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TICs: percurso no contexto mundial e brasileiro

No documento Dissertação Dominique Babini (páginas 44-47)

Capítulo I SABERES DOCENTES, PRÁTICA PEDAGÓGICA E

2.2. TICs: percurso no contexto mundial e brasileiro

A utilização da tecnologia pelo ser humano é tão antiga quanto a própria história da humanidade, tendo iniciado quando as pessoas começaram a inventar ferramentas a fim de facilitar a realização de suas atividades diárias, a exemplo da pesca, caça, e proteção. Ao tentar tornar seu trabalho mais fácil e rentável através da criação de recursos mais simples ou mais complexos, o ser humano está fazendo uso das tecnologias (BRIGNOL, 2004).

A evolução do homem sempre foi mediada pelas suas invenções. As tecnologias mais antigas utilizavam recursos naturais, como as pedras, para a construção de ferramentas simples, como os instrumentos de caça; passando pela utilização do carvão e do aço, até o surgimento da eletricidade, da televisão e do computador. A história da tecnologia acompanha a transformação cronológica contínua dos mais variados recursos em fontes de energia mais complexas (SANCHO, 1998).

A utilização da tecnologia na educação teve início com o treinamento de militares durante a Segunda Guerra Mundial, sendo utilizada em paralelo no meio acadêmico, nos Estados Unidos da América. Diversas pesquisas foram realizadas nos anos 50 com o intuito de facilitar o aprendizado e torná-lo mais eficaz, surgindo, assim, uma nova modalidade de ensino, o condutivismo radical9, bastante utilizado nas escolas militares (QUARTIEIRO, 2007; SENAC, 2001).

De acordo com Castells (2000), o primeiro computador eletrônico foi criado na década de 30 pelo alemão Konrad Zuse, pesava trinta toneladas e era constituído por setenta mil resistores e dezoito mil válvulas a vácuo, ocupando uma área equivalente a um ginásio esportivo.

No entanto, apenas nas décadas de 60 e 70, com o desenvolvimento dos meios de comunicação e o surgimento de tecnologias associadas à informática, respectivamente, houve um crescente interesse pelo estudo das possíveis aplicações das TICs na educação (SENAC, 2001).

O primeiro país a se organizar para enfrentar o desafio de integrar a informática à educação foi a França, que serviu de modelo para o mundo. Desde 1970, o país considera a

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O condutivismo radical, proposto por Burrhus Frederic Skinner, constitui uma linha do pensamento psicológico segundo a qual toda conduta humana é completamente determinada, não havendo liberdade de escolha. Este modelo é bastante criticado pela educação, por adotar formas de recompensa no processo educacional, formas de controle do comportamento e por enfatizar o ensino programado.

Dominique Babini Lapa de Albuquerque. As Tecnologias da Informação e Comunicação e o Professor de Fisioterapia: interações para a construção de práticas pedagógicas.

formação de professores como condição primária para uma concreta integração entre tecnologia e educação, além de preocupar-se em possibilitar o acesso à informação e ao uso da informática a toda população, servindo de exemplo para os outros países (VALENTE; ALMEIDA, 1997).

Diferentemente do que ocorreu na França, nos Estados Unidos da América a formação dos professores voltada para o uso pedagógico das novas tecnologias esteve focada apenas no treinamento para uso de softwares, não havendo preparação em caráter pedagógico (VALENTE; ALMEIDA, 1997).

Segundo os mesmos autores, até hoje, não houve neste país uma mudança no paradigma educacional, visto que a formação dos docentes continua sendo realizada de maneira pontual, focando apenas um sistema transmissor de informações. A preocupação se dá mais em informatizar as instituições de ensino do que em capacitar os docentes para utilização das TICs.

A história das TICs na educação brasileira data de aproximadamente 50 anos. Em 1966, originaram-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o Núcleo de Computação Eletrônica, o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde e o Centro Latino Americano de Tecnologia Educacional (SOUZA, 2001).

Entretanto, o ano de 1980 é considerado, pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), o marco inicial oficial da informática na educação brasileira. Neste ano foi criada a Comissão Especial nº1 (CEE-1), constituída por representantes dos mais importantes centros universitários do Brasil e por profissionais vinculados a órgãos do Governo Federal (MORAES, 1991).

Outras experiências tiveram início na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), em 1980, fundamentadas na teoria do construtivismo cognitivo de Piaget10. Dentre as experiências nesta instituição de ensino, destaca-se o trabalho realizado pelo Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia (SOUZA, 2001).

10 Esta corrente de pensamento psicológica proposta por Jean Piaget objetiva a atividade humana de um sujeito

que busca, escolhe, elabora, interpreta, transforma, armazena e reproduz proveniente do meio ambiente ou do seu interior, sendo bastante utilizada pelos teóricos do processamento de informações, os quais estabelecem correlações entre os comportamentos humanos e os ordenadores de modelos virtuais, que processam informações mediante mecanismos de entrada, processamentos e saídas de informações, assim como acontece com o sistema nervoso humano.

Fisioterapia: interações para a construção de práticas pedagógicas.

A concepção do Programa EDUCOM (Educação e Computador), em 1984, foi um marco da geração de base científica e formulação da política nacional da aplicação das TICs na educação. Este programa, criado pelo MEC em ação coordenada com a SEI (Secretaria de Informática), o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e o FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), teve um papel fundamental no processo de inserção das novas tecnologias nas escolas brasileiras, através do desenvolvimento de pesquisas, da formação de recursos humanos, além da produção científica de artigos e

softwares educativos (BRIGNOL, 2004).

Em 1987, houve a implementação do FORMAR (Curso de Especialização em Informática na Educação) e a implantação dos CIEds (Centros de Informática na Educação). Dois anos depois, houve a instituição do Programa Nacional de Informática Educativa (PRONINFE) na Secretaria Geral do MEC e, em 1997, o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO) foi lançado, com o objetivo de promover o uso da telemática como ferramenta de enriquecimento pedagógico no ensino público fundamental e médio (BRIGNOL, 2004).

Através de iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia, foi lançado, em 2002, o livro “Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde”, o qual contém as metas de implantação do Programa Sociedade da Informação e constitui uma síntese sólida de possíveis aplicações das TICs (SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, 1997).

Em 2008, foram lançados, pelo governo federal brasileiro, o Guia de Tecnologias Educacionais e o Programa Banda Larga. O primeiro objetivou ofertar aos sistemas de ensino uma ferramenta a mais que os auxilie no processo de decisão sobre a aquisição de materiais e tecnologias para uso nas escolas brasileiras de educação básica. O segundo teve a finalidade de implantar laboratórios de informática em todas as escolas públicas do país (SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, 1997).

Apesar do grande esforço despendido para a informatização dos ambientes de ensino no Brasil, os resultados alcançados até o momento não foram suficientes para gerar modificações no sistema educacional como um todo, principalmente pela subestimação das implicações geradas por estas modificações, como as alterações na organização das instituições de ensino, no papel do professor e dos alunos e na relação com o conhecimento (VALENTE, 1999).

Para a implementação de um sistema educativo eficaz faz-se necessário o investimento na formação dos docentes e dos outros profissionais envolvidos no processo de ensino- aprendizagem, enfatizando o desenvolvimento de competências que proporcionem uma

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atuação efetiva, aplicando adequadamente o conhecimento e manuseando com precisão as novas tecnologias, de forma criativa e consciente (SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, 1997).

No documento Dissertação Dominique Babini (páginas 44-47)

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