumente utilizado Estas fontes

Capítulo 6 – A química ambiental do solo

6.5 Textura do solo

A textura do solo influencia a quantidade de ar e de água que as plantas em crescimento podem obter a partir do solo. O tamanho das partículas é importante pois as partículas menores, de argila, estão mais unidas do que as partículas maiores, de areia. As partículas menores apresentam superfícies específicas muito maiores do que as partículas maiores. À medida que a área de superfície aumentar, a quantidade de água adsorvida (retida) aumentará. Consequentemente, as areias retêm pouca água, porque apresentam um grande volume intergranular. Este volume poroso permite a drenagem livre da água nos solos. As argilas são capazes de adsorver quantidades relativamente grandes de água, dado que apresentam menores espaços porosos, o que faz com que retenham uma maior quantidade de água.

Apesar dos solos argilosos possuírem, em geral, maior capacidade de retenção de água que os solos arenosos, nem toda esta humidade está disponível para as plantas em crescimento. Os solos argilosos (e aqueles

com altos teores de matéria orgânica) retêm mais fortemente a água que os solos arenosos. Isto significa uma menor quantidade de água disponível. Assim sendo, os solos argilosos retêm mais água do que os arenosos, mas a maior parte desta água não está disponível.

Figura 6.6 o aspecto e textura de solos de classes diferentes

A textura do solo pode ser determinada através de um processo de avaliação de textura de campo (Figura 6.6). Este método consiste em amassar uma amostra de solo na mão humedecendo com água até formar uma massa com consistência uniforme, adicionando água lentamente se necessário. Este processo pode demorar alguns minutos. O solo deve estar húmido, mas não em demasia. Enquanto se comprime e amassa a amostra, deve ter-se em atenção a sua maleabilidade, pegajosidade e resistência. Trata-se de um método qualitativo e bastante subjetivo, requer bastante prática para que se consiga identificar quais os materiais presentes.

É possível identificar as classes texturais a partir de algumas caraterísticas percetíveis ao tato, como, por exemplo:

i) um elevado conteúdo de loam – sensação de maciez e sedosidade, com pouca pegajosidade ou resistência à deformação (amostra moldável);

ii) um solo com um conteúdo significativo de areia transmite uma sensação de aspereza e faz um leve rangido quando próximo ao ouvido. Não é pegajoso nem moldável;

iii) um solo argiloso é macio, muito plástico e moldável e apresenta alguma pegajosidade. Quando seca, a amostra torna-se muito dura. Os filamentos dobram-se facilmente em argola sem partir.

Uma amostra de solo franca tem teores de loam, argila ou areia fina que por vezes são difíceis de determinar.

Tabela 6.4 a classificação de solos por textura

Na Figura 6.7 é possível verificar a influência que a textura do solo tem na trajetória percorrida pelos nutrientes até chegarem à raiz da planta. Num solo argiloso, pela natureza da estrutura do solo, o percurso dos nutrientes é maior comparativamente ao de um solo arenoso.

Figura 6.7 o impacto de solos de classes diferentes no trajeto de nutrientes

Matéria orgânica

A matéria orgânica do solo pode ser considerada como um material derivado de restos vegetais e animais incorporados no solo ou depositados sobre a

superfície nos vários estágios de decomposição. Existem benefícios relacionados com o teor de matéria orgânica estável num solo agrícola. Estes benefícios podem ser agrupados em três categorias:

i) Benefícios físicos – a presença de matéria orgânica melhora a estabilidade dos agregados, levando a que haja uma maior infiltração de água e aeração do solo, e, ao mesmo tempo, um menor escoamento de líquido; a componente orgânica também aumenta o tempo de contacto com os líquidos que transportam os nutrientes para as raízes das plantas; a intercalação de componentes orgânicos na mistura do solo aumenta a viscosidade de solos argilosos, tornando-os mais fáceis de cultivar.

ii) Benefícios químicos – a presença de matéria orgânica aumenta a CTC do solo (a capacidade de complexar e libertar ao longo de tempo nutrientes essenciais, incluindo cálcio, magnésio e potássio). O solo, com componentes orgânicos, tem uma capacidade tampão superior.

i) Benefícios biológicos – a matéria orgânica serve de alimento para os organismos vivos e aumenta a biodiversidade e atividade microbiana e pode ajudar na eliminação de doenças e de pragas. Esta atividade aumenta o volume poroso do solo o que resulta numa melhoria na infiltração de água no solo.

A matéria orgânica não apresenta apenas vantagens, existem alguns problemas que resultam da utilização excessiva de matéria orgânica. O uso de produtos farmacêuticos na exploração comercial de animais, por exemplo, pode causar a poluição da zona das instalações.

A determinação da matéria orgânica é realizada a partir do teor de carbono orgânico multiplicado pelo fator de Van Bemmelen (1.724). Este considera que, no total da matéria orgânica, cerca de 58% corresponde ao carbono orgânico presente nas amostras do solo.

matéria orgânica (%) = carbono orgânico x 1,724

Os solos podem ser classificados de acordo com o seu teor em matéria orgânica e de acordo com a sua textura, como indicado na seguinte tabela. Tipicamente, a matéria orgânica é determinada pelo analisador elementar de

carbono e nitrogénio. Existem outras técnicas mas são mais complexas, dispendiosas e não tão adequadas para um laboratório de análise comercial. Análise granulométrica

Cerca de 30 g da amostra do solo são colocados numa estufa de secagem a 105ºC durante 4 horas. Apenas 15g desta amostra são transferidas para um frasco de plástico com 45 mL da solução HMP (polifosfato de sódio 3%) e postas a agitar durante 2 horas. A solução é filtrada através de uma rede de aço de malha 2mm e a rede é cuidadosamente limpa de forma a recolher todos os resíduos. Todo o líquido de lavagem é recolhido num copo de 500 mL. O conteúdo do copo é agitado mecanicamente durante 10 minutos. Transferiram-se 45 mL desta solução para um tubo de centrífuga e deixa-se repousar durante 2 a 6 horas. Após o repouso, o líquido sobrenadante é transferido para um recipiente de alumínio e identificado como argila, levando-se para a estufa de evaporação a 105ºC.

A areia que fica na peneira é transferida para um copo com a ajuda de um esguicho de água destilada. Deixa-se em repouso durante 2 minutos e verta- se o líquido sobrenadante deixando apenas o sólido. A areia é transferida para um recipiente de alumínio, identificando-o como areia e leva-se à estufa de evaporação a 105ºC. A areia seca, depois de arrefecer até a temperatura ambiental, é pesada de modo a determinar a percentagem na amostra.

No documento Química Analítica Ambiental (páginas 144-148)