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5.3 A TIVIDADES

5.3.2 A TIVIDADES LIVRES

As atividades livres são aquelas em que a criança tem a liberdade para brincar sem a orientação da professora, ela pode escolher sua própria brincadeira. Essas atividades integram a rotina da Educação Infantil e são momentos necessários, pois muitascrianças permanecem o dia todo na instituição.

Pela brincadeira, a criança também se expressa como está percebendo o mundo que a cerca. Brincando, a criança não apenas se diverte: ela interage com todos à sua volta. Para que as brincadeiras ajudem no processo de construção do conhecimento, é mais proveitoso quando são inclusas atividades que favoreçam a troca de sugestões e opiniões das questões e criam-se situações para o desenvolvimento da autonomia. Dessa forma, a criança atribui sentido e significado ao que está aprendendo.

[...] a brincadeira abre espaço para a criança se colocar, para organizar seu pensamento, suas emoções, desenvolver a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Através do brincar a criança experimenta o mundo, os movimentos e suas

reações, tendo assim elementos para desenvolver atividades mais elaboradas no futuro (ALVES apud FRISON, 2008, p. 1).

Na seqüência, relataremos as atividades livres desenvolvidas durante os dias de nossa observação. Um diferencial observado entre todos os CEIs em suas atividades é que, na proposta do CEI3, não é permitido utilizar qualquer tipo de material fotocopiado para pintura, colagem ou outra atividade, pois tudo deve ser confeccionado pela própria criança.

No CEI1, a sexta-feira foi eleita para atividades diferenciadas. No dia de nossa observação, as crianças passaram a tarde na piscina, com as professoras e diretora. Neste CEI não há brinquedos de parque: escorregador, balanço, gangorra, entre outros.

As atividades livres aplicadas por P1 foram: brincadeira com massa de modelar, brinquedos pedagógicos e diversos (panelinhas, fogão, homenzinhos, carrinhos, entre outros).

Ao distribuir os brinquedos, P1 dividiu as crianças em dois grupos: de um lado, as meninas e do outro, os meninos. Separou panelinhas, fogões e bonecas para as meninas e animaizinhos e homenzinhos para os meninos. Isto é, P1 direcionou a divisão de papéis estabelecidos socialmente entre meninos e meninas durante a brincadeira. Com essa atitude, a professora apresenta mecanismos sutis que constroem e mantêm as diferenças entre os sexos. Pensamos que, na Educação Infantil, a professora pudesse estabelecer relações de forma livre e espontânea, nas quais as crianças pudessem escolher seus brinquedos sem constrangimentos. Os meninos pudessem participar de brincadeiras que são vistas como funções das mulheres: cuidar da casa, cozinhar, cuidar dos filhos, sem que seja estabelecido um papel sexual pré-determinado. Os brinquedos são elementos culturais que as crianças estão a todo momento re-significando. A professora organizou essa brincadeira agrupando as crianças em grupos distintos, de forma que favoreceu o sexismo.

P2 distribui gibis para leitura em sala; diariamente, no final da tarde, sua turma realiza atividades livres no campo e no pátio, com bambolês, petecas, raquetes e bolas; e enquanto aguardam os pais, as crianças assistem vídeos. Na lateral da sala, em frente à biblioteca, há um espaço que P2 sempre utiliza, entrega uma caixa de brinquedos às crianças e as deixa brincando.

P3, nas atividades de pátio, distribuiu giz para que desenhassem no chão e bolas; sempre os leva para o parque e brinquedoteca.

Na turma de P4, uma vez por semana as crianças vão à videoteca. A professora pede para que as próprias crianças tragam seus DVDs e faz uma votação entre eles para escolher o filme/desenho que desejam assistir. Durante a votação aproveita para ensinar números e matemática. Também os levou ao parque e à brinquedoteca.

P5 estabeleceu o primeiro horário da manhã para que as crianças saiam para brincar fora de sala de aula, essa é rotina diária: ―um dia a gente dá giz, outro dia a gente distribuilego‖.

Em virtude das comemorações da semana da criança, foi programada para a turma de P5 uma tarde para passeio na bicicleta ecológica e brincadeiras na cama elástica. Em sala, normalmente brincam com brinquedos pedagógicos (peças de montar), ouvem música e brincam no parque.

P6 levou as crianças para brincar no parque e distribuiu brinquedos para brincar em sala.

Percebemos, de modo geral, que a distribuição das atividades que priorizam a concentração e raciocínio está no período da manhã ou no início da tarde, pois as crianças estão menos cansadas e, segundo as professoras, apresentam melhor desempenho e interesse. Já no final da tarde, concentram-se as atividades livres.

P2 comenta: ―as atividades que exigem maior concentração funcionam melhor no período da manhã, porque tanto as crianças como nós professoras estamos menos cansadas‖.

Há uma preocupação constante e evidente quanto ao tempo de duração das atividades: duram entre 25 (vinte e cinco) a 40 (quarenta) minutos, nunca além, para que não se torne monótono, já que a criança nessa faixa etária é muito ativa e dinâmica. Concordamos com a afirmação de Barros, Nascimento e Kramer (2008) que, não somente nas atividades livres, mas em todas aquelas que permitem a interação entre as crianças na educação infantil,

as formas de comunicação construídas nessas turmas podem ser permeadas por enunciados que demonstram um discurso entoado por afetos e limites, cooperação e individualismo, diálogo e imposição, carinho e rispidez, respeito e deboche. Através da

linguagem, as crianças em interação com seus pares exercem negociações para a mudança das regras, modificam as formas de pertencimento ao grupo, exercitam seu potencial de autoridade e liderança na organização de brincadeiras, experimentando jogos de exclusão e inclusão (p.3).

Acrescentamos que a ação docente é perceptível e fica impressa no corpo das crianças. É a postura da professora, a maneira como suas ações são desenvolvidas, o seu entendimento sobre corporeidade e sobre sua própria corporeidade que definirão as características dessas marcas, e é assim que essas crianças vão se constituindo como seres humanos atuantes em seu meio.

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