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2.2 Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

2.2.2 Tipologia da RNCCI

Existem diferentes tipos de serviços para a prestação dos Cuidados Continuados Integrados:

 Unidades de Internamento:

 Unidades de convalescença (UC) – Visam a estabilização clínica e funcional, avaliação e reabilitação da pessoa com perda de autonomia potencialmente recuperável, não necessitando no momento de cuidados agudos, por um período até 30 dias;

 Unidades de média duração e reabilitação (UMDR) – Visam a prestação de cuidados clínicos, de reabilitação e apoio psicossocial, a uma pessoa em recuperação de um processo agudo ou descompensação de uma patologia crónica, com funcionalidade potencialmente recuperável num período inferior a 90 dias;

 Unidades de longa duração e manutenção (ULDM) - Prestam apoio social e cuidados de saúde de manutenção a pessoas com patologia crónica, em diferentes níveis de dependência, quando estes não possuem condições para serem cuidados no domicílio, sendo-lhes prestados cuidados com a finalidade de prevenir e retardar a situação de dependência, com conforto e qualidade de vida, por um período superior a 90 dias;

 Unidade de Cuidados Paliativos (UCP) – Visam o tratamento e supervisão clínica de doentes em situação clínica complexa e de sofrimento derivado de patologia severa ou avançada, incurável e progressiva;

49  Unidades de ambulatório:

 Unidades de dia e promoção de autonomia - Prestação de cuidados integrados de suporte e promoção de autonomia em ambulatório, a pessoas que não possam ser tratadas em domicílio;

 Equipas Hospitalares:

 Equipa de gestão de altas (EGA) – Preparação e gestão de altas hospitalares, articulando com outros serviços, para os doentes que necessitam um seguimento dos seus problemas de saúde e sociais, em domicílio ou numa outra unidade atrás referida, dentro da área de abrangência hospitalar;

 Equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos – Integra no mínimo um médico, um enfermeiro e um psicólogo, presta aconselhamento em cuidados paliativos tanto ao próprio hospital como no plano individual do doente internado em fase terminal, seja com cuidados directos ou orientação;

 Equipas domiciliárias:

 Equipas de cuidados continuados integrados (ECCI) – Prestação de serviços domiciliários médicos, de enfermagem, reabilitação, apoio social entre outros, após avaliação integral da pessoa com dependência funcional mas cuja situação não requer o internamento. Articula com o Centro de Saúde, sendo assim da responsabilidade dos cuidados de saúde primários;  Equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos – Prestação de

apoio e aconselhamento em cuidados paliativos às ECCI e Unidades de média e longa duração (“Decreto-Lei no101/2006,” 2006).

A organização dos serviços (Figura 1) e a prestação dos cuidados exigem uma interacção e cooperação dos profissionais de diferentes categorias, devidamente

50 preparados e vocacionados para uma compreensão global do doente, o que lhes permite um desempenho competente do ponto de vista técnico e de atitude compreensiva e respeitadora das particularidades biopsicossociais e espirituais de cada utente e a construção de uma linguagem comum facilitadora da comunicação em equipa multidisciplinar e dentro do trabalho interdisciplinar (Seabra, 2011).

Figura 1. Tipos de resposta da RNCCI

Todas estas unidades e equipas devem estar em articulação, facilitando a flexibilidade da sua utilização, tal como a sua gestão deverá garantir a prestação dos serviços de acordo com as necessidades verificadas, optimizando os recursos locais (UMCCI, 2009).

2.2.3 A Coordenação da RNCCI, a Admissão de Utentes e o Plano Individual de Intervenção

A Coordenação da RNCCI:

A RNCCI veio estabelecer a necessidade de uma coordenação operativa regional e local, sendo no entanto coordenada a nível nacional, por despachos conjuntos entre os Ministros da Saúde, da Solidariedade Social e do Trabalho. A Equipa

51 Coordenadora Regional (ECR) é constituída por elementos representantes de cada Administração Regional de Saúde (ARS) e dos Centros Distritais de Segurança Social (Figura 2), assegura o planeamento, a gestão, o controlo e a avaliação da RNCCI, assim como o sistema de informação que suporta a gestão da mesma (“Decreto-Lei no101/2006,” 2006).

Figura 2. Principais Competências das ECR

A Equipa Coordenadora Local (ECL) (Figura 3) tem, tal como a ECR, elementos representantes da ARS e da Segurança Social, integrando no mínimo um médico, um enfermeiro e um assistente social. Estas equipas articulam com a ECR e asseguram o acompanhamento da RNCCI a nível local, a articulação e a coordenação de recursos e actividades, identificando as necessidades da população que abrange e propondo de seguida á ECR as acções necessárias para as satisfazer. É também a nível local que são admitidos ou readmitidos utentes nas unidades ou equipas da RNCCI. A constituição, organização e condições de funcionamento das ECL constam do Despacho nº19040/2006 de 3 de Agosto, onde foram implementadas várias ECL por região no decurso da fase piloto da RNCCI (“Decreto-Lei no101/2006,” 2006).

52 Figura 3. Principais competências das ECL

Admissão de Utentes na RNCCI:

Todas as pessoas que se encontrem em situação de dependência funcional transitória em processo de convalescença, dependência funcional prolongada, fragilidade na velhice, incapacidade grave ou com doença severa em fase avançada ou terminal, são candidatos às unidades e equipas da RNCCI. A sua admissão tem inicio com a proposta das ECCI ou das EGA, passando na ECL nos casos em que seja necessário o internamento numa Unidade de média ou longa duração, tal como nas Unidades de dia e promoção de autonomia (“Decreto-Lei no101/2006,” 2006).

Assim, o ingresso na RNCCI (Figura 4) é feito mediante a proposta por parte da ECL, proveniente de um Hospital ou Centro de Saúde, sendo assegurado o acompanhamento e avaliação a nível local, tal como o planeamento dos recursos e actividades. Após a análise e decisão sobre a situação referenciada, a ECL identifica e providencia o melhor recurso da RNCCI, que por conseguinte responderá às necessidades do utente e da sua família (UMCCI, 2010).

53 Figura 4. Esquema de referenciação à RNCCI ((ECL, http://www.socialgest.pt/)

Uma vez o utente internado, e esgotado o seu prazo de internamento, quando os objectivos não são cumpridos, é preparada a sua alta com o intuito de ingressar na unidade/equipa mais adequada à sua condição e necessidade. Esta mobilidade dentro da RNCCI visa atingir uma melhoria e recuperação clínica, tal como a promoção da autonomia, bem-estar e qualidade de vida (UMCCI, 2010).

Para que este processo seja bem-sucedido é necessário um suporte informativo comum à RNCCI e a cada utente, do qual consta o registo de admissão, a informação de alta, o diagnóstico das necessidades, o plano individual de intervenção e o registo semanal (UMCCI, 2010).

O Plano Individual de Intervenção (PII) define-se como o conjunto dos objectivos a atingir tendo em conta as necessidades identificadas e as intervenções consequentes, tendo em vista a reabilitação global e a manutenção do bem-estar físico e social. O PII é também definido a partir do diagnóstico da situação da dependência e obedece a um instrumento único de avaliação da independência, obrigatório nas unidades de média e longa duração e nas unidades de dia e promoção de autonomia (“Decreto-Lei no101/2006,” 2006).

54 Estes instrumentos de utilização comum permitem uma gestão homogénea dentro da coordenação da RNCCI.

O objectivo desta dissertação enquadra-se apenas no âmbito das Unidades de Internamento pertencentes à RNCCI, referidas anteriormente.

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