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Tipos de Pavimentos Rodoviários

No documento Concelho de Valongo (páginas 48-52)

3. Caracterização dos Pavimentos Rodoviários

3.1. Tipos de Pavimentos Rodoviários

Um pavimento rodoviário é considerado como um sistema laminar formado por um conjunto de camadas de espessura finita, constituída por diferentes materiais apoiados numa fundação (maciço semi-infinito). Tem a função de assegurar uma superfície de rolamento que permita a circulação dos veículos em comodidade e segurança durante um determinado período de vida útil sob ações de tráfego e condições climáticas adversas.

Para um bom funcionamento dos pavimentos rodoviários são exigíveis dois tipos de qualidade: qualidade funcional e qualidade estrutural. A qualidade funcional afeta mais os utentes, relacionando-se com fatores como a segurança, o conforto e a economia, procurando criar uma superfície regular com suficiente rugosidade e resistência ao desgaste. Já a qualidade estrutural está relacionada com a capacidade de o pavimento resistir às cargas dos veículos sem sofrer alterações para além dos valores determinados, que possam pôr em risco a qualidade funcional e segurança de circulação dos utentes.

A característica mais importante da qualidade funcional é, sem dúvida, a resistência à derrapagem em tempo de chuva, havendo o perigo de falta de aderência entre os pneus e o pavimento molhado, podendo originar graves acidentes. É igualmente importante existir uma boa drenagem superficial e uma boa impermeabilização, para não afetar a integridade estrutural, contribuindo para a sua preservação. Outra característica prende-se com as irregularidades do pavimento, que se refletem principalmente no conforto da circulação, onde em casos extremos poderá afetar a segurança. Uma característica que não está diretamente relacionada com a segurança, mas que tem a sua relevância é o ruído de circulação, sendo este ainda mais importante em áreas urbanas. Um pavimento ruidoso é incomodativo não só para os condutores, aumentando-lhes os níveis de cansaço, mas também para os habitantes numa área próxima.

Existem ainda outras características não diretamente relacionadas com o pavimento, mas com os seus equipamentos. São exemplo a sinalização horizontal, dispositivos de regularização da velocidade e outras propriedades óticas que podem influenciar a segurança rodoviária.

Um pavimento é constituído por um conjunto de camadas colocadas horizontalmente sobre o terreno. Estas camadas de determinada espessura e material são apoiadas no solo de fundação, que pode ter um coroamento de qualidade melhorada. Estas camadas podem ser divididas em três conjuntos: camadas ligadas ou superiores, constituídas por materiais granulares estabilizados com ligantes, colocados na parte superior do pavimento. Camadas granulares, constituídas por inertes britados ou naturais, tratados ou não, colocados na parte inferior do pavimento. Por último a fundação (terreno natural), onde assentam todas as anteriores camadas. Estas diferentes camadas dispõem-se, normalmente, com qualidade e resistência decrescente, no sentido da superfície do pavimento para o solo de fundação de

26 acordo com a gradual redução dos esforços e profundidade das cargas. Cada camada é caracterizada pelo comportamento mecânico dos materiais, definido pelo módulo de deformabilidade (E) e pelo coeficiente de Poisson (ν). O módulo de deformabilidade define a relação entre as tensões e as deformações dos materiais constituintes das camadas de um pavimento e o coeficiente de Poisson define a relação entre as deformações radiais e as deformações axiais dos materiais. A seguinte figura ilustra os três conjuntos.

Figura 9 - Camadas do Pavimento Rodoviário (Fonte: Branco et al., 2006)

Devido à associação de camadas por diferentes materiais, resultam diferentes tipos de pavimentos, consoante os materiais e a sequência de camadas que os constituem. Os pavimentos podem ser constituídos por diversos materiais, podendo agrupar-se segundo o seu comportamento estrutural e deformabilidade em quatro tipos:

 Pavimentos flexíveis, constituídos por camada de desgaste, camada de regularização, camada de base e camada de sub-base.

 Pavimentos rígidos, constituídos por camada de desgaste e camada de sub-base.

 Pavimentos semi-rígidos, constituídos por camada de desgaste, camada de base e camada de sub-base.

 Pavimentos granulares, revestimento superficial e várias camadas granulares.

A escolha de cada um destes tipos de pavimentos dependerá da intensidade de tráfego, da qualidade resistente do solo de fundação e da qualidade dos materiais disponíveis.

Tabela 2 - Deformabilidades dos Pavimentos (Fonte: Branco et al.,2006)

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3.1.1. Pavimento Flexível

Os pavimentos flexíveis caracterizam-se pelas suas camadas superiores serem constituídas por materiais estabilizados com ligantes betuminosos, misturas betuminosas, seguido de camadas granulares. Esta estrutura apresenta grande flexibilidade, obtendo elevadas deformações, sendo pouco resistente a esforços de tração. A resistência estrutural destes pavimentos é dada pelas diferentes camadas que o constituem, sendo a camada de base a mais importante, pois recebe os esforços de tráfego provenientes da camada de desgaste.

Figura 10 – Constituição de um Pavimento Flexível (Fonte: Lopes, 2009)

3.1.2. Pavimentos Rígidos

Os pavimentos rígidos são compostos por uma camada superior constituída por materiais estabilizados com ligantes hidráulicos (laje de betão), tendo a dupla função de camada de desgaste e de base, seguida de uma camada granular, que no caso de tráfego intenso é estabilizada com ligante hidráulico. A sua função estrutural é garantida pela elevada resistência à flexão da laje de betão, fazendo com que o pavimento não sofra deformações acentuadas mesmo quando sujeita a temperaturas elevadas e tráfego pesado, lento e intenso e em solo de fraca capacidade de carga, pois as tensões geradas no solo de fundação são meramente residuais.

Figura 11 – Constituição de um Pavimento Rígido (Fonte: Pereira et al., 2013)

O objetivo da aplicação deste tipo de pavimento é de fornecer uma estrutura mais eficiente para resistir às elevadas cargas a que este estará sujeito. É de referir que o pavimento rígido apresenta um investimento inicial bastante elevado, mas o período de vida útil é maior em relação ao pavimento flexível.

28 Figura 12 – Execução de um Pavimento Rígido, (Fonte: Panoramio, 2014)

A resposta estrutural dos pavimentos rígidos em relação aos flexíveis é diferente perante as mesmas ações. Os flexíveis, como apresentam uma camada superficial em betuminoso, conduzem a uma maior concentração de tensões sobre o solo de fundação, devido à flexibilidade das camadas betuminosas. Já os pavimentos rígidos têm uma maior distribuição de tensões no solo de fundação, sendo a tensão máxima menor quando comparada com a tensão máxima dos pavimentos flexíveis. Pode ver-se na seguinte figura a diferença de distribuição das tensões entre os dois pavimentos.

Figura 13 – Comparação das Tensões Entre o Pavimento Flexível e Rígido (Fonte: ebah, 2014)

3.1.3. Pavimentos Semi-Rígidos

Os pavimentos semi-rígidos apresentam camada de desgaste e regularização em betuminoso tal como os pavimentos flexíveis, diferenciando-se na camada de base. Esta camada é constituída por um material granular estabilizado com ligante hidráulico, normalmente betão pobre, que devido à sua elevada rigidez, absorve a maior parte dos esforços verticais, proporcionando valores muito reduzidos na camada de fundação. Relativamente à camada de sub-base, esta é constituída por material granular.

Dentro dos pavimentos semi-rígidos podem distinguir-se duas diferentes estruturas, as diretas e as inversas. Na estrutura direta, é colocada uma camada de mistura betuminosa sobre a base estabilizada com ligante hidráulico, eventualmente com intercalação de uma interface retardadora da propagação de fissuras. Nas estruturas inversas, existe a interposição de uma camada granular, não ligada, entre as camadas betuminosas e a camada de betão pobre.

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Figura 14 – Constituição de um Pavimento Smi-rigído (Fonte: Jacob, 2013)

3.1.4. Pavimentos Granulares

Não são utilizados para tráfego intenso, mas sim para complementar as principais vias a pequenos acessos. Longe das grandes cidades, este tipo de pavimento, já menos usado nos dias de hoje, pode ser encontrado em aldeias mais afastadas dos centros urbanos.

São constituídos por uma camada de material granular, com espessuras entre 15 e 30 cm e por uma camada de revestimento superficial, geralmente gravilha.

Figura 15 – Constituição de um Pavimento Granular (Fonte: Jacob, 2013)

No documento Concelho de Valongo (páginas 48-52)

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