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Alta encosta

TOPO DA MATA

15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 2 3 1 (50 m) BORDA

Figura 4 - Esquema do gradiente geomorfológico, onde foram coletadas as amostras de

solo a 0-10 cm e 10-20 cm, “Mata do Mumbaça, Dionísio-MG”.

(240 m) 120 parcelas 10 x 10m Rampa baixa

Baixa encosta côncava Alta encosta côncava Topo

Gradiente geomorfológico

de acertos nas relações encontradas entre as variáveis ambientais. Foram testados os coeficientes de regressão, entre as características químicas e físicas dos perfis estudados nas diferentes faixas altitudinais “Rampa baixa, Baixa encosta côncava, Alta encosta côncava e Topo”, com o objetivo de mostrar a significância da correlação da linha de tendência da curva.

2.4 – Ordenação de dados de solo e vegetação

Para testar a hipótese formulada, de que existem variações na distribuição das espécies acompanhando o gradiente geomorfológico e pedológico, os dados de vegetação foram analisados em conjunto com os dados obtidos na análise de solos, através da análise de correspondência canônica, CCA (TER BRAAK, 1986; TER BRAAK, 1987). A CCA possibilita uma análise de ordenação direta de gradientes, explicando a distribuição das espécies em relação a variáveis ambientais (TER BRAAK, 1987; TER BRAAK, 1995).

Para essa análise foram elaboradas duas matrizes: uma matriz de vegetação contendo os valores de densidade das espécies nas parcelas, e uma matriz ambiental contendo os dados de solos. A análise foi realizada através do Programa PC-ORD (MC CUNE e MEFFORD, 1997). Foram consideradas apenas as espécies com cinco ou mais indivíduos no levantamento total, uma vez que, em técnicas de ordenação, espécies raras interferem muito pouco nos resultados (GAUCH, 1982), e dificultam a interpretação da CCA. Dessa forma, a matriz de vegetação foi composta de 27 espécies arbóreas e a matriz ambiental das variáveis P, K, Ca, Mg, Al, areia fina, areia grossa e argila.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 - Caracterização físico-química do solo

Os resultados da análise textural do solo estão apresentados na Tabela 1. Na posição topográfica de Topo, a textura do solo é muito argilosa. Nas parcelas localizadas na Rampa baixa, Baixa encosta côncava e Alta encosta côncava, a textura variou de argilosa a argilo-arenosa.

Tabela 1 – Características texturais de amostras de solos superficiais (0-10 cm) e (10-20

cm), coletadas em 16 parcelas numa Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio - MG. Parcelas Horizonte (cm) Areia Grossa (%) Areia Fina (%) Silte (%) Argila (%) Classe textural 1 (0-10) 39 12 4 45 Argilo-Arenosa 1 (10-20) 35 13 4 48 Argilo-Arenosa 2 (0-10) 33 11 7 49 Argila 2 (10-20) 30 13 7 50 Argila 3 (0-10) 38 16 6 40 Argilo-Arenosa 3 (10-20) 31 17 8 44 Argilo-Arenosa 4 (0-10) 33 12 8 47 Argilo-Arenosa 4 (10-20) 30 12 8 50 Argila 5 (0-10) 32 12 10 46 Argila 5 (10-20) 30 11 10 49 Argila 6 (0-10) 34 14 9 43 Argilo-Arenosa 6 (10-20) 36 13 9 42 Argilo-Arenosa 7 (0-10) 31 13 12 44 Argila 7 (10-20) 28 12 11 49 Argila 8 (0-10) 25 11 12 52 Argila 8 (10-20) 24 10 10 56 Argila 9 (0-10) 25 12 14 49 Argila 9 (10-20) 27 11 12 50 Argila 10 (0-10) 27 9 13 51 Argila 10 (10-20) 27 9 13 51 Argila 11 (0-10) 24 9 9 58 Argila 11 (10-20) 22 7 10 61 Argilo-Arenosa 12 (0-10) 33 8 9 50 Argila 12 (10-20) 31 9 10 50 Argila 13 (0-10) 23 9 11 57 Argila 13 (10-20) 20 8 10 62 Muito Argilosa 14 (0-10) 24 8 6 62 Muito Argilosa 14 (10-20) 23 9 7 61 Muito Argilosa 15 (0-10) 18 8 6 68 Muito Argilosa 15 (10-20) 22 10 6 62 Muito Argilosa 16 (0-10) 15 8 8 69 Muito Argilosa 16 (10-20) 21 9 6 64 Muito Argilosa

Os resultados das análises químicas do solo estão apresentados na Tabela 2. Verifica-se que os solos são pobres, com altos teores de alumínio e baixa saturação de bases (ALVAREZ et al., 1999). A ocorrência de vegetação florestal em solos distróficos sugere que a reposição de nutrientes depende de uma eficiente estratégia de ciclagem (RODRIGUES et al., 1989).

Houve um aumento gradativo nos teores de P, K, Ca, Mg do topo para a rampa baixa. Isso mostra uma condição de fertilidade química um pouco melhor no solo da Rampa baixa, em relação ao solo mais pobre e lixiviado do Topo (MARTINS et al., 2003). Ao longo do gradiente geomorfológico a fertilidade do solo normalmente aumenta do topo para a rampa baixa, sendo estas variações relacionadas com a remoção de material das partes mais altas e sua deposição relativa nas mais baixas (RESENDE et al., 1995; BOTREL et al., 2002; MARTINS et al., 2003).

Quanto ao pH, H+Al, m, todos os solos são ácidos, sem um padrão claro de variação ao longo do gradiente topográfico. Já o teor de alumínio trocável aumenta da rampa baixa para o topo, evidenciando maior acidez do solo da posição topográfica mais elevada em comparação a Rampa baixa, estando as posições Alta encosta côncava e Baixa encosta côncava em posição intermediária.

Os resultados obtidos seguem o padrão químico reconhecido nos solos da região da Zona da Mata - MG, em que nas porções mais elevadas os solos são distróficos e com teores mais elevados de alumínio trocável, enquanto nas rampas e terrenos planos apresentam fertilidade maior e menor acidez (CÔRREA, 1983; CARVALHO-FILHO, 1989; KER e SCHAEFER, 1995; MARTINS et al., 2003).

Tabela 2 - Características químicas e físicas amostradas em solos superficiais (0-10 cm) e

(10-20 cm), coletadas em 16 parcelas numa Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio - MG.

Parcelas Horizonte (cm) pH P K Ca Mg Al H + Al SB t T V m H2O -mg/kg-1- ---cmolc/ kg-1--- ----%--- -- 1 (0-10) 3,89 2,9 29 0,32 0,14 1,45 3 0,53 1,98 3,53 15 73,2 1 (10-20) 4,01 2,4 24 0,24 0,06 1,25 2,2 0,36 1,61 2,56 14,1 77,6 2 (0-10) 4 1,4 27 0,24 0,09 0,87 3 0,4 1,27 3,4 11,8 68,5 2 (10-20) 4,12 1,1 20 0,22 0,05 0,87 2,4 0,32 1,19 2,72 11,8 73,1 3 (0-10) 3,95 1,7 24 0,24 0,06 1,16 2,2 0,36 1,52 2,56 14,1 76,3 3 (10-20) 4,09 1,2 20 0,23 0,04 0,87 1,9 0,32 1,19 2,22 14,4 73,1 4 (0-10) 3,96 2,3 24 0,23 0,06 1,16 2,9 0,35 1,51 3,25 10,8 76,8 4 (10-20) 4,07 1,2 19 0,21 0,04 0,87 1,6 0,3 1,17 1,9 15,8 74,4 5 (0-10) 3,98 2 27 0,24 0,08 0,96 2,2 0,39 1,35 2,59 15,1 71,1 5 (10-20) 4,13 1,5 20 0,23 0,05 0,87 1,9 0,33 1,2 2,23 14,8 72,5 6 (0-10) 4,06 1,6 26 0,26 0,08 0,96 2,7 0,41 1,37 3,11 13,2 70,1 6 (10-20) 4,16 1,7 20 0,23 0,05 0,87 2,1 0,33 1,2 2,43 13,6 72,5 7 (0-10) 4,01 1,4 28 0,23 0,07 1,16 2,9 0,37 1,53 3,27 11,3 75,8 7 (10-20) 4,15 0,9 18 0,21 0,03 0,87 1,9 0,29 1,16 2,19 13,2 75 8 (0-10) 3,9 1,8 27 0,23 0,05 1,45 2,9 0,35 1,8 3,25 10,8 80,6 8 (10-20) 4,13 1,2 25 0,25 0,07 1,16 2,4 0,38 1,54 2,78 13,7 75,3 9 (0-10) 3,96 1,1 19 0,22 0,04 0,96 2,7 0,31 1,27 3,01 10,3 75,6 9 (10-20) 4,05 1,4 14 0,23 0,05 0,96 1,7 0,32 1,28 2,02 15,8 75 10 (0-10) 4,15 1,5 24 0,22 0,05 1,16 2,5 0,33 1,49 2,83 11,7 77,9 10 (10-20) 4,18 1,1 17 0,21 0,04 0,87 1,6 0,29 1,16 1,89 15,3 75 11 (0-10) 3,87 2,3 28 0,23 0,06 1,45 3,5 0,36 1,81 3,86 9,3 80,1 11 (10-20) 4,08 1,6 21 0,25 0,06 1,16 2,4 0,36 1,52 2,76 13 76,3 12 (0-10) 3,84 1,9 21 0,23 0,04 1,54 3,8 0,32 1,86 4,12 7,8 82,8 12 (10-20) 3,96 1,4 18 0,24 0,05 1,35 2,4 0,34 1,69 2,74 12,4 79,9 13 (0-10) 3,96 1,2 27 0,23 0,08 1,64 3 0,38 2,02 3,38 11,2 81,2 13 (10-20) 3,98 1,2 20 0,23 0,05 1,45 3 0,33 1,78 3,33 9,9 81,5 14 (0-10) 3,98 1,2 27 0,23 0,08 1,64 3,8 0,38 2,02 4,18 9,1 81,2 14 (10-20) 4,02 1,1 19 0,21 0,04 1,16 2,4 0,3 1,46 2,7 11,1 79,5 15 (0-10) 4,06 1,5 32 0,25 0,1 1,83 4,6 0,43 2,26 5,03 8,5 81 15 (10-20) 4,03 1,9 33 0,27 0,1 2,02 4,3 0,45 2,47 4,75 9,5 81,8 16 (0-10) 4,06 1,4 21 0,24 0,06 1,54 3,5 0,35 1,89 3,85 9,1 81,5 16 (10-20) 4,04 1 21 0,23 0,06 1,64 3,5 0,34 1,98 3,84 8,9 82,8

Os teores de P extraível por Melich são extremamente baixos, e ilustram a pobreza química do sistema e a dependência da biociclagem para a manutenção de biomassa florestal. R a mpa ba ixa B a ix a enc o st a cônc av a A lta e n co st a cô n ca v a To po

3.2 - Ordenação de dados de solos e vegetação

Os resultados da análise de correspondência canônica (0-10 cm) e (10-20 cm) estão apresentados nas Figuras (5 e 6) (7 e 8), e nas Tabela 3 e 4. Na tabela 5 são apresentados as escores das espécies e seus respectivos nomes abreviados.

Os autovalores para os dois primeiros eixos de ordenação canônica amostrados em solos superficiais (0-10 cm) e (10-20 cm) foram (0,367 e 0,323) e (0,356 e 0,303) com o primeiro eixo explicando 16,8% (0-10 cm) e 16,3% (10-20 cm) da variância total dos dados e o segundo 14,8% (0-10 cm) e 13,9% (10-20 cm). Como supracitado os dois primeiros eixos explicaram aproximadamente 31% (eixo 1) e 30% (eixo 2) da variância global dos dados, indicando que as variáveis florísticas utilizadas contém muito ruído (“noise”), ou seja, alta proporção de variância não explicada, o que é muito comum em dados de vegetação (TER BRAAK, 1987). Porém estes valores podem ser considerados intermediários quando comparados com estudos semelhantes realizados em Floresta Estacional Semidecidual do Sul de Minas Gerais (BOTREL et al., 2002) e da Zona da Mata Mineira (MARTINS et al., 2003), indicando a existência de um gradiente ambiental com algumas espécies restritas a determinadas parcelas ao longo do mesmo.

O teste de permutação de Monte Carlo, para os dois primeiros eixos de ordenação amostradas em solos superficiais (0-10 cm) e (10-20 cm), mostrou que as correlações entre a abundância das espécies nas parcelas e as variáveis edáficas foram significativas ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 3 – Coeficientes de correlação entre as variáveis edáficas amostradas em solos

superficiais (0-10 cm) e os dois primeiros eixos de ordenação da análise de correspondência canônica. Dados obtidos numa Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio – MG.

Variável Edáfica Eixo 1 Eixo 2

Fósforo (P) 0,515 -0,414 Potássio (K) 0,210 0,071 Cálcio (Ca) 0,566 -0,108 Magnésio (Mg) 0,66 0,129 Alumínio (Al) -0,41 0,637 Areia Grossa 0,315 -0,853 Areia Fina 0,110 -0,644 Argila -0,086 0,940

A ordenação das parcelas no primeiro e segundo eixo (Figura 5) nos solos superficiais (0-10 cm) sugere um gradiente, envolvendo aumento da fertilidade química,

redução do teor de alumínio e aumento da fração de areia, corroborando resultados de BOTREL et al., (2002) e MARTINS et al., (2003). Portanto nesse gradiente, as parcelas da Rampa baixa (parcelas 1 a 4) e algumas parcelas da Baixa encosta côncava, Alta encosta côncava e Topo (parcelas 5, 11, 13 e 14) estão correlacionadas com solo mais arenoso e siltoso e com maiores teores de Mg, Ca e P. No pólo oposto, do eixo 1, algumas parcelas das posições topográficas (Baixa encosta côncava, Alta encosta côncava e Topo) (parcelas 6, 7, 8, 9, 10, 12, 15 e 16) estão correlacionadas com solo mais argiloso, mais pobre em nutrientes e com maior teor de alumínio, corroborando com os estudos de (BOTREL et al., 2002; MARTINS et al., 2003).

A ordenação das espécies utilizando o primeiro e o segundo eixo (Figura 6) como ortogonais de amostras de solos superficiais (0-10 cm) sugere que espécies, como Machaerium brasiliense, Swartzia apetala, Lecythis lurida, Astronium fraxinifolium, Pera leandri e Pouteria torta tendem a ser mais abundantes nas parcelas do topo, com solo mais pobre, com maior teor de alumínio e mais argiloso, além de maior profundidade. Dentre essas espécies, Astronium fraxinifolium é considerada generalista, ocorrendo em várias formações florestais e no Cerrado (RIZZINI, 1963), portanto, com adaptação também para solos pobres. A espécie Xylopia sericea foi encontrada neste estudo na Alta encosta côncava assim como no trabalho de (MARTINS et al., 2003).

Este grupo de espécies adaptadas a condições edáficas mais seletivas, como elevada acidez e fertilidade muito baixa, apresenta potencial para utilização em projetos de restauração florestal em áreas degradadas, principalmente de encostas e topos de morros ocupados por pastagens degradadas (MARTINS et al., 2003).

No outro extremo do gradiente, um grupo de espécies mostrou-se correlacionado com condições ligeiramente melhores de fertilidade química e textura mais arenosa do solo, ou seja, a Rampa baixa e Baixa encosta côncava. Nesse grupo, destacam-se Pouteria venosa, Apuleia leiocarpa, Siparuna guianensis, Newtonia contorta, Licania octandra, Myrcia fallax, Miconia calvescens e Tapirira guianensis. Essas espécies têm sido amostradas com freqüência em levantamentos florísticos fitossociológicos realizados em Floresta Estacional Semidecidual, principalmente os gêneros Apuleia, Siparuna, Myrcia e Tapirira, podendo ser recomendadas para a restauração florestal nesses ambientes (BOTREL et al., 2002; LOPES et al., 2002; MARTINS et al., 2003).

Pouteria torta, Myrcia rufipes, Myrcia tijucensis e Jacaranda macrantha tendem a ser mais abundantes nas parcelas do Topo, com solo mais argiloso, maior teor de alumínio e maiores concentrações de Mg e K, além de maior profundidade.

No extremo oposto do gradiente, um outro grupo de espécies mostrou-se correlacionado com condições de melhor fertilidade química e textura mais arenosa do solo, onde, destacam-se Pouteria venosa, Apuleia leiocarpa, Acacia polyphylla, Tapirira guianensis, Miconia calvescens, Myrcia fallax, Newtonia contorta, Siparuna guianensis, Licania octandra, Xylopia aromatica, Xylopia sericea entre outras (Figura 8). Cabe ressaltar que tais espécies estão presentes nas faixas Rampa baixa, Baixa encosta côncava e Alta encosta côncava.

Já a ordenação das parcelas também no primeiro e segundo eixo (Figura 7) amostradas em solos superficiais (10-20 cm) mostra um gradiente edáfico, onde as parcelas da faixa Rampa baixa (parcelas 1 a 4) estão correlacionadas com solo mais arenoso. Nesse mesmo sentido eixo 1, as parcelas da posição topográfica Topo (parcelas 13, 14, 15 e 16), estão correlacionadas com solo mais argiloso e com maior teor de alumínio, corroborando MARTINS et al. (2003) que descreve que o teor e a saturação de alumínio aumentam significantemente da Rampa baixa para o Topo.

O conjunto de resultados obtidos mostra que as variações mesmo pouco evidentes na fertilidade química e textura do solo ao longo do gradiente topográfico podem influenciar a distribuição da vegetação arbórea nesse gradiente, principalmente entre as posições topográficas Rampa baixa e Topo, o que confirma a hipótese inicial do trabalho. Estes resultados corroboram as considerações de CLARK (2002) e MARTINS et al., (2003), sobre a relação entre fatores edáficos e vegetação, que se destaca o papel do relevo e dos fatores edáficos na determinação da distribuição das espécies.

Tabela 4 – Coeficientes de correlação entre as variáveis edáficas amostradas em solos

superficiais (10-20 cm) e os dois primeiros eixos de ordenação da análise de correspondência canônica. Dados obtidos numa Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio – MG.

Variável Edáfica Eixo 1 Eixo 2

Fósforo (P) 0,168 0,472 Potássio (K) 0,552 -0,117 Cálcio (Ca) 0,167 -0,228 Magnésio (Mg) 0,459 -0,308 Alumínio (Al) 0,586 -0,552 Areia Grossa -0,304 0,844 Areia Fina 0,108 0,762 Argila 0,496 -0,737

Figura 5 – Diagrama de ordenação das parcelas produzidos pela análise de

correspondência canônica, amostradas em solos superficiais (0-10 cm), baseada na distribuição da densidade de espécies arbóreas em 16 parcelas numa Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio – MG. As parcelas estão representadas pela numeração correspondente e as variáveis edáficas por vetores.

Figura 6 – Diagrama de ordenação das espécies produzidos pela análise de

correspondência canônica, amostradas em solos superficiais (0-10 cm), baseada na distribuição da densidade de espécies arbóreas em 16 parcelas numa Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio – MG. As espécies estão representadas pelos seus nomes abreviados (Tabela 5) e as variáveis por vetores.

Figura 7 – Diagrama de ordenação das parcelas produzidos pela análise de

correspondência canônica, amostradas em solos superficiais (10-20 cm), baseada na distribuição da densidade de espécies arbóreas em 16 parcelas numa Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio – MG. As parcelas estão representadas pela numeração correspondente e as variáveis edáficas por vetores.

Figura 8 – Diagrama de ordenação das espécies produzidos pela análise de

correspondência canônica, amostradas em solos superficiais (10-20 cm), baseada na distribuição da densidade de espécies arbóreas em 16 parcelas numa Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio – MG. As espécies estão representadas pelos seus nomes abreviados (Tabela 5) e as variáveis por vetores.

Tabela 5 – Escores das espécies arbóreas amostradas (com 5 ou mais indivíduos) em um gradiente topográfico de uma Floresta Estacional

Semidecidual Submontana, Mata do Mumbaça, Dionísio – MG, e seus respectivos nomes abreviados.

Espécies Nome abreviado Escores Eixo I

(0-10 cm) Escores Eixo II (0-10 cm) Escores Eixo I (10-20 cm) Escores Eixo II (10-20 cm)

Acacia polyphylla DC. Acac poly 2,29 0,09 1,94 2,09

Aniba firmula (Ness & C. Mart.) Mez Ani firm 0,61 0,25 0,71 0,38

Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr Apu lei 2,84 -1,04 0,99 2,41

Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. Astr frax 0,28 1,81 1,25 -1,29

Casearia arborea (Rich.) Urb. Cas arb -0,31 -0,52 -0,66 -0,19

Erythroxylum pelleterianum A. St.-Hil. Eryt pel -0,68 -0,39 -0,87 0,08

Jacaranda macrantha Cham. Jac macr -0,71 1,11 0,38 -1,71

Lacistema pubescens Mart. Lac pub -0,83 -0,32 -0,81 -0,36

Lecythis lurida (Miers) S.A. Mori Lecy lur -0,11 2,22 1,81 -1,29

Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) Lica oct -0,25 -0,91 -0,89 0,16

Machaerium brasiliense Vogel Mach brás -0,21 2,55 1,86 -1,57

Matayba elaeagnoides Radlk. Mat elae -0,19 -0,52 -1,21 -0,06

Miconia calvescens Schrank & Mart. ex DC. Mic calv -1,74 -1,21 -0,89 0,88

Miconia sellowiana Naudin Mic sell -1,26 0,22 0,11 -0,41

Miconia urophylla DC. Mic uro -0,89 -0,78 -0,39 2,15

Myrcia fallax (Rich.) DC. Myr fal -0,35 -0,88 -0,54 0,95

Myrcia rufipes DC. Myr ruf -0,44 1,44 1,03 -0,42

Myrcia tijucensis Kiaersk. Myr tij -0,86 0,95 0,56 -0,12

Newtonia contorta (DC.) Burkart New cont 0,81 -1,31 -0,41 1,21

Pera leandri Baill. Per lean 0,35 1,77 0,68 -0,97

Pouteria torta (Mart.) Radlk. Pout tor 0,88 1,03 1,26 -0,15

Pouteria venosa (Martius) Baehni Pout vê 3,65 -1,35 1,45 2,78

Siparuna guianensis Aubl. Sip guia 0,41 -0,82 -0,15 -0,11

Swartzia apetala Radii Swa ape -0,51 1,72 1,08 -1,61

Tapirira guianensis Aubl. Tap guia -0,98 -1,32 -1,18 0,97

Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Xyl aro 0,18 -0,38 -0,85 -0,54

3.3 – Análise das variáveis ambientais e Correlação de Pearson (r)

Os perfis dentro das quatro faixas identificadas no fragmento da Mata do Mumbaça Rampa baixa, Baixa encosta côncava, Alta encosta côncava e Topo, foram classificados com melhor fertilidade na Rampa baixa, Cambissolos Distróficos mais pobres na Baixa encosta côncava e Alta encosta côncava e Latossolo Amarelo Distrófico no Topo. Seus atributos químicos e físicos encontram-se na Tabela 6.

A primeira classe de solo encontrado na Rampa baixa compreende solos mais jovens e relativamente mais ricos, Cambissolos Háplicos também distróficos, onde a paisagem apresenta topografia de plana a pouco inclinada, constituindo ambientes consequentemente mais concentrados e férteis. Se avaliadas com mais cuidado as características químicas ao longo do perfil diagnóstico desta classe de solo, pode-se observar que apenas nos (30-50 cm), (50-70 cm) e (70-100 cm) é que a saturação de bases (V) apresenta valor superior a 20% (Tab. 6), caracterizando um ambiente mais rico apenas nas camadas mais profundas, sendo o material de origem naturalmente muito lixiviado.

A Baixa encosta e Alta encosta são compostas por Cambissolos Háplicos Distróficos situados nas encostas côncavas e mais íngremes, logo abaixo do Latossolo Amarelo Distrófico do Topo e a montante dos solos mais ricos da Rampa baixa. Estas faixas de Cambissolos Distróficos (Baixa encosta e Alta encosta) representam um ambiente côncavo e declivoso, intermediário entre o Latossolo Amarelo Distrófico do Topo, a montante, dos Cambissolos da Rampa baixa, pouco mais fértil, no que diz respeito à fertilidade química e conteúdo de água no solo. São áreas de intensa movimentação de massa, sendo comum colúvios espessos enterrando níveis de solos anteriores, à exemplo do descrito por (FERREIRA Jr. et al., 2007).

O Topo é associado à Latossolos Amarelos Distróficos que compreende solos acentuadamente drenados e com textura argilosa. Estes solos foram encontrados nas cotas altimétricas mais elevadas e topografia menos declivosa, caracterizando um ambiente distrófico mais rico em carbono orgânico, com elevado Al trocável nas camadas mais profundas (30-50 cm), (50-70 cm) e (70-100 cm) Tabela 6. É importante ressaltar que tanto a Rampa baixa quanto a Baixa encosta e Alta encosta formaram-se a partir de sedimentos coluviais, originários das cotas mais elevadas, ou dos saprolitos expostos pela erosão.

Na Tabela 6 podem ser observadas as principais diferenças nos atributos químicos entre as faixas de solos.

Os Cambissolos da Rampa baixa apresentaram, significativamente, os maiores teores de Ca2+ e Mg2+, apresentando em conseqüência os maiores valores de soma de bases (SB) e saturação de bases (V), além de apresentar o pH mais elevado e considerável teor de P-rem.

Na Baixa encosta e Alta encosta os Cambissolos destacaram-se por apresentar pH elevado, porém menor que nos solos da Rampa baixa, teores baixos de Ca2+ e Mg2+, o que lhe conferiu saturação de bases (V) menor que 40%, portanto distrófico, todavia seu caráter álico, graças ao baixo teor de Al trocável.

A faixa Topo (Latossolo Amarelo distrófico) caracterizou-se pela forte acidez e baixos teores de P, K e Ca2+, que lhe conferiram os menores valores de SB e V. Apresentou ainda os maiores teores de saturação por alumínio (m), conseqüência do maior valor absoluto de Al trocável, porém com teores de MO muito elevados, que complexam o Al trocável.

Em síntese, se os valores de SB e V fossem assumidos como indicadores do status nutricional dos solos, obter-se-ia um gradiente de fertilidade crescente a partir do Topo → Alta encosta côncava e Baixa encosta côncava → Rampa baixa.

A heterogeneidade do ambiente, refletida nas diferentes classes de solos encontradas, está relacionada ao gradiente geomorfológico existente na área. No topo da área, com menor declividade, encontra-se Latossolo Amarelo distrófico, que são solos mais lixiviados e empobrecidos em seu conteúdo nutricional, em função de apresentarem pedogênese mais avançada (EMBRAPA 1999), além da drenagem mais pronunciada, caracterizando um ambiente extremamente oligotrófico, ácido e rico em Al³+.

A lixiviação e a estabilidade da antiga superfície de erosão pode explicar a destruição de minerais primários facilmente intemperizáveis do Latossolo Amarelo Distrófico nas cotas mais elevadas, e conseqüente formação de argila (caulinita principalmente).

A existência de um ambiente pouco mais rico, nas áreas de rampas baixas se dá pelo acúmulo de solo coluvial mais jovem, onde o saprolito se encontra mais próximo à superfície.

De acordo com RESENDE et al. (1988), a formação de um gradiente nutricional e de conteúdo de água crescente do topo em direção à base é comum em solos de topografia íngreme. Este gradiente é resultado do efeito do relevo sobre o fator tempo na

referem aos solos mais velhos (maior tempo de exposição dos agentes intempéricos) como sendo aqueles situados nas partes mais altas com superfície suave, enquanto os solos mais jovens estão localizados nas partes mais rejuvenescidas da paisagem que são exatamente as áreas mais baixas e por vezes mais acidentadas.

Estes solos mais jovens, consoante RESENDE et al. (1988, 2002a;b) e GUERRA e CUNHA (1996), tendem a apresentar maior fertilidade natural, maior atividade da fração argila (capacidade de troca catiônica), maior quantidade de minerais primários facilmente intemperizáveis e maior teor de silte, contrariamente aos solos das altas elevações, que pela alta idade pedogenética são mais intemperizados, profundos, porosos, além da menor fertilidade natural. Estes solos mais intemperizados funcionam como um dreno muito grande de P, onde a maior parte do nutriente no solo estará adsorvida a óxidos de ferro e alumínio e matéria orgânica recalcitrante, em formas indisponíveis em curto prazo (RESENDE et al., 2002a; MCGRATH et al., 2001; NOVAIS e SMYTH 1999).

De acordo com NOVAIS e SMYTH (1999), com o aumento do grau do intemperismo, ocorrem mudanças graduais nas características do solo, no sentido de torná- lo eletropositivo, acarretando a queda da CTC efetiva, diminuição da saturação de bases,

enquanto aumenta gradualmente a retenção de ânions, como fosfato, tornando, portanto os solos ácidos, lixiviados e muito pobres em P.

As ponderações feitas anteriormente explicam os baixos teores de nutrientes observados (Tab. 6) no Latossolo Amarelo Distrófico (Topo) e, dos valores elevados de acidez potencial (H + Al) e trocável (Al), saturação por alumínio (m), além do caráter fortemente ácido (EMBRAPA, 1999). Explica também o baixo teor de P observado (Tab. 6) nas quatro classes de solo, ratificando a afirmação de RESENDE et al., (1988) de que, 65,1% dos solos tropicais são fortemente deficientes em P e outros 26,6% apresentam deficiência mediana deste nutriente. De acordo com RESENDE et al., (1988) e RAVEN et al., (2001), o requerimento de P pelas plantas é bem menor do que por nitrogênio (N) e potássio (K).

Partindo do princípio levantado por RESENDE et al., (2002b), de que na essência, as plantas precisam de radiação solar, água e nutrientes e, que estes fatores formam o triângulo ambiental básico, sendo que os demais, classe de solo, relevo, substrato geológico e etc., são coadjuvantes, devendo, portanto, ser interpretados em termos de recursos de radiação, de água e nutrientes, é possível distinguir como a heterogeneidade do meio abiótico cria condições localmente diferenciadas que vão atuar sobre a vegetação, influenciando aspectos ecológicos.

Um aspecto referente a conservação e restauração das formações florestais da Mata Atlântica, diz respeito à presença de ambientes tidos como instáveis quanto à erosão e à

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