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Tipo de Coleta

No documento valescanunesdosreis (páginas 62-65)

4 O DESENHO TEÓRICO E METODOLÓGICO DO ESTUDO

4.5 Tipo de Coleta

Os dados da pesquisa foram colhidos por meio da técnica de entrevista. Minayo (2007), Lüdke e André (1990), Triviños (2007) e Turato (2003) são consensuais ao afirmarem que a entrevista se configura como a principal ferramenta utilizada pelos pesquisadores para a obtenção de informações subjetivas para posterior compreensão dos processos e produtos construídos pelos sujeitos em relação a determinado fenômeno.

Como técnica de coleta de dados, a entrevista, através da comunicação verbal, se caracteriza pela captação de informações geradas pelos atores que experienciam determinado fenômeno social. Este recurso permite a coleta de significados autênticos e essenciais, comportando-se como um meio de alcançar a compreensão e o aprofundamento das questões subjetivas do problema que gerou o estudo. É um processo que ocorre pela interação dinâmica entre pesquisador e

atores sociais, estabelecida por um vínculo de confiança e respeito mútuos, em que ambos são igualmente valorizados para a concretização da investigação.

Minayo et al. (2007) diz que a entrevista, enquanto estratégia de coleta de dados e forma privilegiada de interação social, tem como principal objetivo construir informações relacionadas ao objeto de pesquisa, que se originam da reflexão do indivíduo acerca da realidade que vivencia.

Para Minayo et al. (2007), é o caráter interpessoal do encontro promovido pela entrevista, indispensável e essencial para o êxito da pesquisa qualitativa, que permite que o afetivo, o existencial, o contexto do dia-a-dia, as experiências, e a linguagem do senso comum sejam observados e considerados. Ainda a autora (1994, p. 109) reitera o valor da entrevista para a metodologia qualitativista ao dizer que esta “é a possibilidade de a fala ser reveladora de condições estruturais, de sistema de valores, normas e símbolos e ao mesmo tempo ter a magia de transmitir, através de um porta-voz, as representações de grupos determinados, em condições históricas, sócio-econômicos e culturais específicas”.

Lüdke e André (1990) destacam que o caráter de interação gerado pela entrevista cria um ambiente de estímulo e aceitação recíproca, permitindo que as informações emergentes do diálogo livre fluam naturalmente de forma legítima e evidente. As autoras apontam ainda diversas vantagens que esta técnica de coleta possui, como: captação imediata e corrente da informação, aprofundamento de pontos levantados por outras técnicas de coletas de alcance mais superficial, alcance de sujeitos com pouca instrução formal, e ainda, permite correções, esclarecimentos e adaptações durante o processo que a tornam sobremaneira eficaz na captação dos dados.

Segundo Turato (2003, p. 308) a entrevista se configura como um instrumento valioso para obtenção de conhecimento interpessoal, que através do encontro face a face preestabelecido, facilita a apreensão de fenômenos e de elementos de identificação, bem como a construção potencial do todo da pessoa do entrevistado.

A modalidade escolhida para apreensão das informações neste estudo foi a técnica de entrevista semiestruturada (Apêndice B). De acordo com Triviños (2007), ela valoriza a presença do investigador, oferecendo todas as perspectivas para que o sujeito da pesquisa adquira a liberdade e a espontaneidade necessárias, tornando o processo investigativo rico e esclarecedor.

Acerca deste tipo de instrumento de investigação científica, Turato (2003) sublinha que este permite que o entrevistado tenha a oportunidade de discorrer sobre o assunto proposto sem respostas ou condições pré-estabelecidas pelo pesquisador, sem preconceitos ou imposições. Desta forma, representa a técnica mais adequada para captar sentidos e significações que os indivíduos originarão a partir do tema exposto. Salienta, ainda, que, na entrevista semiestruturada, o entrevistado e o pesquisador revezam-se no direcionamento da entrevista, o que garante uma melhor construção das idéias em exposição e ganho para coleta dos dados segundo os objetivos propostos.

Triviños (2007, p.146) entende a entrevista semiestruturada como “aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa”, e desta forma os resultados obtidos serão verdadeiramente valiosos. O mesmo autor ressalta que a participação consciente e atuante do pesquisador, ao realizar este tipo de entrevista, favorece a descrição dos fenômenos sociais, bem como sua explicação e total compreensão.

Antes de iniciar a entrevista, foram prestadas informações aos sujeitos da pesquisa sobre os objetivos do estudo, esclarecendo que sua participação era voluntária e que seria garantido seu anonimato. Segundo Triviños (2007, p. 148) “o entrevistado deve saber, em geral, o que é que se deseja dele e qual pode ser sua contribuição para o esclarecimento da situação que interessa”. Corroboram esta assertiva Lüdke e André (1990) ao dizerem que é fundamental para o êxito da pesquisa que se estabeleça um vínculo de confiança, porém para que este seja alcançado é necessário explicitar previamente para o entrevistado os objetivos da entrevista e que a confidenciabilidade das informações será respeitada.

Após esses esclarecimentos foi solicitado ao sujeito que desejasse participar do estudo a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, elaborado de acordo com as recomendações da resolução nº 196/96. As entrevistas foram gravadas em fitas magnéticas com o intuito de garantir a fidedignidade das falas. Reiteram o valor desta forma de registro Lüdke e André (1990, p. 37), ao afirmarem que “a gravação tem a vantagem de registrar todas as expressões orais, imediatamente, deixando o entrevistador livre para prestar toda sua atenção ao entrevistado”. As fitas ficarão na posse do pesquisador por um período de cinco anos. Após esse prazo serão destruídas.

Também foi realizado um diário de campo para que fossem registrados os dados resultantes da linguagem não-verbal, como gestos, expressões faciais, postura corporal, tom de voz, veículos de comunicação capazes de fornecerem informações com mais significado que a linguagem verbal. No entanto, as informações registradas no diário de campo não foram objeto de análise neste estudo, uma vez que as informações apreendidas nas falas permitiram-nos elaborar as categorias analíticas de modo que respondesse aos objetivos do estudo.

No documento valescanunesdosreis (páginas 62-65)