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A fisioterapia dispõe de vários recursos direccionados tanto para a prevenção quanto para o tratamento das disfunções do PP. Actualmente, há

grande interesse pelas terapias conservadoras, tanto por parte dos profissionais da saúde quanto dos próprios pacientes. Isso tem contribuído para o crescente número de pesquisas na área da fisioterapia uroginecológica, levando ao aperfeiçoamento dos recursos disponíveis e à introdução de novas técnicas, as quais visam uma abordagem menos invasiva, reduzindo o número de cirurgias e proporcionando melhor qualidade de vida aos pacientes.

2.9.1 TERAPIAS POR BIOFEEDBACK

A terapia por meio do biofeedback fornece a consciência da acção fisiológica dos músculos do pavimento pélvico, por meio visual, táctil ou auditiva. Cones vaginais ligados a eletrodos, manometria e eletromiografia são exemplos de tais meios.

2.9.2 CONES VAGINAIS

Um cone vaginal é um dispositivo que pode ser inserido na vagina para fornecer resistência e feedback sensorial aos músculos do pavimento pélvico à medida que os músculos contraem-se. Os cones previamente pesados podem ser usados para treino de força dos músculos do pavimento pélvico. Eles variam no peso e são utilizadas normalmente por cerca de 20 minutos por dia, começando com o de menor peso e progredindo de acordo com a capacidade do indivíduo de manter os cones. Os cones podem pesar entre 20-70 g. Por exemplo, os cones Mabella (Vitacon AS), pesando 20, 40 e 70 g cada, foram usados no ensaio clínico controlado e randomizado por Bo et al. (K. Bø, Talseth, & Holme, 1999). Financeiramente apresenta um custo acessível ao usuário. O fisioterapeuta tem a possibilidade de verificar a força dos MPP (com base no peso do cone) assim como a resistência (tempo mantido dentro da vagina).

2.9.3 ELETROMIOGRAFIA

A terapia por biofeedback utiliza-se de eletromiografia de superfície para ajudar as pacientes na correcta contracção da musculatura do PP. Este método tem a vantagem de detectar uma contracção muscular mesmo quando muito fraca e seleccionar a musculatura específica do PP, isolando-a da musculatura acessória (adutores, glúteos e abdominais) (Pages, Jahr, Schaufele, & Conradi, 2001). Além de poder ser utilizada com o paciente em ortostatismo também funciona como biofeedback ao paciente. Existe ainda a aplicação de eléctrodos em agulhas que são capazes de fornecer dados relativos a uma única unidade motora, entretanto é um método invasivo e complicado, sendo muito restrito (Henscher, 2007).

2.9.4 ESTIMULAÇÃO DO NERVO SACRAL

A estimulação eléctrica via sacro reflexo pode ser usada para inibir o comportamento reflexo da bexiga. Estimulação do nervo pode ser conseguida usando eléctrodos de superfície, ou agulhas transcutâneas, ou eléctrodos implantados perto dos nervos. Inicialmente, um eléctrodo é colocado através do forame sacral ao lado de um nervo sacral (geralmente S3). Em um procedimento alternativo, o eléctrodo é conectado por fios sob a pele a um gerador de pulso implantado programável que oferece estímulo dentro de parâmetros definidos (Herbison & Arnold, 2009). Esta tecnologia tem sido utilizada em pacientes com bexiga hiperativa, incontinência de urgência e dificuldades miccionais (retenção de urina), e para alguns pacientes com problemas de defecação. Em ensaios clínicos randomizados cerca de 50% dos pacientes do grupo de estimulação têm alcançado plena continência ou uma melhoria superior a 90% dos sintomas de incontinência principal, enquanto uma melhoria de 50% nos principais sintomas de incontinência observadas em cerca de 87% (Herbison & Arnold, 2009).

Estimulação do nervo sacral é recomendado para o tratamento da IU devido à hiperatividade do detrusor em mulheres que não responderam ao tratamento conservador.

2.9.5 ESTIMULAÇÃO DO NERVO TIBIAL POSTERIOR

A estimulação do nervo tibial posterior fornece a estimulação retrógrada ao plexo nervoso sacro. O nervo tibial posterior contém mistas fibras nervosas sensoriais motores que se originam dos mesmos segmentos espinhais que a enervação da bexiga e do pavimento pélvico. O mecanismo exacto de acção da neuromodulação não é claro. O benefício potencial da estimulação percutânea do nervo tibial posterior é que ele pode alcançar o mesmo efeito neuromodulador da estimulação do nervo sacral através de uma via menos invasiva.

Em um estudo controlado randomizado de 100 pacientes, comparou-se a estimulação do nervo tibial posterior com medicação, 80% (35/44) dos pacientes no grupo estimulação do nervo tibial posterior e 55% (23/42) dos pacientes no grupo de medicamentos consideraram eles próprios a cura ou melhora (p = 0,01). Ambos os grupos mostraram uma estatística similar com diminuição significativa no número de perdas por dia, noctúria, incontinência de urgência, e no número de moderados a graves episódios de urgência por dia. Qualidade de vida também foi significativamente melhorada em ambos os grupos imediatamente após o tratamento (Peters et al., 2010; Peters et al., 2009)

2.9.6 TERAPIA MAGNÉTICA

A terapia magnética visa estimular os músculos do pavimento pélvico e / ou raízes sacrais, colocando-os dentro de um campo eletromagnético. As mulheres continuam a estar plenamente vestida ao longo do processo podendo este ser um processo mais aceitáveis quando comparados com a estimulação eléctrica. (Slack, Hill, & Jackson, 2008).

Actualmente não há provas robustas de que tais terapias físicas adicionais têm mais sucesso usado em vez de, ou juntamente com treino muscular do pavimento pélvico. Por isso, recomenda-se que a estimulação eléctrica do assoalho pélvico e biofeedback não deve ser utilizado como parte da rotina do treino muscular do assoalho pélvico. Embora não haja evidência de eficácia, quer para biofeedback ou para a estimulação eléctrica, a informação e apoio gerado pelo biofeedback podem ajudar na motivação para algumas mulheres, e a estimulação eléctrica pode ser de grande valor para aquelas que são incapazes de iniciar uma contracção da musculatura do assoalho pélvico. Portanto, a estimulação eléctrica e o biofeedback podem ser utilizados em mulheres que não contraiam ativamente os músculos do pavimento pélvico, a fim de auxiliar a motivação e adesão à terapia.