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O TIPO DE PESQUISA: EXPLORATÓRIA, DESCRITIVA COM RECURSOS DE

A investigação foi realizada por meio de uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando recursos de pesquisa histórica. As pesquisas exploratórias “têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação dos problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores” (GIL, 2006, p. 43). Assim, o processo de análise e de interpretação foi interativo, pois a pesquisadora elaborou pouco a pouco a explicação lógica do fenômeno estudado, examinado as unidades de sentido, as inter-relações entre essas unidades e entre as categorias em que elas se encontram reunidas. Laville e Dione (1999, p. 227) chamam essa estratégia de “construção interativa de

uma explicação”.

A pesquisa, também, foi descritiva. Conforme Gil (2006, p. 44), esta tem “como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. Nesse sentido, buscou-se descrever o que se ensina, quem ensina e como se ensina a partir dos currículos dos Cursos de Pós-Graduação

Stricto Sensu, contextualizando e compreendendo esse ensino nos currículos.

A pesquisa desta tese constitui o passo inicial para subsidiar o planejamento de estudos de caso, já que o tema escolhido foi pouco explorado, tornando-se necessário seu esclarecimento e delimitação, o que exige revisão da literatura, discussão com especialistas e outros procedimentos.

Além de explicativo e descritivo, a estratégia deste trabalho apresenta recursos do método histórico de pesquisa, já que buscou entender o ensino do campo dos Estudos Organizacionais ao longo de sua trajetória, analisando a legislação educacional e o desenvolvimento e consolidação da pós-graduação.

Escrever a partir da História do Currículo é reconstruir, por meio de múltiplas versões e análise de documentos, estabelecendo relações e correlações, uma rede de significados. Ao fazer tal reconstrução, esta pesquisa enfrentou, além da tensão entre aspectos macro-sociais (fatores externos, política educacional e contexto social, político e social) e as dimensões micro-referentes (fatores internos, como a construção do conhecimento, planejamento do ensino), a dinâmica da sala de aula, local em que o currículo se materializa.

A redução da análise a um desses aspectos provoca o risco de se minimizar a complexidade do fazer curricular (MARCONDES, 2002). Assim, o trabalho tenta ultrapassar essa limitação, compreendendo a trajetória além do estudo da(s) disciplina(s), mas, também, a do currículo dos Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu por meio de diferentes técnicas de coleta de dados, como documentos escritos e entrevistas.

A análise do ensino do campo dos Estudos Organizacionais por uma pesquisa histórica possibilitará compreender a gênese e o desenvolvimento de determinadas categorias que hoje estão presentes, muitas vezes com outros significados. Por exemplo, uma categoria estudada foi “a contextualização do ensino à realidade brasileira”, um desafio que persegue a comunidade acadêmica desde a sua gênese; pôde-se analisar esse desafio a partir do conteúdo ministrado nos programas de ensino do campo, quando da influência anglo-saxão no ensino brasileiro.

A utilização desse delineamento se justifica na medida em que não há acesso ou controle dos eventos comportamentais na construção dos currículos, mas pode-se estudar a

percepção dos professores em relação a sua concepção e prática em sala de aula.

Nesse sentido, Cardoso (1997), ao publicar uma discussão sobre os paradigmas na história, contribui para justificar a utilização do método:

No caso específico da história, [...] como os processos passados não podem transformar-se, nós o conhecemos através de transformações constantes de suas imagens consecutivas, em função das mudanças que intervêm na práxis atual (CARDOSO, 1997, p. 5).

Para entender as estruturas presentes, a pesquisadora precisou estudar e analisar o passado com a finalidade de orientar a práxis social relativa a elas, cujo conhecimento é útil para a atuação na realidade. Trata-se, então, de pesquisa em que:

A história é vista como “ciência do passado” e “ciência do presente” ao mesmo tempo: a história-problema é uma iluminação do presente, uma forma de consciência que permite ao historiador – homem de seu tempo –, bem como aos seus contemporâneos a que se dirige, uma compreensão melhor das lutas de hoje, ao mesmo tempo que o conhecimento do presente é condição sine qua non da cognoscibilidade de outros períodos históricos (CARDOSO, 1997, p. 8).

A partir da compreensão do passado, ilumina-se a história presente. Esclarece-se, contudo, que não se deseja realizar uma pesquisa histórica tradicional pautada somente em documentos escritos, como afirma Cardoso (1997, p. 4):

Modelo macro-históricos e teorizantes: estes podiam ser distintos e até opostos entre si, mas voltavam-se sempre para a inteligibilidade, a explicação, a expulsão ou pelo menos a delimitação do irracional, do acaso, do subjetivo. [...] Trata-se de uma história analítica, estrutural (e mesmo macroestrutural), explicativa (na prática, ainda em casos como o de Weber que pretendia praticar uma ciência da compreensão, e não da “explicação”) – sendo estes alguns dos aspectos centrais de sua racionalidade, sua cientificidade assumida.

Tampouco a pesquisa se orienta por pressupostos positivistas, como relembra Gatti Junior (2002, p. 6), “ideias de produção da verdade absoluta e do saber absoluto em história [...]” ou assumi um único paradigma, marxista ou da Nova História (CARDOSO, 1997; GATTI JUNIOR, 2002; LOMBARDI, 2004), mas, sim, se pauta em alguns dos aspectos da história contemporânea para compreender o tema estudado, como “a ampliação considerável dos objetos e estratégias de pesquisa e a reivindicação do individual, do subjetivo, do simbólico como dimensões necessárias e legítimas da análise histórica” (CARDOSO, 1997, p. 22).

De fato, como afirma Gatti Junior (2002), as pesquisas históricas contemporâneas têm demonstrado uma prática muito vinculada ao desenvolvimento de estudos empíricos, nos quais a teoria não é mais vista como um a priori absoluto, mas apenas como uma forma de acesso, ou seja, um recurso para iniciar o inquérito das fontes de pesquisa.

Assim, a pesquisa sobre o ensino do campo dos Estudos Organizacionais buscou recursos na história das disciplinas escolares, para compreender o que se ensina e como se ensina na contemporaneidade.

4.3 MAPA CONCEITUAL DO OBJETO EMPÍRICO E AS TÉCNICAS DE COLETA DE