Tipo e instrumentos de pesquisa

Partindo princípio de que nosso intuito central é refletir e analisar sobre a prática educacional exercida por professores de Língua Portuguesa, em aulas de leitura, optamos pela combinação de técnicas de análise quanti- qualitativas para que não nos restringíssemos ao reducionismo por uma só opção de análise, de acordo com Oliveira (2007), à medida em que nos proporcionaria oferecer uma visão mais dinâmica dos fenômenos estudados em seu contexto natural, com posterior quantificação dos resultados.

Deste modo, utilizamos como método de pesquisa o do tipo etnográfico, que, segundo André (2002, p. 49) pode ser justificado por possibilitar “uma visão profunda e ao mesmo tempo ampla e integrada de uma unidade complexa, por outro lado demanda um trabalho de campo intenso e prolongado [...]”, já que nosso propósito é explorar e descrever os fenômenos da realidade empírica, priorizando o contexto e sua complexidade, retratando situações vivenciadas no cotidiano escolar sem perda de sua dinâmica natural.

Moreira e Callefe (2008) afirmam que na pesquisa etnográfica o principal meio para obtenção dos dados é por meio de um trabalho de campo, já que o intuito é enfocar o comportamento dos indivíduos no ambiente natural em que estejam inseridos, relacionando-o com a educação. Este tipo será usado no momento em que precisaremos coletar dados sobre a realidade educacional, visando à observação, descrição e interpretação dos procedimentos realizados por um educador em sala de aula, nas aulas de compreensão leitora.

Nos termos de Gil (2010), a pesquisa etnográfica se mostra mais vantajosa do que outros métodos, pois é realizada no próprio ambiente em que ocorre o fenômeno estudado, por isso os resultados tendem a ser mais fidedignos, já que o pesquisador mantém uma certa participação nos eventos em evidência e a probabilidade das informações serem mais confiáveis é maior.

Neste método, o pesquisador é responsável pela coleta e análise de dados, nas quais a condição humana mostra-se relevante para que aquele possa reagir imediatamente, fazendo correções, descobrindo novos horizontes (ANDRÉ, 2002). Nesta perspectiva, o pesquisador usará sua intuição, criatividade e experiência pessoal para tentar compreender os conteúdos, valores, significados explícitos e implícitos etc.

Para tanto, para efeito de coleta de dados, iremos destacar a diversidade dos dados, para que possamos ter uma ampliação da compreensão dos dados, com vistas à contextualização das interpretações. Deste modo, destacaremos quatro instrumentos, quais sejam: a aplicação de um questionário, a observação participante, a análise documental e anotações de campo3. A escolha destes instrumentos é justificada pelo fato de objetivarmos registrar o mais próximo possível o ambiente em que ocorrem as interações e as relações que se estabelecem no contexto educacional.

Segundo Oliveira (2007), o primeiro instrumento, o questionário, pode ser compreendido como uma técnica utilizada para obtenção de informações, neste caso, sobre o docente, através do registro escrito dos dados coletados. Este instrumento se mostra bastante importante, pois será de grande ajuda para a obtenção de informações relevantes e precisas fornecidas pelos próprios sujeitos observados.

Deste modo, achamos viável a aplicação de um questionário para coletar impressões dos próprios docentes, referentes à instrução, à formação, à atuação desses profissionais, bem como questões relativas à concepção e conceitos em relação à prática da leitura. O questionário aplicado (APÊNDICE A) continha vinte e quatro (24) questões mistas, sendo treze (13) abertas, para que os informantes, no total cinco (5), tivessem total liberdade para expressar suas inquietações ou expectativas em relação à sua prática, e onze (11) de múltipla escolha, nas quais os informantes tivessem acesso a mais de uma opção para dar a sua resposta (OLIVEIRA, 2007) 4.

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Nosso intuito inicial era fazer a transcrição da gravação, em MP3, das aulas observadas, porém isso não nos possível por conta do barulho excessivo e constante dos alunos, pois só conseguimos a reprodução parcial das gravações.

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É importante ressaltarmos que a maioria dos professores analisados mostrou-se resistente à aplicação do questionário, justificando a falta de tempo para respondê-lo.

Já o segundo instrumento, a observação participante, pode ser realizado por meio da relação estabelecida entre o pesquisador e os fenômenos que deverão ser analisados dentro de um contexto, pois aquele coletará os dados, tendo por base o ambiente natural (OLIVEIRA, 2007). Assim, após a aplicação dos questionários, julgamos relevante observar algumas aulas, tendo por finalidade reconhecer se as práticas adotadas de fato condiziam com o que eles declararam no questionário.

Optamos pela observação constante e contínua das aulas, independente do eixo trabalhado pelos docentes, leitura, produção textual ou gramática, totalizando sessenta (60) aulas, apesar de nosso foco estar restrito ao trabalho com a leitura e interpretação de textos.

O terceiro instrumento, análise documental, também se mostra pertinente, à medida que propicia reproduzir o mais fielmente possível as relações que se estabelecem no ambiente natural de ensino-aprendizagem (OLIVEIRA, 2007). Assim, tivemos acesso a documentos, tais como textos e exercícios de livros didáticos ou elaborados pelos próprios docentes utilizados ao longo das aulas observadas (ver ANEXOS), visando a uma melhor comprovação das práticas desenvolvidas.

E o quarto instrumento, as anotações de campo, segundo Moreira e Callefe (2008), são realizadas em um contexto particular, funcionando como lembranças dos fatos observados. Deste modo, o pesquisador, ao fazer suas anotações, já começa a desenvolver suas observações e ideias, consistindo assim, como os fundamentos da pesquisa baseada. As observações que realizamos no decorrer de nossa pesquisa foram feitas durante o acompanhamento das aulas, registrando alguns dados relevantes sobre a realidade que nos era apresentada.