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Tipo de Estudo

No documento Promover para reabilitar : (páginas 33-36)

2. OPÇÕES METODOLÓGICAS

2.1 Tipo de Estudo

A seleção da metodologia a utilizar emerge como uma decisão importante a

tomar, uma vez que norteia o sentido a dar à investigação e ajuda a definir a

questão de investigação bem como os seus objetivos. Esta deve servir os propósitos

da investigação em curso de forma a conseguir objetivos definidos, precisos e

credíveis. Tal é defendido por Fortin (2009, p. 53) que afirma que “as decisões

tomadas na fase metodológica determinam o desenrolar do estudo”.

Giorgi e Sousa (2010) referem que o investigador deve ser rigoroso na escolha

do método de pesquisa a utilizar, relacionando-o com a questão que serve de base

para a sua investigação, o que valida os resultados obtidos, tornando-os mais

concretos, plausíveis e rigorosos, uma vez que este princípio aumenta a validade

dos resultados a obter. Os mesmos autores defendem ainda que

independentemente do modo como o investigador determina a escolha do método

existe sempre uma análise parcial dos factos em estudo, sabendo que tanto se pode

recolher benefícios como surgirem limitações inerentes à opção assumida, uma vez

que nenhuma metodologia é perfeita.

O objeto deste estudo surge como sendo um fenómeno intrincado na medida

em que no mesmo observa-se o EEER como prestador de cuidados à pessoa com

disfagia pós AVC e as suas várias respostas em interação constante com o meio, ou

seja, com o utente, família e equipa multidisciplinar, o que possibilita que a sua

realidade seja interpretada de diversas formas e esteja em constante permuta, não

existindo por isso uma só realidade e, dessa forma, uma verdade absoluta.

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Assim, como forma de orientar esta investigação e de ir ao encontro dos seus

objetivos optei por utilizar como metodologia de investigação o método qualitativo,

uma vez que o seu objetivo é “descobrir, explorar, descrever fenómenos e

compreender a sua essência” (Fortin, 2009, p.32). A abordagem qualitativa visa

esclarecer e dar a conhecer os processos complexos da subjetividade, ao contrário

do que acontece nos métodos quantitativos, em que a base de análise reside na

descrição e controlo das variáveis a estudar, mediante o modo como se efectua o

tratamento dos dados (Holanda, 2006).

Fortin (2009, p.31) afirma que o estudo qualitativo: “está associado a uma

conceção holística do estudo dos seres humanos”. O pensamento dos autores

anteriormente citados vai ao encontro do meu objetivo enquanto investigadora, visto

que ao realizar este estudo pretendia descobrir e explorar o fenómeno da prestação

dos cuidados de reabilitação ao utente com disfagia por AVC, através da experiência

descrita pelos participantes com base na vivencia que estes têm sobre este

fenómeno.

Após definir a abordagem cujos seus pressupostos serviram de base ao

desenvolver deste projeto de investigação, tornou-se crucial decidir qual a tipologia

que iria nortear o estudo com vista a dar resposta à questão de investigação e ir ao

encontro dos objetivos definidos para o mesmo. Fortin (2009) refere que a

investigação qualitativa pode ter várias abordagens, que apesar de terem algumas

características em comum distam nos seus objetivos.

Quando o investigador optou pelo uso da metodologia qualitativa para estudar

um fenómeno, pareceu inevitável, pertinente e necessário a utilização do estudo dos

fenómenos, uma vez que estes são constituídos pelo que é emergente à consciência

do ser humano, procurando em si mesmo explorar o que lhe é consciente (Oliveira,

Lopes, & Diniz, 2008). Ao estudo dos fenómenos atribui-se a designação de

Fenomenologia, a qual consiste num movimento filosófico que surge com Edmund

Husserl e que abrange não só a filosofia como também serve de apoio para o modo

como o Homem se vê e perceciona a si próprio e ao mundo que o rodeia (Giorgi e

Sousa 2010).

De acordo com a questão principal do estudo, o meu objetivo enquanto

investigadora era o de identificar quais as intervenções/estratégias definidas pelo

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EEER com vista à promoção da alimentação da pessoa com disfagia por AVC.

Streubert e Carpenter (2013) afirmam que a fenomenologia pretende dar a conhecer

o significado dos fenómenos humanos vividos, através da análise das descrições

dos participantes.

Desta forma, considerando que pretendo conhecer as vivências do EEER no

que concerne aos cuidados de ER à pessoa com disfagia por AVC, bem como o

significado que o mesmo atribui a essa experiência, considero que a abordagem

fenomenológica é a que melhor se adequa ao estudo deste fenómeno.

Giorgi e Sousa (2010) defendem que a abordagem fenomenológica investiga a

experiência vivida dos sujeitos efetuando uma análise quanto ao modo como os

objetos são transmitidos à consciência, como é que cada sujeito experiencia o

fenómeno que se encontra em análise. Deste modo, o EEER entendido como sujeito

epistémico revela perceções de si mesmo, do outro, da envolvência social e cultural

relativamente ao modo como este se liga à sua consciência, com base central na

experiência dos cuidados de reabilitação à pessoa com alteração da deglutição

vivenciada por si.

A clarificação dos autores sobre este método dá resposta àquilo que era o meu

objetivo com o desenvolvimento deste projeto, visto centrar-me no fenómeno dos

cuidados de ER à pessoa com disfagia por AVC com o intuito de analisar e

interpretar as experiências relatadas pelos participantes neste estudo – os EEER,

indo ao encontro da ideia defendida por Marques (2002) que refere que numa

investigação qualitativa, importa que o investigador se envolva nos objetos e

acontecimentos de modo a avaliar o seu valor como dados.

Streubert e Carpenter (2013) e Giorgi e Sousa (2010) identificam duas

abordagens fenomenológicas, apresentando métodos de análise e fundamentos

filosóficos distintos, a fenomenologia descritiva ou ‘eidética’ desenvolvida por

Edmund Husserl e a fenomenologia interpretativa ou ‘hermenêutica heideggeriana’

defendida por Heidegger. A fenomenologia ‘heideggeriana’ tem como finalidade a

interpretação dos fenómenos e a revelação dos significados comuns que estejam

contidos. Por sua vez, a fenomenologia descritiva tem como objetivo obter

conhecimento da estrutura essencial dos fenómenos em estudo. A escolha da

abordagem fenomenológica de Husserl, fenomenologia descritiva, surge como a

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mais adequada para este estudo uma vez que se pretende descrever o fenómeno

dos cuidados de enfermagem de reabilitação à pessoa com disfagia por AVC a partir

da perspetiva dos EEER, isto é, pretende-se descrever o significado da experiência

dos cuidados de reabilitação prestados à pessoa com disfagia por AVC a partir do

ponto de vista dos EEER que prestam esses cuidados.

A fenomenologia descritiva vai ao encontro das diretrizes teóricas e

metodológicas defendidas pelo método definido por Giorgi e Sousa (2010). Giorgi

surge como sendo um dos investigadores relacionados com a fenomenologia em

relação às ciências humanas, sendo pioneiro no desenvolvimento de uma

metodologia qualitativa.

Em suma, a opção por uma metodologia de investigação qualitativa, com uma

abordagem fenomenológica descritiva prende-se com o fato de permitir-me

enquanto investigadora elaborar um estudo, de forma científica, do fenómeno dos

cuidados de reabilitação à pessoa com disfagia por AVC, atendendo à descrição das

experiências e vivências dos EEER participantes no estudo.

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